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sábado, 10 de março de 2018

VULTOS DA HISTÓRIA RIOGRANDENSE


CORONEL TEIXEIRA NUNES
 

Joaquim Teixeira Nunes Nasceu 28 de março de 1802, em Canguçu na costa do rio Camaquã, no então curato de Canguçu, filho de Joaquim Teixeira Nunes, natural de Estreito, e de Maria Francisca de Jesus, natural da ilha do Faial, neto paterno de Silvestre Teixeira Nunes, natural da ilha de S. Jorge, e de Rosa Maria (ou Rosa do Espírito Santo), da mesma ilha, e neto materno de João Francisco de Souza de Genoveva Ignacia de Jesus, naturais da ilha do Faial. Portugal e morreu em 28 de novembro de 1844 em Pinheiro Machado.  
Joaquim T. Nunes casou, em Porto Alegre, em 4 de maio de 1823, com Felícia Maria da Silva Reis, natural de Viamão, filha do Capitão Manoel da Silva Reis e de Anna Felícia de Oliveira Pinto. Desse casamento, houve, ao que sabe, apenas uma filha, Joaquina Teixeira Nunes, nascida em 7 de janeiro de 1824, em Porto Alegre.
Assim como Vicente Ferrer de Almeida, radicou-se em Canguçu e participou da Guerra Cisplatina como alferes do Regimento de Cavalaria das Missões, onde tomou parte da Batalha do Passo do Rosário.
Foi militar revolucionário republicano durante a Revolução Farroupilha ficando conhecido como o Coronel Gavião. Conhecido por sua habilidade com lanças, Joaquim Teixeira Nunes é possivelmente de origem humilde. Esbelto e galhardo apresentava-se sempre à frente de seus comandados na ocasião do combate. Para muitos, é considerado como o Maior Herói da Guerra dos Farrapos.
"Oficial que manejava a lança com invulgar destreza, de estatura mais alta do que baixa, montando garbosamente seu cavalo, sobranceiro, seria capaz de dominar qualquer inimigo. Sua voz de comandante feria os ouvidos. Possuía invulgar espírito militar."
Durante a peleja matava por ser contingência da luta, e depois da vitória não morria um só prisioneiro.
Combateu em Rio Pardo em 1838 e em seguida, participou da expedição à Laguna, em 1839, que culminaria com a formação da República Juliana. Ali, conheceu o revolucionário italiano Giuseppe Garibaldi.
Em sua chegada em Laguna, lançou proclamação vazada nos seguintes termos:
"Irmãos catarinenses, empunhai as armas conosco e arrancai a segunda província ao diadema do segundo Pedro: Mostrai porém, que os verdadeiros livres, mesmo no afã da guerra, sabem manter a ordem, obedecer às leis e respeitar a propriedade."
Em seguida, fez chegar aos líderes catarinenses uma carta circular, de seguinte teor:
"Proclamando a Independência de Santa Catarina, não penseis que isto afetará os interesses do Brasil, do solo sagrado dos brasileiros, pois que a República Rio-grandense, conscienciosa de sua dignidade, do espírito da grande maioria dos brasileiros e da honrosa missão que lhe foi confiada, não tem tanto a peito, quanto a federação aos estados seus irmãos."
Em companhia de Garibaldi, Luigi Rossetti e Anita Garibaldi, ao retornar da malograda expedição à Laguna, derrotou em Bom Jesus a Divisão Paulista - ou da Serra - ao comando do brigadeiro Francisco Xavier da Cunha, enviada de São Paulo para lutar contra os farroupilhas. Tomou parte do indeciso combate de Taquari, no qual comandou uma brigada ligeira de cavalaria. Depois, sob o comando de Bento Gonçalves, se destacou no ataque a São José do Norte.
Foi o segundo comandante do Corpo de Lanceiros Negros, constituído de escravos libertos. Era considerando o maior lanceiro de sua época. Era também reconhecido como líder abolicionista e defensor dos direitos dos negros.
No Massacre dos Porongos, seus lanceiros negros teriam sido traídos e mortos. Foi derrotado e ferido no Arroio Chasqueiro, na Batalha de Arroio Grande, em 26 de novembro de 1844 - último combate farroupilha em território Riograndense. Impossibilitado de defender-se após ter sido seu cavalo boleado (derrubado com boleadeiras), foi lancetado pelo alferes Manduca Rodrigues, que lutava pelos imperiais comandados pelo Moringue.
Ao fim foi degolado por Eliseu de Freitas. Seu cavalo encilhado foi vendido ao cabo Mariano e o relógio, com uma grossa corrente de ouro, ao Capitão Carneiro.
A vida de Teixeira Nunes chegou ao fim na Batalha do Chasqueiro, em Arroio Grande, a cerca de 90 quilômetros de Pelotas em 26 de novembro de 1844, e sepultado em 27/11/1844, no “adro" da Capela Curada de Nossa Senhora da Graça do Arroio Grande, filial da Matriz da Vila de Jaguarão, (…)” – Livro n. 1, de óbitos de Arroio Grande –
 
 
 

quarta-feira, 7 de março de 2018

VULTOS DA HISTÓRIA RIOGRANDENSE


JOCA TAVARES



João Nunes da Silva Tavares, primeiro e único barão de Itaqui, nasceu em Herval em  24 de maio de 1818 e morreu em Bagé, em  9 de janeiro de 1906. Foi presidente do Estado do Rio Grande do Sul de 17 de junho a 4 de julho de 1892 e o responsável por iniciar uma guerra civil, que se transformaria, posteriormente, na Revolução Federalista (1893-1895). Também era conhecido por "Joca Tavares".
Membro de importante família estabelecida na Colônia do Sacramento, que teve início com João da Silva Tavares e sua mulher Natália de Jesus. Filho do visconde de Serro Alegre, João da Silva Tavares, e de Umbelina Bernarda da Assunção, e irmão do Barão de Santa Tecla.
Sentou praça em 19 de setembro de 1835, na véspera de estourar a Revolução Farroupilha, tendo acompanhado seu pai e se juntado ao lado legalista. Três dias mais tarde teve seu batismo de fogo no arroio Telho, combatendo as forças revolucionárias de Gervásio Verdum. Em seguida seguiu para Pelotas e no caminho, próximo a São Lourenço, ajudou no combate às forças do coronel Antônio Gonçalves da Silva, em 19 de outubro.
Refugiou-se no Uruguai, retornando em 1836 para tomar parte no combate do Rosário, sendo feito prisioneiro pelo coronel Corte Real.
Na Batalha do Seival é novamente preso, instado pelo farroupilhas a mudar de lado, recusa-se inclusive a permanecer neutro, motivo pelo qual é mantido preso. Mais tarde é libertado, através da intermediação do chefe uruguaio Calengo. Após um curto descanso na fazenda da família em Taquari retorna ao combate, junto à seu pai. Atacado e sitiado, perto de Arroio Grande, pelas forças de Davi Canabarro, é obrigado a capitular, sendo feito, novamente prisioneiro, com seu pai. Ambos fogem e formam uma nova brigada.
Em 1840 combate o coronel Florentino Manteiga, em 1841, comandante de guerrilha, ajuda na derrota do major Félix Vieira, e em seguida, sob o comando do coronel Serafim Inácio dos Anjos, derrota o major Quero-quero.
Mais tarde serve nas forças do general João Paulo, e depois do coronel Manuel dos Santos Moreira. Encarregado da defesa de Pelotas, ali recebe ao Barão de Caxias, nomeado presidente da província e comandante das armas. Com Tratado de Ponche Verde, termina a revolução, Joca Tavares tinha o posto de major, com 27 anos de idade e 10 de combate, tendo conquistado todas suas promoções por atos de bravura.
Quando da Guerra contra Aguirre, em 1864, se voluntaria às tropas do general João Propício Menna Barreto, participando da tomada de Paiçandu, Uruguai.
Promovido à coronel, ao iniciar a Guerra do Paraguai, no ano seguinte, organiza um corpo de voluntários para liberar Uruguaiana. Após a retomada da cidade, 18 de setembro de 1865, segue para Bagé como comandante de brigada. Incorpora-se, pouco depois, ao 3° corpo de exército, comandado pelo General Osório, com o qual marcha para o Paraguai.
Participou nos reconhecimentos de Passo-Pucu, Espinillo e da trincheira de Humaitá. Depois, em 1868 combate em Palmas, recebendo a medalha do mérito militar por sua ação no combate de 11 de dezembro. No dia 21 combate em Lomas-Valentinas, na linha Paqueceri, até o forte render-se.
Em 1869 segue para Assunção, onde aguarda a chegada do novo comandante em chefe, Conde D'Eu. Combate sucessivamente em Peribebui, Campo Grande, Picada de Caraguataí, bate em Itopitanguá as forças do coronel Caneto, vence em Loma-Uruquá ao coronel Chênes. Braço direito do visconde de Pelotas, comandava sempre a vanguarda de suas forças.
Em uma das ocasiões, ao transpor o arroio Negla, aprisiona o coronel Salinas e por ele toma conhecimento do paradeiro de Solano López, na margem esquerda do arroio Aquidaban. Após avisar seus superiores, que para lá deslocaram as tropas, chega em 28 de fevereiro de 1870 a Aquidaban. Ataca o acampamento de Solano, que morre em fuga.
Terminada a guerra foi nomeado brigadeiro honorário do Exército, em 11 de maio de 1870, recebendo também o título de barão de Itaqui e cavaleiro da Imperial Ordem do Cruzeiro, além de receber a medalha da Campanha do Paraguai, com passador de ouro.
Em 1871 foi nomeado comandante da Guarda Nacional em Bagé, tendo sido comandante da guarnição de fronteira de 1874 a 1878. Entre maio de 1886 e julho de 1889, serviu sob o comando do marechal Deodoro da Fonseca, quando pediu exoneração, no mesmo mês declarava-se republicano e renunciava ao título de barão.
Proclamada a República é nomeado comandante da guarnição de Bagé, até ser exonerado em 18 de janeiro de 1892.
Em 17 de junho de 1892, Vitorino Ribeiro Carneiro Monteiro tornou-se presidente temporário do estado do Rio Grande do Sul na sucessão ao Marechal José Antônio Correia da Câmara, enquanto aguardava a instalação de um novo presidente. No mesmo dia, Júlio de Castilhos, candidato do Partido Republicano Riograndense, (PRR) se proclamou presidente em Porto Alegre. O governo durou apenas um dia, pois, no mesmo dia, Joca Tavares, filiado ao Partido Federalista do Rio Grande do Sul também se proclamou presidente na cidade de Bagé, onde permaneceu no poder até 4 de julho de 1892.
Quando Júlio de Castilhos novamente se tornou presidente do Estado do Rio Grande do Sul em 1893 (pela terceira vez), Joca Tavares se revoltou e iniciou uma guerra civil que logo se tornaria uma revolta generalizada contra os que eram apoiados pelo governo republicano do Brasil . Este confronto ficou conhecido por Revolução Federalista, e durou até 1895, quando ele e Inocêncio Galvão assinam a paz em Pelotas.
Posteriormente seu nome foi usado para dar nome à praça Barão de Itaqui, situada entre os estações do metrô Tatuapé e Carrão, na zona leste da cidade de São Paulo.
O então Coronel João Nunes da Silva Tavares, conhecido como Joca Tavares 
(terceiro sentado, da direita para a esquerda) e seus auxiliares imediatos,
incluindo Francisco Lacerda, mais conhecido como "Chico Diabo"
(terceiro em pé, da esquerda para a direita).
 
 
 
 

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

REPONTANDO DATAS / 22 DE JANEIRO


Num dia 22 de janeiro, do ano de 1807, nascia em Rio Pardo-RS, José Joaquim de Andrade Neves, o Barão do Triunfo.

 
Filho de José Joaquim de Figueiredo Neves e Francisca Ermelinda de Andrade, aos 19 anos de idade sentou praça no 5° regimento de cavalaria. Pouco depois abandonou a carreira para ajudar o pai na fazenda da família. Casou-se com Ana Carolina de Andrade Neves com quem teve três filhos: Maria Adelaide de Andrade Neves, José Joaquim de Andrade Neves Filho e Luiz Carlos de Andrade Neves. Era avô de José Joaquim de Andrade Neves Neto.
Em 1835, quando rebentou a Revolução Farroupilha, Andrade Neves, deixou a agricultura, alistou-se, voluntariamente, no lado imperial.  Tomou parte ativa em um grande número de combates como membro da Guarda Nacional tendo se distinguido no ataque à ilha do Fanfa (no rio Jacuí), onde Bento Gonçalves da Silva foi feito prisioneiro. No combate de Taquari Andrade Neves recebeu dois ferimentos de bala, entretanto permaneceu no campo de batalha até o término da luta. Sempre com a lança em punho, à frente de seus esquadrões, serviu à causa da legalidade com inexcedível bravura, até o Tratado de Poncho Verde.
Elevado a major da Guarda Nacional em 1840 e a tenente-coronel em 1841. De alferes a tenente-coronel, conquistou todos os postos no campo de batalha, por ato de bravura. Por sua bravura foi convidado a entrar para o exército.
Carga da cavalaria do General Andrade Neves no Combate de Peru-Huê, nas proximidades do Rio Hondo, em 3 de agosto de 1867.
Após um breve período de vida, em paz, no campo, retorna às armas para lutar na Guerra contra Rosas, em 1851, reunindo um grupo de voluntários, destacando-se na batalha de Moron.
Em 1864, quando da invasão brasileira à República Oriental do Uruguai, para defender a vida e os interesses brasileiros, o já General Andrade Neves ia à frente da 3ª Brigada de Cavalaria. Por ocasião do Sítio de Montevidéu, foi ele designado para atacar a fortaleza do Cerro. A 3ª Brigada avança e a guarnição iça a bandeira branca nas ameias da muralha.Terminada a campanha no Uruguai, pelo tratado de 20 de fevereiro de 1865, o exército imperial marcha a caminho do Paraguai. Penetrou no território do Paraguai em 1867. Na batalha de Tuiucué, em 16 de julho de 1867, suas divisões tomam a trincheira de Punta Carapá, arrastando os paraguaios em derrota até Humaitá. Em 3 de agosto derrota setecentos cavaleiros em Arroio Hondo.
O barão do Triunfo na passagem do Rio Surubi-hi (26 de Setembro de 1868), durante a Guerra do Paraguai.
Em 20 de setembro toma a vila de Pilar, em 3 de outubro defende a posição de São Solano, em 21 de outubro ataca quatro regimentos de cavalaria paraguaias e os derrota. Sua divisão era apelidada pelos paraguaios de caballeria loca de cuenta (cavalaria louca varrida). Por causa desta vitória foi nomeado barão do Triunfo, em 19 de outubro de 1867.
A partir de 1868 fez diversos reconhecimentos para ajudar na Passagem de Humaitá, ao mesmo tempo tomava Estabelecimiento da fortaleza, defendida por quinze canhões, apoiada por dois navios com artilharia, além de dois fossos e bocas de lobo. Sob pesadas perdas, foi ferido e teve seu cavalo morto, mandou desmontar sua tropa de cavalaria e atacou a fortaleza até tomá-la. Participou da Batalha de Avaí. Comandou as tropas que atacaram Lomas Valentinas pela esquerda, conseguindo levá-las ao interior da posição fortificada, porém em meio da posição, uma bala veio produzir-lhe grave ferimento no pé. Levado à Assunção foi recolhido ao palácio tomado de Solano López. Nos delírios da febre que o devorava, sob aquele clima de fogo, conta a lenda que o bravo general, como se naquele trágico momento o animasse uma alma espartana, julgava-se ainda à frente dos seus esquadrões e atirando as cobertas, brandava: "Camaradas!... mais uma carga!" José Joaquim de Andrade Neves faleceu no palácio em 6 de janeiro de 1869. 
 

quinta-feira, 21 de julho de 2016

LEGENDAS DO RIO GRANDE



Nós temos ao nosso redor verdadeiras legendas artísticas do Rio Grande do Sul que passaram sua vida profissional cantando as coisas do chão gaúcho. Muitas destas relíquias humanas já dobraram o cabo dos setenta anos e continuam em atividade, da forma que o fizeram por toda a vida.
 
Para não cometer o pecado do esquecimento não vamos relacionar todos estes baluartes que merecem o nosso abraço, o nosso apreço e o nosso respeito mas como não lembrar de nomes como Adelar Bertussi, Telmo de Lima Freitas, Paulinho Pires, Glênio Fagundes, Pedro Ortaça, Gildinho, Bruno Neher, Gaúcho da Fronteira, Nelson Cardoso, Adair de Freitas e tantos outros.
 
Ainda na semana passada estive falando com dois destes brazões rio-grandenses. Paixão Côrtes e Albino Manique. É o tipo de prosa que te enche de satisfação e de aprendizado. É um momento de tietagem, de bater uns retratos, de reafirmar nossa admiração. Sobre Paixão Côrtes, já me reportei aqui e sobre Albino (77 anos) me reporto agora: O gaiteiro de melhor mão esquerda que conheço (que utiliza os baixos do acordeom) junto com o seu grupo Os Mirins, sábado passado, tocou um baile em nossa terra, São Francisco de Paula, mais especificamente no CTG Rodeio Serrano.

Me falaram que, devido a enfermidades, Albino não estava mais tocando. Em muitos casos nem acompanhava o grupo. Pois não foi o que vimos.

Talvez pela energia emanada de sua gente, de seus amigos, de seu torrão natal, o gaiteiro velho abriu o foles no início do fandango e quando saí de lá, por volta das duas da madrugada, rengo de tanto dançar, continuava firme como moirão.

Este tipo de pessoas, nós, cultores das tradições gaúchas, temos reverenciar, exaltar, pois são as verdadeiras Legendas do Rio Grande.


       

quarta-feira, 25 de maio de 2016

REPONTANDO DATAS / 25 MAIO



NASCE O GENERAL FARRAPO ANTONIO DE SOUSA NETTO
 

Antônio de Sousa Netto nasceu em Rio Grande em 25 de maio de 1803 e morreu em Corrientes em 2 de julho de 1866.
Veio ao mundo na estância paterna, em Capão Seco (Rio Grande), no distrito de Povo Novo; lá é lembrado pelo CTG General Netto (de Povo Novo). Era filho de José de Sousa Neto, natural de Estreito (São José do Norte), e de Teutônia Bueno, natural de Vacaria. Por parte de pai, era neto de Francisco Sousa, natural de Colônia do Sacramento. Descendia, pelo lado materno, do português João Ramalho, que vivia em São Paulo antes do povoamento e que casou com a índia Bartira (Isabel), filha do cacique Tibiriçá.
Era coronel comandante de legião da Guarda Nacional de Bagé, quando começou a Revolução Farroupilha. Organizou, junto com José Neto, Pedro Marques e Ismael Soares da Silva, o corpo de cavalaria farroupilha. Era o general da primeira brigada do exército liberal republicano.
Em 1º de junho de 1836, participou do ataque a Rio Grande sem sucesso. Após a Batalha do Seival, proclamou a República Rio-Grandense, no Campo dos Menezes, a 11 de setembro de 1836. Lutou em diversas batalhas pelos republicanos, tendo comandado o cerco a Porto Alegre, durante vários meses, e a retomada de Rio Pardo, que estava nas mãos dos imperiais.
Em 7 de janeiro de 1837, travou o combate do Candiota, em que foi derrotado por Bento Manuel, mas já no dia 12 de janeiro, em Triunfo, vencia as tropas do coronel Gabriel Gomes, que morreu em combate.
Em abril de 1837 comandou a conquista de Caçapava, recebendo a adesão dos novecentos homens da guarnição imperial ali comandada por João Crisóstomo da Silva, apoderando-se de quinze peças de artilharia, quatro mil armas de infantaria e farta munição de boca e de guerra. Esses recursos possibilitaram a subsequente conquista de Rio Pardo, a 30 do mesmo mês, levando a que o comandante militar da Província, marechal Barreto, respondesse a um Conselho de Guerra.
Em Rio Pardo, em 30 de abril de 1838, junto a Davi Canabarro, Bento Manuel e João Antônio da Silveira, derrotou os legalistas, comandados por Sebastião Barreto Pereira Pinto e os brigadeiros Francisco Xavier da Cunha e Bonifácio Calderón. Em 18 de junho de 1840, acampado perto do Arroio Velhaco, foi atacado de surpresa por Francisco Pedro de Abreu e perdeu diversos homens, inclusive o coronel José de Almeida Corte Real, um dos melhores oficiais farroupilhas.
Abolicionista ferrenho, foi morar no Uruguai após a guerra, com os negros que o acompanharam por livre vontade e onde continuou com a criação de gado.
Retornou à luta em 1851, na Guerra contra Rosas, com sua cavalaria na brigada de Voluntários Rio-Grandenses, organizada inteiramente à sua custa, o que lhe valeu a promoção a brigadeiro Honorário do exército, e a transformação de sua brigada em Brigada de Cavalaria Ligeira.
Voltou ao combate na Guerra contra Aguirre e depois, juntamente com seu exército pessoal, na Guerra do Paraguai. No comando em brigada ligeira fez a vanguarda de Osório na invasão do Paraguai, no Passo da Pátria, em 16 de abril de 1866. Sua brigada ostentava sempre, ao lado da bandeira do Brasil Imperial, o pavilhão tricolor da República Rio-Grandense. Na batalha de Tuiuti, foi importante na defesa do flanco da tropa brasileiro, mas foi ferido a bala e mandado para um hospital em Corrientes, Argentina, onde morreu e foi inicialmente sepultado. Em 1966, no centenário de sua morte, seu corpo foi exumado e transferido para um mausoléu em Bagé.


segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

COMO MORREU VICENTE DA FONTOURA,


O EMBAIXADOR DA PAZ FARROUPILHA?


Num dia 25 de fevereiro de 1845,  portanto há 168 anos, chega da Corte (Rio de Janeiro) a Delegação Farroupilha, presidida pelo cachoeirense Antônio Vicente da Fontoura, o embaixador da paz, trazendo as Concessões do Tratado de Paz de Ponche Verde

Há 152 anos, em 20 de outubro de 1860, Cachoeira do Sul perdia uma de suas figuras mais ilustres, o comendador Antônio Vicente da Fontoura. Reconhecido pelos títulos que acumulou ao longo dos seus 53 anos de vida e como Embaixador da Paz, Vicente da Fontoura entrou para a história ao atuar ativamente nas negociações e na assinatura da Paz de Ponche Verde, em 1845, documento que colocou um ponto final na Revolução Farroupilha.

Seu assassinato se tornou uma história que desperta curiosidade por envolver brigas políticas, homens renomados, antigos amigos e traição.

Em 2010, a equipe do Arquivo Histórico de Cachoeira do Sul, em visita ao Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro, localizou o processo criminal de 650 páginas com a investigação da morte de Antônio Vicente da Fontoura. Apesar de apresentar imagens bastante escuras, ele permite descobrir detalhes da investigação. Segundo a diretora do Arquivo Histórico, Ione Sanmartin Carlos, entre os fatos relatados no processo está a bengalada que Vicente Fernandes de Siqueira desferiu contra Vicente da Fontoura para lhe distrair, a fim de que então Manoel Pequeno pudesse lhe dar as três facadas que lhe tiraram a vida.

Todo cachoeirense já entrou na Catedral Nossa Senhora da Conceição, um prédio construído em 1779. Porém, nem todos sabem que a igreja, hoje sede da Diocese de Cachoeira do Sul, já foi palco de um crime que chocou a então Província de São Pedro do Rio Grande do Sul, hoje, o estado do Rio Grande do Sul. Foi dentro da Catedral, em 8 de setembro de 1860, que o comendador Antônio Vicente da Fontoura recebeu a bengalada e as três facadas que lhe tirariam a vida 42 dias depois, em 20 de outubro de 1860.

Sem os recursos da medicina de hoje em dia para curar os ferimentos, Vicente da Fontoura não resistiu a uma infecção. O clima eleitoral do dia 7 e 8 de setembro de 1860 para escolher os novos vereadores e juiz de paz (eleição que aconteceu dentro da igreja) não era nem um pouco amistoso. De um lado estava o partido Luzia (liberais) liderado por Vicente da Fontoura e o coronel José Gomes Portinho. Do outro, o Saquarema (conservadores) tendo como principais figuras os coronéis Hilário Pereira Fortes e Felisberto de Carvalho Ourique (que antes era seu amigo e compadre e, inclusive, lutou ao lado de Antônio Vicente, na Revolução Farroupilha).

Como o prestígio de Vicente da Fontoura e Portinho era muito maior do que o dos demais, a vitória do partido Luzia era dada como certa. Premeditar a morte de Vicente da Fontoura era a forma de estabelecer o terror e o pânico entre os adversários.

Há relatos que apontam que Manoel Pequeno não queria cometer o crime. Ao ser chamado para atacar Antônio Vicente da Fontoura ele teria dito que “nestes tipos de assunto, o fim para os escravos era a morte ou o mato”. De fato, Manoel Pequeno chegou a fugir para o mato, mas acabou sendo capturado e condenado.

A ordem do assassinato foi dada ao escravo liberto Manoel Pequeno, que tinha pertencido a Hilário Pereira Fortes, o Barão de Viamão. A liberdade de Manoel Pequeno era, em partes, devida ao próprio Vicente da Fontoura, que chegou a dar dinheiro para sua libertação. Em meio a um tumulto causado pela identificação de um votante, Vicente Fernandes de Siqueira aproveitou para dar uma bengalada em Vicente da Fontoura e lhe distrair para que Manoel Pequeno pudesse lhe dar as três facadas que atingiram seu ventre.

Em meio ao novo tumulto que se formou, Portinho subiu em uma cadeira e pediu ordem e calma aos seus companheiros de partido que queriam vingar a morte do chefe e amigo. Neste momento, se ouviu um tiro e logo depois o segundo e o terceiro. Dois atingiram a parede na direção em que estava Portinho e um pegou em sua farda, mas não o feriu.

Segundo documento do Museu Municipal de Cachoeira do Sul, indignado, ele pegou a espada e partiu para cima de Hilário Pereira Fortes, colocando a ponta dela em seu peito. Apavorado, Pereira Fortes teria pedido para que não o matasse, pois era chefe de família. Ao retirar a espada de seu peito, Portinho teria dito “Não te mato porque não sou assassino como tu”. Sabia-se na época que, apesar de liberto, Manoel Pequeno continuava morando nas terras de Pereira Fortes, o que mostrava que eles ainda tinham ligação.

Os crimes ocorridos na Catedral resultaram em apenas uma punição, que foi a de Manoel Pequeno, condenado à morte por enforcamento. Não se sabe onde foi a sua execução, mas normalmente elas aconteciam em praça pública. Os demais coronéis (Hilário Pereira Fortes, Felisberto de Carvalho Ourique, José Pereira da Silva Goulart e Vicente Fernandes de Siqueira), todos os membros da elite local, apesar de terem sido presos, apresentaram defesa por escrito e foram despronunciados.

Enquanto estiveram presos, os senhores receberam várias manifestações de apoio de amigos. Na época, se a aplicação da justiça não fosse efetiva, era pelo menos teatralizada. Não era comum encontrar membros da elite econômica e política ingressando como réus nas cadeias públicas, mas era preciso dar uma explicação ao presidente da província, na época Joaquim Antão Fernandes Leão, que mesmo sendo conservador, teve que levar os senhores por um tempo para a cadeia.


domingo, 16 de dezembro de 2012

QUEM FOI JOSE GERVASIO ARTIGAS?

Monumento a Artigas, no centro de Montevidéu - Foto: Léo RS

José Gervasio Artigas nasceu em Montevidéu, em 19 de junho de 1764 e morreu em Ibiray em 23 de setembro de 1850. É considerado o herói nacional do Uruguai.

Filho do capitão de milícias Martin José Artigas e de Antônia Pascual, Artigas era o terceiro filho dos seis que teve o casal.

Estudou no Colégio dos Padres Franciscanos e no Convento de São Bernardino em Montevidéu, sendo depois mandado pelo pai para o interior, onde passou a juventude entre gaúchos, índios e tropeiros. Dedicou-se ao comércio de couro e gado, percorrendo todo o Uruguai e adquirindo influência junto à população rural.

Em 1797 ingressou no Regimento de Lanceiros como tenente. Durante a guerra hispano-portuguesa, combateu os ingleses no Prata, aliados dos portugueses. Nessa época iniciou-se o movimento de libertação das colônias espanholas e Artigas juntou-se aos insurretos, sendo nomeado tenente-coronel pela junta de Buenos Aires.

Em 1803 foi nomeado “Guardia Geral de la Campaña”. No mesmo ano casou-se com sua prima, Rafaela Villagran, com quem teve um filho de nome José Maria.

Seu espírito revolucionário inicia-se em 1810 quando passa a defender o ideário da Revolução Americana, em especial, a dos “Orientais” (habitantes da margem oriental do Rio Uruguai). Neste ano, também, inicia-se, no interior do país (na campanha) o movimento liberal contra o Governo Hispânico Conservador instalado em Montevidéu.

A Revolução Oriental começa em 28 de fevereiro de 1811 com o chamado “Grito de Ascênsio”.

 Também, em 1811, Artigas comandou as tropas que derrotaram os espanhóis na Batalha de San José, obrigando o chefe da guarnição espanhola a retirar-se com suas tropas para Montevidéu. Derrotou novamente os espanhóis na Batalha de Las Piedras e sitiou a cidade.

Na assembléia da “Quinta da la Paraguaya”, no dia 10 de outubro de 1811 o povo armado elege Artigas como General em Chefe dos Orientais. Neste período de 1811 a 1812, sobe o comando de Artigas, avança a chamada constituição da nacionalidade oriental e o surgimento do Uruguai como a pátria dos orientais.

No dia 5 de abril de 1813 realizou-se o Congresso de Abril em Três Cruzes de onde saíram as “Instruções do Ano XIII”. Estas instruções sintetizam o pensamento político de Artigas e dos orientais. Nelas temos três idéias principais: 1) Independência dos Territórios do Rio do Prata; 2) Governo Republicano;e 3) Confederação das Províncias baixo um governo supremo.

De 1815 a 1817 a influência de Artigas era tão grande que sobe sua liderança forma-se a “Liga Federal”. Ela contava com seis províncias que aclamaram Artigas: "o protetor dos povos livres".

Em Paysandu, sede do seu Quartel General, Artigas dirigiu a Província Oriental Autônoma e iniciou a criação do sistema republicano uruguaio.

Após as resoluções do Congresso de Tucumán, Artigas uma vez mais entrou em guerra contra o exército luso-brasileiro que invadira a Banda Oriental (cabe notar que na época o Brasil era colônia portuguesa). Derrotado na Batalha de Catalán, em 1817, Artigas iniciou movimentos de guerrilha que duraram três anos. Não podendo mais resistir, asilou-se no Paraguai, onde morreu trinta anos depois, sem haver retornado a seu país.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

QUEM FOI CRISTÓVÃO PEREIRA DE ABREU?

Farol Cristóvão Pereira de Abreu, construído em 1886 
na Lagoa dos Patos, em homenagem ao tropeiro

   Este ilustre desconhecido para a maioria dos gaúchos, mesmo para aqueles que conhecem o monumental farol que leva seu nome, era um coronel das forças imperiais, a serviço do vice-rei.

Foi considerado o Primeiro Tropeiro do Rio Grande.

    Quando as forças imperiais decidiram levantar um forte na barra do Rio Grande de São Pedro, armaram uma pequena frota a mando do brigadeiro José da Silva Pais. Esta ficou aguardando em Santo Antônio dos Anjos de Laguna, que uma força por terra fizesse o reconhecimento da barra.   Esta tarefa coube ao coronel Cristóvão Pereira de Abreu, que era "vaqueano" daquelas paragens, pois seguido efetuava por terra a viagem desde Laguna a Colônia de Sacramento. Após efetuar o levantamento da barra, fazer uma "carta" da mesma e duas atalaias, enviou um "próprio" a Laguna, por terra, levando as informações a Silva Pais. No dia 19 de fevereiro de 1.737, a frota adentrou a famigerada barra sem maiores dificuldades.

A frota:
Nau capitã : Leão Dourado - galera
Bicha Cadela - bergantin
N.S.da Conceição - balandra
Bonita - galera

     Cristóvão Pereira de Abreu, seguidamente trazia muares de Sacramento, no fim do Ciclo da Prata, para repassá-los em Sorocaba. Numa destas viagens resolveu cortar caminhos e, de Palmares, subiu a Serra Geral, indo ter na região que hoje é São Francisco de Paula. Vários povoamentos surgiram, então devido a esta novo rota dos tropeiros.
  
    Simão Pereira de Sá, cronista dos primeiros tempos do nosso Rio Grande, deu-nos esta transcrição de um relato do feito"...não foi menos útil para guia dos navegantes levantar nos pontais da barra dois madeiros de extrema ordinária grandeza com cata-ventos nos remates para conhecimento dos rumos e facilitar com estas balizas o perigoso e cotidiano ingresso das embarcações ligeiras..."

    Ergueram então o forte Jesus Maria José, na margem direita, atual cidade de Rio Grande. Cristóvão Pereira andava por aqui desde 1.731, levando gado "alçado" para Curitiba, para as forças imperiais. Escreveu alguns "roteiros" do trajeto, conhecidos na época como "práticas". A tática para cruzar a barra do Rio Grande era embarcar o "sinuelo" numa jangada e forçar o resto da tropa a segui-lo.

    Cristóvão requereu e ganhou a sesmaria da área que ficou conhecida como Rincão do Cristóvão Pereira, que é basicamente a ponta aonde se localiza o farol, estabeleceu uma estância de criação de gado (bovino, cavalar e muar) com intuito de fornecer ao império. Daí o nome de Lagoa do Rincão. Quando a marinha resolveu erigir os faróis da Lagoa, batizou-os com o nome do local aonde foram erguidos: Itapuâ, Cristóvão Pereira, Bujuru e Estreito. Capão da Marca foi construído mais tarde.  Desta forma indireta ficou registrado para a posteridade o nome deste pioneiro do Rio Grande, muito pouco conhecido dos gaúchos. 


quinta-feira, 8 de novembro de 2012

QUEM FOI ZECA NETTO?

Zeca Netto e Simões Lopes Filho

Nasceu em Jaguarão na sede da estância da família (Rincão dos Netto) no dia 24 de junho de 1854. Filho de Florisbelo de Souza Netto e Raphaela de Mattos Netto, era trineto de Dionísio Rodrigues Mendes por parte de mãe e também tinha como ancestral, Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhangüera.

Ele trazia em suas raízes genealógicas sangue dos primeiros desbravadores e colonizadores do Brasil. Dioníso e Jerônimo de Ornelas são considerados os dois primeiros sesmarianos do Rio Grande do Sul.

Aos 12 anos, já em Porto Alegre, estudava no Colégio Fernando Ferreira Gomes, onde se encantou com a história romana e seus feitos militares.

Com 18 anos foi morar no Rio de Janeiro, onde ingressou na Escola de Engenharia do Exército, ficando lá por um ano. Depois voltou para retomar os negócios da família na República Oriental Del Uruguay.

Antevendo a queda do império, retorna ao Rio Grande do Sul e alinha-se às ações dos republicanos. Em 1892 é nomeado delegado de polícia em Camaquã onde depois de 4 meses recebe a patente de Tenente Coronel do Estado Maior da Guarda Nacional.

Na Revolução Federalista de 1893, teve forte atuação na região sudoeste do estado, atritado ambiente político do RS devido à constituição estadual extremamente positivista e concentradora de poderes no executivo, e a forma de Estado do Brasil, o qual, apesar de nominalmente federalista, portava-se como se unitário fosse. Os maragatos, então, pegaram em armas contra os pica-paus.

Irrompe a revolução de 1923, Netto alia-se ao movimento sendo o primeiro chefe a levantar-se em armas no sul rompendo-se do PRR - Partido Republicano Riograndense. Foi um dos maiores líderes maragatos.

Em 1924 se exilou no Uruguai, regressando em 1930; inicia a reconstrução de seus bens, depredados em sua ausência.

Em 1908, Netto, como homem metódico e empreendedor, mandou vir da Itália algumas famílias da região arrozeira daquele país, a fim de iniciar seus empreedimentos de forma racional. Com a experiência da agricultura do velho mundo, implantou a orizicultura sob a forma de parceria nas estâncias Galpões, Coxilha, Barra Grande e Granja Netto.

Zeca Netto usou os maiores Cabos-de-Guerra do mundo ocidental como fontes de inspiração para seus feitos militares. Dentre eles estão César, Alexandre, o Grande, e Napoleão Bonaparte.

Zeca Netto, ao centro, sentado, e seu alto comando

Sua fama logo após a revolução de 1923 era cantanda nos galpões.

"Lá de trás daquele cerro
passa boi, passa boiada!
Também passa o Zeca Netto
no seu cavalo tordilho
com o toso a cogotilho
repontando a chimangada
como tropa de novilho."

Às sete horas do dia 22 de maio de 1948, na sede da Estância da Chacrá, impropriamente chamada de Forte Zeca Netto, faleceu aos noventa e quatro anos e foi sepultado no cemitério São João Batista em Camaquã, RS, onde repousa até hoje no mausoléu que mandara fazer em memória de sua filha que falecera anos antes, Anna Theotonia. O seu passamento teve repercução nacional.

Seu maior feito foi militar; a tomada de Pelotas pelas forças maragatas em 29 de outubro de 1923.

Zeca Netto, sem chapéu, entrando em Pelotas com as tropas maragatas em 29 de outubro de 1923 

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

30/08/1821 - NASCE A HEROINA "GAÚCHA"!

 Anita Garibaldi.

Ana Maria de Jesus Ribeiro, mais conhecida como Anita Garibaldi (Laguna, 30 de agosto de 1821 — Mandriole, Itália, 4 de agosto de 1849) foi a companheira do revolucionário Giuseppe Garibaldi, sendo conhecida como a "Heroína dos Dois Mundos".

Alguns estudiosos alegam que Anita Garibaldi teria nascido em Lages, que na cúria metropolitana daquela cidade estaria o registro dos irmãos mais velho e mais novo dela, e que teria sido retirada do livro a folha do registro de Ana Maria de Jesus Ribeiro. Em 1998, entidades representativas da sociedade civil de Laguna promoveram uma ação judicial para obter o registro de nascimento tardio de Anita Garibaldi. A ação tramitou na primeira vara da comarca de Laguna, sendo instruída com diversos documentos que comprovariam que Anita nasceu no município de Laguna.

Descendente de portugueses imigrados dos Açores à província de Santa Catarina no século XVIII, provinha de uma família modesta. O pai Bento era comerciante em Lages e casou-se com Maria Antônia de Jesus. Anita era a terceira de 10 filhos (6 meninas e 4 meninos).

Após a morte do pai e o casamento da irmã mais velha, Anita cedo teve que ajudar no sustento familiar e, por insistência materna, casou-se, em 30 de agosto de 1835, aos 14 anos, com Manuel Duarte de Aguiar , na Igreja Matriz Santo Antônio dos Anjos da Laguna. Depois de somente três anos de matrimônio, o marido alistou-se no exército imperial, abandonando a jovem esposa.

Anita tinha 18 anos quando encontrou-se com Giuseppe Garibaldi. Ele tinha 32 anos. Garibaldi tomava parte das tropas farroupilhas de Davi Canabarro, em julho de 1839, que chegaram para tomar Laguna e formar a República Juliana.

Ao chegar a Laguna, a bordo da embarcação "Itaparica", tomada do inimigo e armada com sete canhões, Garibaldi observava com uma luneta as casas da barra de Laguna. Observou então, em um grupo de moças que passeava, uma jovem cujo rosto conquistou sua imaginação e seu coração. Providenciou um barco, foi até a margem e depois até o local onde a tinha visto, porém não a encontrou.

Tinha perdido a esperança de encontrá-la, quando um habitante local o convidou a ir a sua casa para um café. Garibaldi aceitou e na casa encontrou a jovem que procurava. Assim Garibaldi relata o encontro em suas memórias: "Entramos, e a primeira pessoa que se aproximou era aquela cujo aspecto me tinha feito desembarcar. Era Anita! A mãe de meus filhos! A companhia de minha vida, na boa e na má fortuna. A mulher cuja coragem desejei tantas vezes. Ficamos ambos estáticos e silenciosos, olhando-se reciprocamente, como duas pessoas que não se vissem pela primeira vez e que buscam na aproximação alguma coisa como uma reminescência. A saudei finalmente e lhe disse: 'Tu deves ser minha!'. Eu falava pouco o português, e articulei as provocantes palavras em italiano. Contudo fui magnético na minha insolência. Havia atado um nó, decretado uma sentença que somente a morte poderia desfazer. Eu tinha encontrado um tesouro proibido, mas um tesouro de grande valor."

Em 20 de outubro de 1839, Anita decide seguir Garibaldi, subindo a bordo de seu navio para uma expedição militar.

Em Imbituba recebeu o batismo de fogo, quando a expedição corsária foi atacada pela marinha imperial do Brasil. Dias depois, em 15 de novembro, Anita confirma sua coragem sem fim e seu amor heroico a Garibaldi na famosa batalha naval de Laguna, contra Frederico Mariath, na qual se expõe a grande risco de morte, atravessando uma dúzia de vezes a bordo da pequena lancha de combate para trazer munições em meio a uma verdadeira carnificina.

Em 12 de janeiro de 1840, Anita participou da batalha de Curitibanos, na qual foi feita prisioneira. Durante a batalha, Anita provia o abastecimento de munições aos soldados. O comandante do exército imperial, admirado de seu temperamento indômito, deixou-se convencer a deixá-la procurar o cadáver do marido, supostamente morto na batalha. Em um instante de distração dos guardas, tomou um cavalo e fugiu. Após atravessar a nado com o cavalo o rio Canoas, chegou ao Rio Grande do Sul, e encontrou-se com Garibaldi em Vacaria, oito dias depois.

Em 16 de setembro de 1840, nasceu no estado do Rio Grande do Sul, na então vila e atual cidade de Mostardas o primeiro filho do casal, que recebeu o nome de Menotti Garibaldi, em homenagem ao patriota italiano Ciro Menotti. Doze dias depois, o exército imperial, comandado por Pedro de Abren, cercou a casa para prender o casal, e Anita fugiu a cavalo com o recém-nascido nos braços e alcançou um bosque aos arredores da cidade, onde ficou escondido por quatro dias, até que Garibaldi a encontrou.

Em 1841, quando a situação militar da República Riograndense tornou-se insustentável, Garibaldi solicitou e obteve do general Bento Gonçalves a permissão para deixar o exército republicano. Anita, Giuseppe e Menotti mudaram-se para Montevidéu, no Uruguai, receberam um rebanho de 900 cabeças de gado, das quais, depois de 600km de marcha, 300 chegaram a Montevidéu, em junho de 1841.

No Uruguai, em 1842, dois anos e meio após seu encontro, o casal legalizou sua união, na igreja de São Francisco de Assis, em Montevidéu. A certidão de casamento era exigida pela constituição do Uruguai a quem aspirava cargos públicos. Garibaldi foi indicado comandante da pequena frota uruguaia, que combatia a potente esquadra naval argentina, comandada pela almirante William Brown.

No Uruguai nasceram os outros três filhos do casal: Rosa (1843), Teresa (1845) e Ricciotti Garibaldi (1847). Rosa faleceu aos dois anos de idade por asfixia, por causa de uma infecção na garganta, o que fez Anita e Garibaldi sofrerem muito.

Em 1847, Anita foi para a Itália com os três filhos e encontrou-se com a mãe de Garibaldi. Elas depois viajaram para a cidade de Nizza, (atual Nice, na França), onde ficaram morando. O próprio Garibaldi reuniu-se a eles alguns meses depois, quando voltaram a Itália. Os filhos de Anita e Garibaldi ficaram na França com a mãe dele.

Em 9 de fevereiro de 1849, presenciou com o marido a proclamação da República Romana, mas a invasão franco-austríaca de Roma, depois da batalha no Janículo, obrigou-os a abandonar a cidade. Com 3 900 soldados (800 deles a cavalo), Garibaldi deixou Roma. Em sua perseguição saíram três exércitos (franceses, espanhóis e napolitanos) com quarenta mil soldados. Ao norte lhes esperava o exército austríaco, com quinze mil soldados. Anita e o marido tinham que enfrentar a guerra e lutar para salvar o território italiano. Mesmo grávida do 5º filho, ela enfrentou tudo até o fim.

Anita, no final da gravidez, tentou não ser um peso para o marido, querendo deixá-lo despreocupado para lutar sozinho na guerra, em que ela poderia ir morar com a mãe dele, como seus filhos moravam, mas suas condições de saúde pioraram quando atingiram a República de San Marino. Ela e Garibaldi decidiram não aceitar o salvo-conduto oferecido pelo embaixador americano e continuaram a fuga, pois não teriam como lutar contra milhões de soldados e se fossem presos, morreriam na cadeia. Com febre e perseguida pelo exército austríaco, foi transportada às pressas à fazenda Guiccioli, próximo a Ravenna, onde morreu no parto junto com a criança, em 4 de agosto de 1849, para desespero de Garibaldi.

Caçado pelos austríacos, sem nem sequer poder acompanhar o sepultamento da esposa, Garibaldi saiu outra vez para o exílio e nos dez anos em que esteve fora da Itália, os restos mortais de Anita foram exumados por sete vezes. Por vontade do marido, seu corpo foi transferido a Nice. Em 1932, seu corpo foi finalmente sepultado no monumento construído em sua homenagem no Janículo, em Roma.

Considerada, no Brasil e na Itália, um exemplo de dedicação e coragem, Anita foi homenageada pelos brasileiros com a designação de dois municípios, ambos no estado de Santa Catarina: Anita Garibaldi e Anitápolis. Muitas cidades brasileiras possuem também ruas e avenidas com seu nome, como a avenida Anita Garibaldi, em Salvador, Bahia. Em abril de 2012 foi sancionada a Lei 12.615 que determinou que seu nome fosse inscrito no Livro dos Heróis da Pátria, depositado no Panteão da Liberdade e da Democracia, em Brasília.


Túmulo de Anita, no Janículo em Roma. O escultor Rutelli retratou a fuga de Mostardas nesse monumento.


domingo, 15 de julho de 2012

QUEM FOI CABO TOCO?

No flagrante acima um raro registro de Olmira Leal Oliveira, Cabo Toco, recebendo homenagem da turma de PMs Femininas

"Cabo Toco" foi a primeira mulher gaúcha a ostentar a farda da Brigada Militar. Olmira Leal de Oliveira nasceu em Caçapava do Sul, RS, em 18 de junho de 1902. Foi recrutada aos 21 anos de idade, para servir como enfermeira durante o movimento armado de 1923, quando Borges de Medeiros lutava pela legitimidade de sua reeleição ao governo do Estado. Olmira lutou ainda, nos movimentos revolucionários seguintes (1924 e 1926). 

Olmira Leal oliveira ficou conhecida como Cabo Toco graças à sua participação nas tropas da Brigada Militar durante a Revolução Federalista, enfrentando ninguém menos que o General Zeca Neto.

Na década de 1920, integrou as fileiras da Brigada Militar, como combatente e enfermeira do 1.º Regimento de Cavalaria, hoje 1.º Regimento de Polícia Montada, sediado em Santa Maria. Participou dos movimentos revolucionários de 1923, 1924 e 1926. Incorporou em 1923 e só deixou a Brigada em 1932.

Ela também é patrona da primeira turma de PMs femininas do Estado. Ijuí também homenageou-a dando o seu nome a uma rua da cidade, bem como ao CTG do 9.º Batalhão da Polícia Militar da mesma cidade.

Mesmo tendo sido considerada heroína, Olmira Leal de Oliveira só conseguiu receber um soldo do Governo do Estado depois que Nilo Brum e Heleno Gimenez, em 1987, venceram a V Vigília do Canto Gaúcho com uma composição em sua homenagem interpretada por Fátima Gimenez.

Recebia, quando faleceu em 21 de outubro de 1989, aos 87 anos, morando em um pequeno casebre em Cachoeira do Sul, a pensão vitalícia especial, correspondente ao cargo de 2.º sargento da Brigada Militar concedida havia dez anos.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

VOLTEANDO DATAS - NASCE GARIBALDI

O HERÓI DE DOIS MUNDOS

Giuseppe Garibaldi nasceu em 04 de julho de 1807 em Nice, que na época era parte do departamento francês dos Alpes Marítimos. Foi batizado em 29 de julho de 1807, na igreja de San Martino di Acri e registrado como cidadão francês, com o nome de Joseph Marie Garibaldi.

Giuseppe era o segundo de seis filhos: Angelo, seu irmão mais velho, foi cônsul nos Estados Unidos; Michele foi capitão na marinha; Felice representante de uma companhia de navegação; Elisabetta e Maria Teresa morreram ainda crianças: a primeira em um incêndio na enfermaria em que se encontrava, a segunda de doença.

Não se conhece muito da infância de Garibaldi: aos oito anos teria salvo do afogamento uma lavadeira, o primeiro salvamento de uma série constante na sua vida, de pelo menos doze. Em 1814, a casa dos Garibaldi foi demolida como parte da expansão do porto e a família se mudou. Seus pais queriam que fosse advogado, médico ou sacerdote, mas Garibaldi não gostava dos estudos, preferindo os exercícios físicos e a vida no mar, ele mesmo contava que era mais amigo da diversão que do estudo.

Giuseppe Garibaldi passou dez anos de sua vida a bordo de navios mercantes e com o tempo chegou a obter licença de capitão. Mas seus desejos de aventura não permitiram que permanecesse na carreira dos mares. Em abril de 1833, em Taganrog, na Rússia, enquanto comandava a escuna Clorinda, levando um carregamento de laranjas, conheceu Giovanni Battista Cuneo de Oneglia e entrou em contato com a sociedade secreta Jovem Itália, sendo seduzido pelas ideias socialistas de Henri Saint-Simon.

Garibaldi se uniu a sociedade secreta, jurando dedicar sua vida para libertar sua terra natal do jugo estrangeiro. Em novembro de 1833, encontrou-se com Mazzini, iniciando um relacionamento que mais tarde se tornaria problemático. Juntou-se à Carbonária e em fevereiro de 1834 tomou parte da fracassada insurreição de Gênova, sendo condenado à morte por uma corte genovesa. Refugiou-se em Marselha e, em 1835, fugiu para a Tunísia, chegando depois ao Rio de Janeiro. Com 28 anos iniciava seu primeiro exílio.
Garibaldi no Rio Grande do Sul

Residiu algum tempo no Rio de Janeiro, onde foi membro da Congrega della Giovine Itália, fundada por Giuseppe Stefano Grondona. Foi também no Rio de Janeiro conheceu Luigi Rossetti, com quem se juntou à Revolução Farroupilha.

Também conheceu Bento Gonçalves ainda em sua prisão, no Rio de Janeiro, e obteve dele uma carta de corso para aprisionar embarcações imperiais. Em 1° de setembro de 1838, Garibaldi foi nomeado capitão-tenente, comandante da marinha farroupilha. Rossetti e Garibaldi transformaram seu pequeno barco comercial Mazzini em corsário a serviço da República Rio-Grandense. No caminho para o sul, atacaram um navio austríaco, com uma carga de café, e trocaram de navio com seus ocupantes, rebatizando a nova embarcação de Farroupilha. Enquanto Rossetti desembarcou no porto de Maldonado, Garibaldi foi capturado pela polícia marítima uruguaia, acabando preso na Argentina. Depois de algum tempo preso, tendo inclusive sido torturado, conseguiu fugir e chegar ao Rio Grande do Sul.

Junto aos republicanos foi encarregado de criar um estaleiro, o que foi feito junto a uma fábrica de armas e munições em Camaquã, na estância de Ana Gonçalves, irmã de Bento Gonçalves. Lá Garibaldi coordenou a construção e o armamento de dois lanchões de guerra. Para participar da empreitada marinheiros vieram de Montevidéu e outros foram recrutados pelas redondezas.

Terminada a construção dos barcos, foram lançados à água os lanchões Seival e Farroupilha. Porém acuados pela armada de John Grenfell, não tiveram muito sucesso: capturaram alguns barcos de comércio desprevenidos, em lagoas ou rios longe da armada imperial. Surgiu, então, o plano de levar os barcos pela lagoa dos Patos até o rio Capivari e, dali, por terra, sobre rodados especialmente construídos para isso, até a barra do Tramandaí, onde os barcos tomariam o mar. Os farrapos, despistaram a armada imperial e conseguiram enveredar pelo estreito do rio Capivari e passaram os barcos a terra em 5 de julho de 1839. Puxando sobre rodados, os dois lanchões artilhados, com cem juntas de bois, atravessaram ásperos caminhos, pelos campos úmidos - em alguns trechos completamente submersos, pois era inverno, com tempo feio, chuvas e ventos, que tornavam o chão um grande lodaçal. Cada barco tinha dois eixos e quatro grandes rodas, revestidas de couro cru. Piquetes corriam os campos entulhando atoleiros, enquanto outros cuidavam da boiada.

Levaram seis dias até a lagoa Tomás José, vencendo 90 km e chegando a 11 de julho. No dia 13, seguiram da lagoa Tomás José à barra do rio Tramandaí, no oceano Atlântico, e, no dia 15, lançaram-se ao mar com uma tripulação mista de 70 homens. O Seival, de 12 toneladas, era comandado pelo norte-americano John Griggs, conhecido como "João Grandão", e o Farroupilha, de 18 toneladas, comandado por Garibaldi - ambos armados com quatro canhões de doze polegadas, de molde "escuna". Por fim, a 14 de julho de 1839, os lanchões rumaram a Laguna para atacar a província vizinha. Na costa de Santa Catarina, próximo ao rio Araranguá, uma tempestade pôs a pique o Farroupilha, salvando-se milagrosamente uns poucos farrapos, entre eles o próprio Garibaldi.

Com a chegada da marinha farroupilha a Santa Catarina, unindo-se às tropas do exército, sob o comando geral de David Canabarro, foi possível preparar o ataque a Laguna por terra e pela água. A marinha farroupilha entrou através da lagoa de Garopaba do Sul, passando pelo rio Tubarão, e atacou Laguna por trás, surpreendendo os imperiais que esperavam um ataque de Garibaldi pela barra de Laguna e não pela lagoa. Garibaldi tomou um brigue e dois lanchões, enquanto somente o brigue-escuna Cometa conseguiu escapar para o mar.

O império então impôs um bloqueio naval que buscava estrangular a república economicamente. Garibaldi ainda conseguiu furar o bloqueio com três barcos, capturou dois navios de comércio, trocou tiros com o brigue-escuna Andorinha e tomou o porto de Imbituba. Alguns dias mais tarde retornou a Laguna, em 5 de novembro.

Pouco tempo depois, o império reagiu com força total, comandado pelo general Francisco José de Sousa Soares de Andrea, comandante de armas de Santa Catarina, com mais de três mil homens atacando por terra. Enquanto isto, por mar, o almirante imperial Frederico Mariath, com uma frota de 13 navios, melhor equipados e experientes, iniciou a batalha naval de Laguna. Garibaldi fundeou convenientemente seus cinco navios, que se bateram contra os imperiais valentemente, mas sem chances de vitória. Nos navios farroupilhas nenhum comandante ou oficial escapou com vida. O próprio Garibaldi, vendo a derrota iminente, queimou seu navio, a escuna Libertadora, e se juntou à tropa de Canabarro, que preparou a retirada de Laguna. Era o fim da marinha farroupilha.

Em Laguna, Garibaldi ainda conheceu Ana Maria de Jesus Ribeiro, conhecida depois como Anita Garibaldi, com quem se casaria e que se tornaria sua companheira de lutas na América do Sul e depois na Itália.

“Eu vi corpos de tropas mais numerosas, batalhas mais disputadas, mas nunca vi, em nenhuma parte, homens mais valentes, nem cavaleiros mais brilhantes que os da bela cavalaria rio-grandense, em cujas fileiras aprendi a desprezar o perigo e combater dignamente pela causa sagrada das nações.

Quantas vezes fui tentado a patentear ao mundo os feitos assombrosos que vi realizar por essa viril e destemida gente, que sustentou, por mais de nove anos contra um poderoso império, a mais encarniçada e gloriosa luta!”


quinta-feira, 8 de setembro de 2011

08/09/1915 - MORRE PINHEIRO MACHADO

Túmulo de José Gomes Pinheiro Machado, uma obra de arte no cemitério da Santa Casa, em Porto Alegre.

Pinheiro Machado estudou na Escola Militar e aos quinze anos abandonou o curso para lutar, como voluntário, na Guerra do Paraguai. Deixou o Exército em 1868 e permaneceu durante seis anos na fazenda de seu pai, no Rio Grande do Sul, para se recuperar do desgaste físico sofrido em batalha.

Após esse período, viajou para São Paulo, onde se formaria em 1878 pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco.

Ainda estudante, formou com alguns colegas o Clube Republicano Acadêmico e fundou o jornal A República. Após a sua formatura, casou-se, ainda em São Paulo, com Benedita Brazilina da Silva Moniz e voltou para o Rio Grande do Sul, onde passou a exercer a advocacia na cidade de São Luís das Missões, atual São Luís Gonzaga, e ainda fundou o primeiro partido republicano daquela província.

Ardoroso defensor do estabelecimento da República no Brasil, lançou-se à propaganda com republicanos como Venâncio Aires, Demétrio Ribeiro, Apolinário Porto Alegre, Ramiro Barcelos, Joaquim Francisco de Assis Brasil e Júlio Prates de Castilhos, de quem ficou amigo.

PolíticaCom o advento da República, elegeu-se senador, participando a seguir do Congresso Constituinte (1890/91), na cidade do Rio de Janeiro. Com a eclosão da Revolução Federalista no seu estado natal, em 1893, deixou a sua cadeira no Senado Federal, para combater o movimento armado no comando da Divisão Norte, por ele organizada.

Pinheiro Machado aos 15 anos, no Corpo de Voluntários da Pátria.Derrotou os revolucionários comandados por Gumercindo Saraiva na Batalha de Passo Fundo, fato esse que lhe valeu a patente de general. Retornou ao Senado, onde permaneceu até a sua morte.

Foi, também, um dos mais hábeis políticos brasileiros, conseguindo impor-se no Senado, onde, com a sua liderança, desempenhou um papel importantíssimo para a consolidação da República. Estendeu o seu grande prestígio à Câmara dos Deputados. Pinheiro Machado atingiu a sua máxima influência quando Nilo Peçanha assumiu a presidência, após a morte de Afonso Pena. Nessa ocasião apoiou a candidatura do marechal Hermes da Fonseca à presidência da República em oposição a Rui Barbosa, apoiado pelos estados de São Paulo e Bahia, entretanto, o resultado das eleições foi de 403.800 votos para Hermes da Fonseca contra 222.800 para Rui Barbosa, na época, o normal era que um candidato de oposição recebesse de 20 a 30 mil votos. Durante o governo de Hermes da Fonseca, teve papel predominante na política de salvação, movimento que visava apaziguar as disputas entre as oligarquias regionais[1].

Os partidos da República Velha eram constituídos em âmbito regional, como o Partido Republicano Paulista, o Partido Republicano Rio-grandense e outros. Pinheiro Machado, com a sua ampla visão política, adiantou-se no seu tempo ao fundar um partido político nacional, o Partido Republicano Conservador – PRC.

Apoiou e garantiu, também, a eleição de Venceslau Brás. Este, porém, ao ser eleito, não teria na visão de Pinheiro Machado cumprido os compromissos assumidos durante a campanha.

Numa hábil manobra política oposicionista, Pinheiro Machado fez com que o ex-presidente Hermes da Fonseca fosse eleito senador pelo Rio Grande do Sul.

Pinheiro Machado foi apunhalado pelas costas no dia 08 de setembro de 1915 por Francisco Manso Paiva, no saguão ("hall") do Hotel dos Estrangeiros, situado na Praça José de Alencar, na cidade do Rio de Janeiro, deixando um grande vazio no cenário político nacional. Com a sua morte, o Partido Republicano Conservador, do qual era presidente, praticamente desapareceu.