domingo, 19 de junho de 2016
CRONOLOGIA DO MAIOR TROVADOR GAÚCHO

quarta-feira, 24 de junho de 2015
MORRE ANTONIO AUGUSTO FAGUNDES
O folclorista ficou conhecido como o apresentador do Galpão Crioulo, programa da RBS TV que comandou por 30 anos. Nesse período, mais de 1,5 mil edições foram ao ar. Em 2012, se despediu da atração, que passou a ser apresentada por seu sobrinho, Neto Fagundes, e Shana Müller (veja a homenagem feita pelo programa no vídeo).
"Eu me sinto um veterano em fim de carreira, um veterano realizado. O que eu posso querer mais em termos de televisão?", disse em entrevista na época.
Em 4 de novembro de 2014, Nico completou 80 anos. Para homenagear o artista, três fotógrafos amigos dos Fagundes selecionaram imagens que marcaram a trajetória da família e montaram uma exposição. Segundo Djuliane Rodrigues, a ideia era fazer a mostra apenas com imagens de Nico. Entretanto, foi difícil separá-lo da família.
Dois dias antes do aniversário, foi ao ar um programa Galpão Crioulo especial em homenagem a Nico. Os apresentadores convidaram artistas para interpretarem músicas do grupo Os Fagundes, formado em 2001 por ele junto aos sobrinhos Neto e Ernesto e ao irmão Bagre Fagundes.
No dia 20 de setembro de 2014, o especial "Bah! Um programa muito gaúcho" mostrou uma escola em Porto Alegre qua há mais de 7 anos faz uma invernada inspirada em Nico Fagundes. Como ele não pôde assistir de perto à apresentação, o vídeo foi levado à sua casa. O tradicionalista aprovou o que viu. Foi uma das suas últimas aparições na televisão.
"Que beleza. O Rio Grande é esta maravilha. Quando pensa que já fez tudo o que gostaria de fazer nesta área, surge mais uma coisa linda, que te atrai. Isso é maravilhoso", declarou na ocasião.
Em 2000, ele teve um acidente vascular cerebral (AVC), mas se recuperou. Em 2010, chegou a ficar em coma induzido após uma infecção geral no organismo. Dois anos depois, voltou à UTI pelo mesmo problema.
Nico deixa a mulher, Ana Lúcia Piagetti Fagundes, com quem se casou em 2011, e seis filhos, sendo cinco do primeiro casamento e um do segundo.
O velório ocorrerá, a partir desta manhã, no Salão Negrinho do Pastoreio, do Palácio Piratini.O sepultamento será ao final da tarde no Cemitério João XXIII, em Porto Alegre.
Biografia
Nico Fagundes nasceu em 4 de novembro de 1934, em Inhanduí, interior de Alegrete. Nico iniciou a carreira jornalística aos 16 anos, como cronista e repórter do jornal Gazeta de Alegrete. No mesmo período, começou a atuar na rádio local, apresentando programa humorístico e gauchesco. Foi secretário dos Cadernos do Extremo Sul, editando diversos poetas.
Em 1954, mudou-se para Porto Alegre, onde ingressou no 35 CTG, a convite do poeta Lauro Rodrigues. No mesmo ano, tornou-se redator do Jornal A Hora, no qual atuou durante muitos anos escrevendo a página Regionalismo e Tradição.
Em 1955, passou a fazer parte do Instituto de Tradições e Folclore da Divisão de Cultura do Estado. Durante oito anos, estudou folclorismo, especializando-se em Cultura Afro-gaúcha. Eleito Patrão do 35 CTG, tornou-se professor de danças folclóricas e literatura gauchesca no Instituto de Tradições e Folclore. Viajou para a Europa como sapateador do grupo Os Gaudérios, morando em Paris por quatro meses.
Iniciou pesquisas de indumentária gaúcha, tornando-se a maior autoridade sobre o assunto no Rio Grande do Sul. Contratado como ator pela TV Piratini, foi um dos fundadores do Conjunto de Folclore Internacional, mais tarde batizado de Os Gaúchos, do qual foi diretor durante 15 anos.
Em 1960, fundou, no Instituto de Tradições e Folclore, a Escola Gaúcha de Folclore, de nível superior, que funcionou durante seis anos. Atuou como titular nas cadeiras de danças folclóricas e indumentária gaúcha. Foi diretor da escola durante seis anos.
Formado em Direito, pós-graduado em História do Rio Grande do Sul e Mestre em Antropologia Social, todos os seus cursos foram realizados na Universidade Federal do RGS (UFRGS). Por todas essas suas qualificações, Antonio Augusto Fagundes é respeitado como autoridade em Folclore gaúcho, História do Rio Grande do Sul, Antropologia, Religiões afro-gaúchas, Indumentária gauchesca, Cozinha gauchesca e danças folclóricas.
Entretanto, a face menos conhecida deste intelectual é também sua face mais antiga, a de poeta. Ganhou prêmios e distinções importantes, como a Medalha do Pacificador, do Exército Brasileiro, a Comenda Osvaldo Vergara, da Ordem dos Advogados do Brasil, da qual é também advogado jubilado, e a Comenda do Mérito Oswaldo Aranha. Recebeu inúmeros prêmios em poesia, canções gauchescas, declamações, danças folclóricas e teses. É autor de mais de 100 músicas, entre as quais, "O Canto Alegretense".
Escreveu o roteiro do filme "Para Pedro". Atuou como ator, assistente de direção e consultor de costumes do filme "Ana Terra". Escreveu o roteiro, dirigiu e trabalhou como ator no filme "Negrinho do Pastoreio", com Grande Otelo. Atuou ainda como ator no filme "O Grande Rodeio", o qual também produziu e dirigiu.
Em 1976, ingressou na Fundação Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore. Em 1990, fundou e assumiu o comando do grupo Cavaleiros da Paz, com o qual empreendeu cavalgadas por diversos países da América do Sul. Quatro anos depois, assumiu a presidência do IGTF.
Na RBS TV, Nico apresentou o Galpão Crioulo por três décadas, de 1982 a 2012. Sua despedida da televisão foi marcada por uma edição comemorativa do programa, gravada com grandes nomes da música regionalista em Venâncio Aires. No ar, Nico foi substituído pelo sobrinho Neto Fagundes e pela cantora Shana Müller.
Em 2000, teve um acidente vascular cerebral (AVC), e chegou a se afastar do Galpão Crioulo, mas se recuperou. Em 2001, juntou-se aos sobrinhos Neto e Ernesto e ao irmão Bagre Fagundes para formar o grupo Os Fagundes.

sexta-feira, 23 de março de 2012
OS DEZ "MAIORES" GAITEIROS GAÚCHOS

MAIS ALGUMAS OPINIÕES DE NOSSOS COLABORADORES
Edgar Paiva
Meu Mano Léo Ribeiro,
como estás?? E a família, espero que tudo em paz!
Achei ótima essa idéia de fazer um "ranking" dos 10 maiores gaiteiros gaúchos, isso é importantíssimo, pois teremos uma real noção de quem são os 10 que mais sabem acariciar e fazer com que esses instrumentos nos encham a alma de emoção.
Essa lista é uma parceria minha e do compadre JAURO GEHLEN, que é Gaiteiro de excepcional qualidade e excelente cantor.
Vamos lá:
01 - ALBINO MANIQUE ( Incomparável, nenhum outro gaiteiro ou acordeonista teve tantas músicas autorais de tamanha qualidade, É O MESTRE DOS MESTRES) 02 - HONEYDE BERTUSSI ( Pioneirismo, inovador, junto com seu irmão formaram um estilo próprio de "duo de gaitas", que fez escola) 03 - ADELAR BERTUSSI ( mesmos referencias do mestre Honeyde, mas tendo uma carreira mais fandangueira, na minha percepção) 04 - EDSON DUTRA ( Quem criou um tema como POR UM SORRISO BIBIANA não pode fica de fora... Diferenciado músico que fez escola) 05 - LUIZ CARLOS BORGES ( Pelo conjunto da Obra, mas principalmente, por ajudar a tornar o chamamé conhecidíssimo aqui no Rio Grande)06 - RÉGIS MARQUES (A técnica e o agilidade desse músico, merece estar nesta relação) 07 - LUIS CARLOS PEREIRA(PEREIRINHA) ( Música de uma técnica fantástica, que já nos deixou) 08 - JULIO CEZAR DE LIMA ( JULIO LIMA, NEGO JULIO) (Atuou com o Grupo Minuano muitos anos, uma mescla de técnica e força) 09 - VALDIR LIMA (PERTÔNICO) ( Missioneiro que tem um toque personalizado e muito original) 10 - ROMEU SEIBEL (CHIQUINHO DO ACORDEON) ( Esse meu compadre Jauro disse que não poderia ficar de fora, pois é gaúcho e foi um mestre!!)
Abraços mano Léo,
Gostamos muito desse exercício de eleger os 10 + da Gaita Piano e vamos aguardar para relacionar os da gaita de Botão e Cromática!
Sucesso sempre!!!
Israel Lopes
Amigo Léo
Agora, voltei da lides do dia a dia, e estou participando da Enquete sobre os 10 Melhores Gaiteiros. É uma tarefa difícil, mas, estou fazendo a minha lista:
1) Adelar Bertussi; 2) Honeyde Bertussi; 3) Albino Manique; 4) Luiz Carlos Borges; 5) Oswaldinho (da Dupla Campeira, com Zé Bernardes. Este foi um dos maiores gaiteiros que já escutei, tocando chotes, rancheiras, Era um fenômeno! Na música "Ao Raiar do Dia" era um maestro campeiro); 6) Gildinho (do conjunto Os Monarcas); 7) Mary Teresinha; 8) Doné Teixeira (dos Irmãos Teixeira); 9) Ney Fernandes; e 10) Marinês Siqueira.
Parabéns por essa enquete, onde as preferências musicais são diversas, evidentemente, o que engradece muito a cultura musical do Rio Grande, tão rica em diversidade, resultado de uma mescla de etnias, que ajudaram na formação do povo gaúcho, influenciando na sua cultura, na sua tradição regional.
Abraços
Israel Lopes
Carlos Homrich
Mano Léo.
Que bela iniciativa. Não sei se vale o nome de gaiteiros que já nos deixaram, mas de qualquer maneira, ai vai a minha relação.
Adelar Bertussi, Edson Dutra, Albino Manique, Gildinho dos Monarcas, Beto Caetano, Porca Veia, Tio Bilia, Gaúcho da Fronteira, Borguetinho, Iedo Silva.
Um Forte Quebras Costelas
Carlos Homrich
Advogado
OAB/RS 39.479
Valdemar Engroff
Buenos Dias Léo
Boleio a perna para trazer os 10 gaiteiros (120 baixos) que, na minha opinião, não necessariamente nesta ordem, são os melhores Rio Grande afora....:
1 - Adelar Bertussi 2 - Albino Manique - Os Mirins 3 - Gildinho - Os Monarcas 4 - Porca Veia 5 - Edson Dutra - Os Serranos 6 - Luiz Carlos Borges 7 - Régis Marques - Grupo Rodeio 8 - Zezinho - Grupo Floreio 9 - Cleiton Guerreiro - Os Campesinos (Pelotas) 10 - Edu Vicente - Os Pampeiros - São José dos Campos (SP)
Baita Abraço
Valdemar Engroff
Gerência da Classificação e Certificação
EMATER/RS- ASCAR -(51) 2125 3074
Botafogo,1051 -Porto Alegre/RS -Cep 90150-053
www.emater.tche.br - vengroff@emater.tche.br
Arão Scheidt (Pura Cepa)
Caro Léo Ribeiro, vai daqui de Santa Catarina a opinião deste leitor assíduo do teu blog. São gaiteiros que fizeram parte da minha infância e fazem parte da minha vida atual,como tradicionalista e admirador da autêntica música do sul do nosso País. São eles:
Honeyde Bertussi, Adelar Bertussi, Porca Veia, Paulo Siqueira, Itajaíba Mattana, Albino Manique, Edson Dutra, Gonzaga dos Reis, Luís Carlos Borges e Luciano Maia.
Forte abraço pro amigo.
Rui Gressler
Grande Amigo Leo Ribeiro
Eu não poderia deixar de escalar os dez melhores gaiteiros. (porque não determinaste que seriam 11 ? Aí sim seria um time completo)
1) Albino Manique 2) Adelar Bertussi 3) Tio Bilia 4) Itajaiba Mattana 5) Edson Dutra 6) Luiz Carlos Borges 7) Beto Caetano 8) Gonzaga dos Reis 9) Jorge Trindade 10) Iedo Silva
Um abraço
Marilene Huff
Olá,poeta Léo,
estou enviando alguns gaiteiros de minha preferência: Adelar Bertussi, Honeide Bertussi, Beto Caetano, Edson Dutra, Porca Veia, Tio Bilia(tenho alguns discos dele), Luciano Maia, Itajaíba Mattana (sugestão de um amigo) e não poderia deixar de fora meu grande amigo Gilberto Monteiro.
Um abraço, da Marilene
Paulo de Freitas Mandonça
Amigo Leo
Como acompanho teu blog, notei que estão faltando nomes importantes nas listas de acordeonistas sugeridas pelos amigos, então em rápida pincelada lembro de alguns nomes até então não citados.
Como já estão incluindo nomes de acordeonistas de botoneiras, não distingo, apenas anoto os nomes que me vem à memoria no momento e não os li ali.
Certamente lembrarei de outros tantos, mas estes que recordo agora.
Saliento que não estou votando nesses nomes e sim contribuindo para que não seja olvidados.
Parabéns pelo blog.
Sucesso
Paulo de Freitas Mendonça
Ademar Silva, Antão Barros, Bagre Fagundes, Carlos Cirne, Carlos Magrão, Crioulo dos Pampa, Cristiano Vieira, Dudu Lopez, Eurides Nunes, Fernando Saalfeld, Gabriel Ortaça, Gabriel Peliçaro, Gilberto Monteiro, Jaerson Martins, J. Barbosa, Jorge Trindade, José Cláudio Machado - a nova geração talvez não conheça o Zé como acordeonista, mas era dos bons, (tocava acoredeon, violão, charango e bombo) –uma vez eu disse ao Zé que ele era um dos melhores cantores do RS e ele me saiu com essa preciosidade: “Vocês tem mania de dizer que eu sou cantor, eu sou um gaiteirinho de gente grande que canta”, hehehe... - Leandro Rodrigues, Leonel Gomez, Lucas Cirne, Moreno Martins, Nelcy Vargas, Nelson Cardoso, Nielsen Santos, Oscar dos Reis, Paulinho Pires, Paulo Duzac, Paulo Siqueira, Reduzino Malaquias, Regis Marques, Robson Boeira, Samuca, Telmo de Lima Freitas, Valdir Santos (Pertônico), Zezinho Furquim,

domingo, 11 de dezembro de 2011
OS PADRES POETAS
Durante a fundação da Estância da Poesia Crioula salientou-se pelas intervenções, todas fiéis aos princípios preconizados pela Igreja Católica, e pelas preocupações com a preservação da memória histórica e cultural do Rio Grande do Sul. Tenho do poema O Gênio do Pampa – Poema Gaúcho a terceira Edição (Santa Maria: Livraria Editora Pallotti, s/d), com IMPRIMATUR datado de 25 de abril de 1958.
Verde gorra em flor aquentas,
Dos declínios a arda garra,
Tosca, plástica, bizarra...
Eu também – feições poentas –
Quero andar de pago em pago,
Dando sombra e dando afago
No queimor e nas tormentas.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011
VOLTEANDO DATAS - II
NASCE ANTÔNIO AUGUSTO FAGUNDES

Foi escoteiro e fundador, sub-chefe e chefe da Tropa "Anhangüera". Na época de estudante destacou-se como poeta e declamador.
Iniciou a carreira jornalística em 1950, aos 16 anos, no jornal Gazeta de Alegrete, o mais antigo do Rio Grande do Sul, nas funções de cronista e repórter. No mesmo período começou a atuar na Rádio ZYE9 - Rádio Alegrete, apresentando programas humorísticos e gauchescos.
Foi secretário dos Cadernos do Extremo Sul, publicações que sob a direção de Helio Ricciardi, lançou diversos poetas da cidade de Alegrete.
Em 1954, mudou-se para Porto Alegre e é como poeta que é apresentado ao 35 CTG - Centro de Tradições Gaúchas, por intermédio do poeta Lauro Rodrigues. E nunca deixou de fazer verso. Tornou-se amigo e companheiro de Waldomiro Souza, Horácio Paz, João Palma da Silva, Amandio Bicca, Niterói Ribeiro, Luiz Menezes, José Hilário Retamozo, Hugo Ramirez, João da Cunha Vargas, ou seja, a fina flor da poesia gauchesca da época, que freqüentava o rodeio do 35 CTG, às quartas de noite e aos sábados de tarde, na Av.Borges de Medeiros, no quinto andar da FARSUL.
Conhece, então, e torna-se amigo de Jayme Caetano Braun, cujo ingresso no 35 CTG vai amadrinhar. No mesmo ano, tornou-se redator do Jornal A Hora, no qual atuou durante muitos anos com a página Regionalismo e Tradição.
O encontro de Antonio Augusto Fagundes, por esta época, com Glaucus Saraiva foi histórico: vinham de uma briga pelos jornais, mas quando se encontraram, foi amor à primeira vista, uma amizade tão forte que nem a morte de Glaucus conseguiu interromper.
Pelas páginas do jornal A Hora, lançou Jayme Caetano Braun e dois moços que estavam aparecendo com muita força: Aparício Silva Rillo e José Hilário Retamozo. O prestígio que emprestava à obra de outros poetas não fez com que descurasse de sua própria poesia.
Em 1955, passou a fazer parte do Instituto de Tradições e Folclore da Divisão de Cultura do Estado. Durante oito anos fez formação em folclorismo, especializando-se em Cultura Afro-gaúcha. Tornou-se professor de danças folclóricas e literatura gauchesca no Instituto de Tradições e Folclore. Viajou para a Europa como sapateador do Grupo Gaudérios, morando em Paris por quatro meses.
Iniciou pesquisas de indumentária gaúcha, tornando-se uma das maiores autoridades sobre o assunto no Rio Grande do Sul.
Foi um dos fundadores do Conjunto de Folclore Internacional, batizado de Os Gaúchos, e do qual foi diretor durante 15 anos.
Fundou, no Instituto de Tradições e Folclore, a Escola Gaúcha de Folclore, de nível superior, que funcionou durante seis anos. Atuou como titular nas cadeiras de danças folclóricas e indumentária gaúcha. Foi diretor da escola durante seis anos.
No início da década de 1960, conquistou o primeiro lugar em concurso literário promovido pelo Instituto Estadual do Livro, com a obra Destino de Tal. Pouco depois passou a trabalhar na TV Tupi.
Formado em Direito, pós-graduado em História do Rio Grande do Sul e Mestre em Antropologia Social, todos os seus cursos foram realizados na Universidade Federal do RGS (UFRGS).
Por todas essas suas qualificações, Antonio Augusto Fagundes é respeitado como autoridade em Folclore gaúcho, História do Rio Grande do Sul, Antropologia, Religiões afro-gaúchas, Indumentária gauchesca, Cozinha gauchesca e danças folclóricas.
Além disso, sempre deu a devida importância à dupla ligação da cultura gaúcha, com o outro Brasil e com os países do Prata. Tornou-se, assim, com o tempo e apoiado em uma biblioteca preciosa, um estudioso sério, respeitado e aclamado no Rio Grande do Sul, no Uruguai e na Argentina, conferencista bilíngüe e autor de inúmeras obras de consulta obrigatória.
Desde 1982 apresenta pela RBS TV (afiliada da TV Globo) o programa Galpão Crioulo, o que já lha rendeu três prêmios internacionais: em Buenos Aires, em Nova York e na Cidade do México.
Em 1984, passou a apresentar o mesmo programa na Rádio Gaúcha. No mesmo ano voltou a atuar no jornalismo, escrevendo no jornal Zero Hora - uma coluna semanal que mantém até hoje.
Em 1998, comandou em Paris, a apresentação do Grupo "Os Gaúchos". No mesmo ano escreveu a peça teatral A Proclamação da República Rio-grandense".
Ao longo de sua carreira recebeu diversos prêmios, entre os quais, Prêmio Copa Festivales de España, Medalha de Bronze da Televisão Mundial pelo programa "Galpão Crioulo" e o Troféu Guri da Rádio Gaúcha. Recebeu inúmeros prêmios em poesia, canções gauchescas, declamações, danças folclóricas e teses. É autor de mais de 100 músicas, entre as quais, "O canto Alegretense".
Publicou seu primeiro livro de versos "Com a Lua na Garupa" e depois o segundo "Ainda com a Lua na Garupa".
O terceiro tem o nome de "Canto Alegretense", nome tirado da canção famosa cujos versos escreveu. Aliás, neste livro aparecem muitas letras das suas canções mais famosas dentre as 370 gravadas e regravadas por vários intérpretes e parceiros.
Livros publicados:
É autor de quase vinte livros, a maioria com várias reedições. Para saber sobre suas obras, clicar em:
http://www.orkut.com.br/Main#Album.aspx?uid=12517951524760143599&aid=1225035785&p=0
http://www.orkut.com.br/Main#Album.aspx?uid=12517951524760143599&aid=1225035785&p=1
Fontes:
- Wikipédia - a enciclopédia livre (http://pt.wikipedia.org).
- http://www.dicionariompb.com.br - 23/04/2007 - 20:21:35
twitter: @tcheleoribeiro

segunda-feira, 11 de julho de 2011
A PURA CÊPA CRIOULA - GLÊNIO FAGUNDES

Mas isto também se deve a uma pessoa que trazia em si o pó da terra, o aroma dos campos e que não permitiria que isto acontecesse. Falo do antigo apresentador Glênio Fagundes, uma figura carismática que transcendeu a imagem do próprio programa.
Glênio Cabral Portela Fagundes nasceu em Cacequi, RS, filho de Albino Portela Fagundes, então médico da rede ferroviária, e de Amélia Cabral Portela Fagundes. Por ali viveu até os 18 anos, quando se transferiu para a cidade de Rio Grande e depois, definitivamente, para Porto Alegre.
Glênio tinha em seu irmão Paulo Fagundes, o Bola (ótimo violeiro e muito bom gaiteiro, além de ter uma voz privilegiada), seu inseparável companheiro e até casaram-se com duas irmãs. Paulo teve uma morte prematura há pouco tempo, o que fez Glênio perder o gosto pela guitarra, a quem sempre tratou com mãos de veludo.
Foi através de Jarbas Cabral, irmão da Dona Amelinha, que os manos começaram suas atividades artísticas, isto lá pela década de 50. Quando surgiu o programa Grande Rodeio Coringa, o Jarbas criou o conjunto Os Gaudérios, referência obrigatória da música regionalista gauchesca. O Glênio sempre foi o seu discípulo predileto.
Mais tarde, seguindo os passos do tio, Glênio fundou e dirigiu o conjunto Os Teatinos, um dos melhores do gênero na época.
Glênio, profundo conhecedor da língua guarani, editou o livro Cevando o Mate e agora está preparando o Poemas Terrunheiros, Aforismos e Relampejos, reunindo a sua considerável obra poética. Gravou, também, um disco com suas composições e dois com Os Teatinos.
Glênio Fagundes é um gaúcho caseiro. Dorme tarde, muito tarde, e vivencia o rancho rodeado pelo amor da esposa Tita e dos filhos Nicássio, Cassiana, Osíris, Terêncio, Horácio e Juvêncio, que já lhe deu a neta Bibiana, mas cercado, também, de amizades e do respeito do Rio Grande inteiro, que tem por ele e por sua obra um carinho muito grande.
O Glênio é um homem profundamente espiritualizado, que conversa com as plantas e com os bichos do campo. Seu jeito simples, com a melena e a barba entordilhando, é a imagem daqueles gaúchos antigos, santos e guerreiros dos nossos galpões. Por onde passa, o Glênio deixa um rastro luminoso. Ouvi-lo falar é beber filosofia e ternura. Ouvi-lo tocar o violão com boca de salamanca é retovar-se de magia e encantamento.
Obs: caso deseje extrair alguma matéria deste blog, não esqueça de citar a fonte

quinta-feira, 5 de maio de 2011
DOIS PRA LÁ, DOIS PRA CÁ!

Ao contrário da música popular sertaneja que sempre andejou em dueto, os cantores rio-grandenses, por características culturais próprias, sempre tentearam solitos, com raras exceções como os próprios Irmãos Bertussi.
Contudo, de uma década para cá, uma dupla de gaúchos, jovens autênticos, conhecedores da lida campeira pois vivenciam aquilo que cantam, vêm fazendo um enorme sucesso nos pagos do sul e além fronteiras. Falo de César Oliveira e Rogério Melo.
Dedicados e preocupados com a qualidade de suas obras desde a sonoridade até a parte gráfica, sempre costeados de ótimos músicos e compositores, com um repertório alegre e representativo do viver pastoril de nossa gente, mas sem deixar de lado a canção mais trabalhada, mais introspectiva, vão reculutando multidões de todas as idades nos vastos rincões por onde andejam cantando a nossa querência.
César Oliveira é crioulo da fronteira. Nasceu a 8 de dezembro de 1969 em Itaqui, na divisa com a Argentina, mas foi em São Gabriel, cidade para onde mudou-se ainda criança, que iniciou a sua formação cultural desenvolvida, principalmente, nos CTGs da região.
Rogério de Azambuja Melo nasceu em 18 de maio de 1976, em São Gabriel e foi no CTG Caiboaté, ali, bem no centro da Terra dos Marechais, que começou a demonstrar apreço pela arte folclórica.
Amigos de infância, César e Rogério iniciaram carreiras solos atuando com brilhantismo nas dezenas de festivais que proliferavam pelo Rio Grande ao final dos anos oitenta e década de noventa. Vez por outra acolheravam um trabalho em dueto, sempre com sucesso, até que no ano de 2002 gravaram o CD Das Coisas Simples da Gente, definindo-se como a dupla César Oliveira & Rogério Melo.
De lá para cá, preenchendo um vácuo na musicalidade sulina pois fizeram rebrotar um sentimento telúrico já querendo apagar-se da alma daqueles que tem na pampa uma história de vida, além de resgatarem para o gauchismo milhares de jovens, César e Rogério tem colhido frutos encorpados de êxitos e de alegrias.
César Oliveira e Rogério Melo foram o sopro que afastou as cinzas do borralho musical gauchesco fazendo avultar a brasa do canto puro.
E se dezenas de duplas sertanejas, a todo o momento e com apoio da mídia (inclusive gaúcha) tentam infiltrar-se em nosso meio artístico, saímos abrindo cancha, peleando e rindo, com sobra de flete, com César Oliveira e Rogério Melo!

terça-feira, 3 de maio de 2011
A PURA CÊPA CRIOULA DE ANIVERSÁRIO

Aos três anos, Cenair cruzou a fronteira com sua família para viver em acampamentos de extração de madeira às margens do Uruguai. Este dado foi decisivo para a formação de sua personalidade musical. Criado no meio de madeireiros, balseiros e pescadores, absorveu desde cedo a musicalidade de suas formas de expressão. Com os peões argentinos e paraguaios que trabalhavam com seu pai, Cenair aprendeu os primeiros acordes da guitarra.
Quando era piá, ouvia histórias dos povos latino-americanos e das barbáries cometidas contra os índios. Mais tarde sofreu com a dura realidade do homem rural. Porém, também vivenciou momentos alegres em festanças com gaita e violão, o que lhe motivou a aprender a tocar.
Cenair Maicá apresentava em seu trabalho a relação com o rio Uruguai; a preocupação com os problemas do homem rural e o destino “dos herdeiros de São Miguel” que viviam à beira das estradas artesanando balaios para pão e “pinga”.
Esta convivência no meio de madeireiros, balseiros e pescadores, despertaria nele outro traço comum aos troncos missioneiros: a postura fraternal para com os países vizinhos.
Pode-se ouvi-lo dizer na entrevista gravada no Museu Antropológico Augusto Pestana: "A história missioneira não pertence somente ao Rio Grande do Sul, mas também à Argentina e ao Uruguai".
Músico desde os 10 anos de idade — quando começou a se apresentar em público ao lado de seu irmão Adelque — , Cenair fez sua entrada triunfal na história da música gaúcha ao vencer o 7º Festival do Folclore Correntino em 1970, em Santo Tomé, na Argentina com Fandango na Fronteira. Na apresentação, Cenair dividiu o palco com quem a havia composto: Noel Guarany. Foi a consagração de ambos e de cada um como artista e também dos esforços iniciados pelos dois e por Ortaça em 1966, quando lançaram um manifesto reivindicando a herança guarani e anunciando a intenção de criar, a partir dela, uma nova arte missioneira.
A vitória no 7º Festival do Folclore Correntino em 1970, em Santo Tomé, na Argentina rendeu a Cenair e Noel a gravação de um disco compacto, Filosofia de Gaudério (1970).
Em 1978, Cenair lançou "Rio de Minha Infância", o primeiro de sua carreira solo. Solo talvez não seja a palavra adequada: a produção e a direção couberam a Noel, autor, também, de quatro das dez músicas que o integram.
Com sua voz encorpada e ao mesmo tempo suave, Cenair gravou indelevelmente também seu nome entre os grandes da arte popular gaúcha. Homem e artista da melhor extração missioneira, colocou sempre sua voz e seu talento a serviço de sua terra e de sua gente. A exemplo e ao lado dos outros "troncos missioneiros" (seus parceiros e amigos Noel Guarany, Jayme Caetano Braun e Pedro Ortaça), personificou a identidade histórica e cultural de sua região. Também junto a eles, foi responsável por inserir as Missões no mapa histórico e cultural oficial do estado, desencadeando a redefinição de uma identidade gaúcha até então calcada quase exclusivamente na exaltação dos senhores feudais da região da campanha.
Cenair sabia dos obstáculos que existiam no caminho que escolheu. O enfrentamento com os monopólios fonográficos fazia parte de suas preocupações. "As multinacionais do disco infiltravam a música norte-americana" — recordou em uma entrevista, realizada em 1982 no Museu Antropológico Augusto Pestana — "mas nós tínhamos um compromisso de manter a cultura missioneira". Nisto, como em muitas coisas, comungava das mesmas idéias de seu parceiro Noel Guarany.
Cenair Maicá é, hoje, uma referência para todos aqueles que se propõem defender o patrimônio natural, histórico, cultural, econômico e, principalmente, humano do Rio Grande do Sul.
A biografia de Cenair tem também um outro aspecto — este de cunho trágico — Cenair viveu pouco. Aos 17 anos de idade, num acidente, Cenair perdeu um rim, o que veio, mais tarde a comprometer sua saúde e influenciar em seu falecimento, em 02/01/1989, após passar por um transplante. Em 1984 iniciaram os problemas de saúde, e o rim que ainda possuía começou a falhar. Necessitou fazer hemodiálise, debilitando ainda mais a saúde. Finalmente, em 1985 realizou o transplante de um rim, sendo o doador o irmão Darci Maicá. A penúltima internação hospitalar, em dezembro de 1988 teve como objetivo colocar uma prótese femural.
Em 2 de janeiro de 1989, Cenair Maicá falecia, deixando em seu registro musical um atestado de amor às suas origens e a prova de que através da música era possível contar a história de forma popular, dando voz à memória coletiva, alertando a todos dos erros cometidos no passado e a necessidade básica de fortalecer a identidade para construção de um futuro mais humano e social.
Foi construído um mausoléu na entrada do Cemitério Sagrada Família em Santo Ângelo, para homenagear o cantor, compositor e poeta missioneiro, Cenair Maicá.
O mausoléu tem dois pilares, um representando a música e o outro a poesia, com uma frase no centro :"Se meu destino é cantar, eu canto". Logo abaixo da inscrição, Cenair Maicá, Cantor Missioneiro, estão mais duas citações. Ao lado da data de nascimento e da sua morte, constam "Nasce o poeta" e "O mundo fica mais triste". Capas de seus discos e fotos também estão no local.
Outras duas marcas constantes do mausoléu, são a cruz missioneira e um violão, símbolo e material que Cenair sempre carregava, no peito e nos braços.
Fonte: blog arte, vida e cultura

quarta-feira, 30 de março de 2011
A PURA CÊPA CRIOULA - MANO LIMA

O menino nascido em M´Bororé, que na época pertencia a Itaqui e hoje é o município de Massarambá, RS, diz que artisticamente nasceu em São Borja. Mário Rubens Batanolli de Lima é descendente de italiano por parte de mãe (seus avós eram da Itália) e Lima por parte de pai. “Nossa família era muito grande e sou o filho mais velho. O apelido na família era Mano e Apparício Valente Rillo foi quem criou Mano Lima, quando eu capatazeava uma estância, fui assar uma carne prá ele e tive o prazer de conhecê-lo e foi ele quem me levou para o disco, sendo a minha estrela-guia, que me deu todo o apoio e toda a força", disse.
Após iniciar sua carreira artística passou a residir em São Borja. Carreira esta que caracteriza-se principalmente, em suas composições e canções, por sua irreverência e pelo uso de um linguajar rústico, próprio do gaúcho nascido e criado no interior. Suas músicas têm como instrumento principal uma gaita de botão, que ele mesmo toca.
Mano Lima é, genuinamente, um homem da terra, da campanha e da lida, que carrega consigo a aspereza das manhãs geladas da fronteira rio-grandense unida à sensibilidade de um poeta. Identifica-se em gênero e grau com as letras que compõe.
Tamanha é sua aproximação com o campo, que dá a impressão que Mano Lima transfere seu mundo para dentro dos estúdios. Suas composições transitam neste universo peculiar e especial que encanta a todos pela sua autenticidade e coerência.
Autenticidade, aliás, é a palavra que melhor define o trabalho e a vida de Mano que é, acima de tudo, ele mesmo. Não copia ninguém. Segue um estilo próprio e talvez seja por isso que é um dos artistas gaúchos mais conhecidos e respeitados da atualidade.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
A PURA CÊPA CRIOULA - OS MONARCAS

Mas, antes de contarmos a história dos Monarcas, é necessário saber um pouco de seu grande líder, do gaiteiro mais carismático desta terra de São Pedro. O Gildinho.
Gildinho nasceu em Soledade, dia 18/01/42. Acordeonista, cantor e compositor, iniciou sua carreira musical em Erechim, em 1963, juntamente com seu irmão Chiquito, formando a dupla "Gildinho e Chiquito", que, por 17 anos, apresentou diariamente um dos mais populares programas de auditório da época, "Assim Canta o Rio Grande", pela Rádio Erechim.
E se herdou a vocação de gaiteiro de seu pai, foi o conselho recebido de seu ídolo, Oneide Bertussi, que incentivou Gildinho a aprimorar a técnica instrumental, dedicando-se durante anos ao estudo do acordeon, na Escola de Belas Artes Osvaldo Engel. Transformou-se em professor, atividade que desenvolveu durante anos, ensinando a seus alunos xotes, vaneiras, bugios e, sobretudo, o respeito à música regional.
Por volta de 1975, após anos animando bailes na região do Alto Uruguai em parceria com seu irmão, fundou o conjunto Os Monarcas, um dos mais respeitados grupos de música regional do Estado, importante não só pela extensa discografia (34 discos), pelos discos de ouro conquistados(6), os inúmeros troféus, indicações e prêmios colecionados ao longo dos anos, mas, sobretudo, pelo papel de protagonismo desempenhando na história da música gaúcha.
HISTÓRICO
Gildinho, recém chegado de Soledade á Erechim, começou apresentando um programa na rádio Difusão em 1963, com a audiência deste, passou a animar pequenos bailes na região, surgindo a idéia de montar um Grupo, que se reforçou com a chegada de seu irmão. Juntos, inicialmente, formaram a dupla “Gildinho e Chiquito”.
Na década de 70, juntou-se a então dupla outros três músicos: João Argenir dos Santos, Luiz Carlos Lanfredi e Nelson Falkembach, nascendo o Grupo Musical OS MONARCAS. Em 1978 gravaram o primeiro LP (O Valentão Bombachudo). No LP Fandangueando, oitavo da carreira, estreou a voz de Ivan Vargas. Nessa mesma época, Chiquito se afastou, e “Varguinhas” veio a substituí-lo.
Na década de 90, somou-se aos MONARCAS categoria de gaita-ponto do “Chico Brasil” e o percussionista Vanclei da Rocha. Ainda o 11ª LP, intitulado “Cheiro de Galpão”, rendeu ao grupo o 1º Disco de Ouro. Com o LP “Eu vim aqui pra dança” veio o 2º Disco de Ouro. Também tem em seu currículo uma indicação ao Prêmio Sharp, recebeu o “Troféu Laçador”, com o melhor conjunto de animação de bailes do Rio Grande do Sul; E recebeu o Troféu de Melhor Conjunto de Música Regionalista.
A partir de 2000, Os Monarcas receberam o “Prêmio Açoriano de Música”, na categoria melhor grupo de musica regionalista do estado. Ainda, o selo ISSO TCHÊ, como reconhecimento e premiação pela qualidade e autenticidade deste grupo. OS MONARCAS - 30 anos de Estrada, com 23 grandes sucessos regravados, rendeu ao grupo o 3º Disco de Ouro. Veio à indicação ao Prêmio TIM DE MÚSICA, ficando entre os três finalistas de todo o Brasil, na categoria grupo regionalista.
Ganharam mais um Prêmio de PERSONALIDADE REGIONAL – TROFÉU LUCAS VEZZARO. Receberam da Secretaria de Estado da Cultura, do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, o TROFÉU CULTURA GAÚCHA/2005 na categoria destaque musical em Porto Alegre. E a chegada do acordeonista TIAGO MACHADO.
Granjearam o 4º Disco de Ouro da carreira pelo CD 'SÓ SUCESSOS'. O TOUR EUA, serviu para mostrar aos NORTE AMERICANOS a música tradicionalista do sul do Brasil. O Centro de Eventos Sítio Novo, em Joinville, foi o palco para a GRAVAÇÃO DO 1º DVD e CD Ao Vivo (35 anos – História, Música e Tradição) do grupo.
Em 2008, lançou-se o CD “A Marca do Rio Grande”, onde a música “Prosa dos Lenços” foi vencedora do Carijo da Canção da Palmeira das Missões. Em julho de 2009, surgiu o álbum especial, em homenagem ao compositor João Alberto Pretto

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
A PURA CÊPA CRIOULA - PEDRO ORTAÇA

Pedro Ortaça é músico, cantor, compositor missioneiro, nasceu no Pontão de Santa Maria em São Luiz Gonzaga Rs, em 29 de junho de 1942. Hoje é Mestre das Culturas Populares Brasileira- Prêmio Humberto Maracanã- Ministério da Cultura.Tem mais de 120 músicas de sua autoria, 07 discos gravados, 12 CDS e 01 DVD o Primeiro em Alta Definição no RS. DVD Pedro Ortaça, gravado em São Miguel das Missões, São Borja, São Luiz Gonzaga, Santo Ângelo.
Pedro Ortaça iniciou-se na vida artística quando guri, com amigos de calças curtas, tocando violão. Ele foi aprendendo música com Carlito, Desidério, Felício e Nego Juvenal, que foram imortalizados como personagens da música Bailanta do Tibúrcio. Conta Ortaça: "Na realidade, eles eram homens de idade e eu muito pequeno. Formei-me ouvindo-os tocar e conversar, ao amanhecer, os causos e músicas do Tibúrcio, Desidério, Carlito e do Felício. Fui cultivando um amor pelas coisas nossas com cheiro de terra, já que meu pai cantava e meu avô e minha mãe tocavam gaita. Naturalmente eu trazia no sangue a música e principalmente o amor pela terra. Ortaça dedilhou o primeiro violão com o Emílio de Matos. Era um violão velho e quebrado, que ele mandou reformar numa marcenaria. "Custou muito caro, tive que pegar em três vezes", lembra Ortaça que foi se apresentando em galpões, estâncias e canchas de bocha. "Naturalmente muitos me ajudaram e outros diziam que eu tinha é que trabalhar, pois naquele tempo só o pessoal vagabundo é que cantava e tocava.
Em meados de 1966 eu, juntamente com Noel Guarani e Cenair Maíca nos reunimos para tocar e cantar, e decidimos que iríamos criar um novo modo de cantar e tocar, a maneira que as coisas do Rio Grande eram colocadas não nos satisfaziam não era a maneira que queríamos como norte para nosso trabalho.
Digo, nosso, por que surgimos nesse contesto na mesma época e com os mesmos ideais.E juntamente com o grande payador Jaime Caetano Braun que nos serviu de fonte e vertente para o nosso trabalho.
Fomos denominados pelo grande payador como “Os quatros troncos da cultura missioneira”, pois conseguimos cada qual com seu estilo criar uma nova identidade na cultura musical gaúcha.
“Hoje estou aqui, com muito carinho do Rio Grande e do Brasil", diz o bem-sucedido intérprete e patriarca de uma família musical que segue o estilo missioneiro.
Discos Gravados:
• Mensagem dos sete povos;
• Chão Colorado;
• Missões, Guitarra e Herança;
• Apontando o Rumo;
• De guerreiro a Payador;
• Timbre de Galo;
• Grito da terra;
• Troncos Missioneiros.
CDS gravados:
• Mensagem dos sete povos (CID RJ)
• Coletânea Pedro Ortaça raízes dos pampas (EMI music ltda)
• Coletânea 17 sucessos de Pedro Ortaça (ACIT);
• Troncos Missioneiros (USA)
• Timbre de Galo (ACIT)
• De Guerreiro a Payador (ACIT)
• Grito da terra (ACIT)
• Galo Missioneiro (ACIT)
• Pátria Colorada (ACIT)
De Igual ,pra igual (ACIT)
DVD:
• Em Alta Definição - PEDRO ORTAÇA - Gravador ACIT
• Participação nos DVDs FestchêII, FestchêIII e Canto e Encanto Nativo pela gravadora ACIT.
OBS: Produziu os 3 CDS de Alberto e Gabriel Ortaça.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010
VOLTEANDO DATAS

Filho de João Maria Fabrício da Silva e Antoninha Borges do Canto, sua descendência paterna era ligada a José Fabrício da Silva, italiano, que veio de São Paulo e recebeu uma sesmaria de campo na região de Bossoroca, onde se estabeleceu em 1823. Pelo lado materno, descende de Francisco Borges do Canto, irmão de José Borges do Canto, que recebeu várias quadras da sesmaria na região das missões.
Noel, em 1956, com quinze anos de idade, aprendeu a tocar sozinho seu primeiro instrumento, um violão com apenas três cordas, depois, acordeom. Somente mais tarde passou a usar o violão que se transformaria em seu companheiro inseparável, instrumento com o qual desenvolveu uma técnica própria de tocar.
Em 1960 emigrou para a Argentina, onde trabalhou como tarefeiro de erva-mate, lenhador e balseiro. Esteve em Buenos Aires , depois foi para o Uruguai, Paraguai e Bolívia, lugares onde conviveu com muitos músicos, aperfeiçoou sua arte de tocar violão e aprendeu muito sobre a cultura musical desses países.
Entre 1960 e 1968, peregrinou por todos os países do Prata e por estâncias do Rio Grande do Sul tocando, cantando e aprofundando seu conhecimento sobre a cultura regional. Nessa época gravou um compacto simples, com as músicas "Romance do Pala Velho" e "Filosofia de Gaudério", acompanhado pelo cantor, compositor e músico missioneiro Cenair Maicá, com o qual se apresentava em festivais na Argentina.
Em 1971 Noel gravou seu primeiro LP, "Legendas Missioneiras", que teve como parceiros os gaúchos Jayme Caetano Braun, Glênio Fagundes e Aureliano de Figueiredo Pinto. Nesse ano e no ano seguinte viajou por vários estados fazendo apresentações e divulgando o disco.
Em 1972 casou com Neidi da Silva Machado, missioneira de São Luiz Gonzaga e passou a residir em Porto Alegre , para ficar mais próximo dos meios de divulgação. Em 1973 gravou o segundo LP, "Destino Missioneiro", e continuou viajando, pesquisando e divulgando a música missioneira.
Em 1976 gravou o LP independente, com Jayme Caetano Braun, "Payador, Pampa e Guitarra", lançado simultaneamente no Brasil e na Argentina, com participação especial de Raul Barboza e Palermo. Nesse ano iniciou um programa na Rádio Guaíba de Porto Alegre e participou do programa Brasil Grande do Sul, com Jayme Caetano Braun e Flávio Alcaraz Gomes, depois passou para a Rádio Gaúcha, onde produziu e apresentou o programa Tradição e Folclore.
Em 1977 foi relançado o LP "Legendas Missioneiras", com o título de "Canto da Fronteira", mais tarde lançado também em CD. Nesse ano Noel realizou um espetáculo na Assembléia Legislativa para divulgar o LP "Payador, Pampa e Guitarra", com participação de Raulito Barboza, Palermo e Argentino Luna.
Em 1978 lançou o LP "Noel Guarany Canta Aureliano de Figueiredo Pinto", que marcou época no Rio Grande do Sul, pois resgatou a obra e memória de um dos maiores poetas do regionalismo gaúcho. Esse disco também foi posteriormente lançado em CD.
Em 1979 gravou o LP "De Pulperia", com músicas de Atahualpa Yupanqui, Anibal Sampayo e Mario Milan Medina, reforçando a intenção de promover a integração com a cultura platina. Em 1980 gravou o LP "Alma, Garra e Melodia".
Nessa época começou a se manifestar a doença que iria progressivamente lhe tirar todos os movimentos e condená-lo a um calvário (ataxia cerebral degenerativa), que se arrastou por muitos anos, fazendo com que esquecesse as letras das músicas, o que o deixava mais inquieto e amargo. Percebendo que algo de anormal estava lhe acontecendo, passou a beber com mais freqüência.
Em 1982 lançou o LP "Para o Que Olha Sem Ver", título escolhido em homenagem a Atahualpa Yupanqui, autor da música com o mesmo nome, que foi interpretada pelo Noel no disco. De João Sampaio gravou quatro músicas, consolidando a parceria.
Em 1983 quando morava em Itaqui, escreveu uma carta aberta para a imprensa, expressando o seu descontentamento com o descaso dos órgãos públicos para com a classe dos artistas que gravavam discos. Finalizou a carta dizendo que pararia de cantar até que as autoridades tomassem providências a respeito do assunto.
Em 1984 fixou residência em Santa Maria , local onde morou até o dia de sua morte. Nessa cidade fez contrato com uma produtora para realizar uma série de espetáculos na região centro do Estado. Também foi nesse ano que a gravadora RGE lançou o LP "O Melhor de Noel Guarany" e que foi reeditado o LP "Payador, Pampa e Guitarra".Em 1985 se retirou dos palcos, atitude coerente com o que afirmara na carta aberta que divulgou para a imprensa em 1983.
Em 1988 gravou com Jorge Guedes e João Máximo, parceiros de São Luiz Gonzaga, o LP "A Volta do Missioneiro". Nesse ano também gravou com Jaime Caetano Braum, Pedro Ortaça e Cenair Maicá o LP "Troncos Missioneiros". Nesse disco já se pode notar que a doença estava afetando o seu registro vocal, pois o vigor e a clareza de outros tempos já não era os mesmos. Nesse ano foi relançado o LP "De Pulperias".
Nos anos seguintes Noel permaneceu recolhido em seu auto exílio, em Santa Maria. A imprensa de todo o Estado, os colegas artistas e os amigos questionavam a ausência do ídolo missioneiro. Sua vida seguia uma via-crucis, com a doença que cada vez mais se acentuava e que aos poucos lhe tirava toda a atividade motora.
No dia 6 de outubro de 1998, com 56 anos de idade, Noel Guarany faleceu na Casa de Saúde de Santa Maria. Seu corpo transladado para o município de Bossoroca, sua terra natal, onde hoje repousa em um mousoléu especialmente construído para abrigar os restos mortais de seu filho mais popular, que morreu autêntico como sempre viveu.
Agora a opinião deste blogueiro sobre o artista: Noel Guarany, ao lado de Pedro Ortaça, Cenair Maícá e Jayme Caetano Braun, foi considerado um dos quatro Troncos Missioneiros. De personalidade forte, era taxado por muitos como “encrenqueiro” e por culpa de dizer e cantar o que pensava arrumou muitos inimigos. Mas nunca dobrou a espinha para os Senhores, quando achava que estava com sua razão. Foi um peleador nos versos e na vida. Um gaúcho que vivenciou o que exaltava em seus cantares. Através de sua garganta a história de bravura de sua terra e de sua gente parecia avolumar-se. Sempre preocupado com temas sociais foi um visionário, um homem adiante de sua época, o maior ícone da música missioneira de todos os tempos.

domingo, 25 de julho de 2010
A PURA CÊPA CRIOULA

Um fato pitoresco viria a acontecer e tornar-se um marco em 8 de maio de 1942. Assim contou Honeyde:
Uma chuvarada muito grande fez encher o rio da Mulada. A orquestra que ia toca o baile em São Jorge não consegue passar. Me tiraram da cama lá pelas nove da noite, para tocar para aquele povo que estava reunido. Fui de gaita de boca e violão, e meu irmão Valmor levou um chocalho e o acordeão para mim. Nos saímos muito bem.
Naquela mesma noite, acertei um baile, o primeiro na minha vida. Contratante: Saturno Gomes, de muita coragem.
Passei a estudar tudo sobre o acordeão: música no papel e decorando certo o que eu ia aprendendo, tendo nos velhos gaiteiros todos os exemplos de harmonia, ritmos e compassos. Os diferentes gêneros, esses eu encontrei nas livretas de banda de música, na qual papai foi maestro.
Quando ele percebeu minha facilidade e minha dedicação em arte musical, pegou as duas clarinetas e passou-me a dar instruções musicais. Papai empolgou-se e resolvemos formar um conjunto com os outros três irmãos. Compramos um sax alto para o Wilson e o Valmor passou a usar a bateria que tinha sido da banda da Criúva. Logo o Adelar entrou tocando pandeiro e cavaquinho e mais tarde acordeão. Formamos o conjunto “Dois Porongos Acoierados”, que tocou muitas festas nos municípios da região.
Em 1946, os irmãos Wilson e Valmor compram um caminhão, Fioravante transfere-se para Caxias do Sul e o conjunto passa a reunir-se somente para tocar as festas do padroeiro dem São Jorge da Mulada. Honeyde continua estudando, agora com o maestro Victor De Lazzer, em Caxias do Sul, tocando bailes e festas com grande atividade, já colocando nos anúncios o aposto “Cancioneiro das Coxilhas”. A partir de 1947, Adelar, já com domínio total do instrumento, passa a acompanhar Honeyde em todas as apresentações.
Em 1949 foram contratados para uma apresentação da recém inaugurada Rádio Erechim, na cidade de mesmo nome. O apresentador do programa Álvaro Aquino, apresentou a dupla como “Os Irmãos Bertussi – Os Cancioneiros das Coxilhas”. Essa foi a “cerimônia” de batismo.
Em 1955, com a gravação e o lançamento em nível nacional, do primeiro LP “Coração Gaúcho”, pelo selo da Copacabana, e a veiculação de reportagem na revista semanal “O Cruzeiro”, então a mais importante em circulação no Brasil, consolidava-se o caminho para levar a música Bertussi para inumeráveis recantos da Pátria.
Foram duas décadas de intenso trabalho. Centenas de shows, festas, bailes e muitos LPs gravados.. No entanto, foi na música para dançar que se criaram e consolidaram alguns ritmos como samba campeiro e estilos que, mais tarde, passariam a servir de vertente para centenas de outros conjuntos musicais importantes do Rio Grande do Sul.
O pioneirismo dos Irmãos Bertussi, entre outros aspectos, reside no trabalho inovador de juntar, pela primeira vez, dois acordeões, executando com exímio e perícia, musicas previamente escritas e arranjadas para os dois instrumentos, construindo um resultado sonoro e rítmico absolutamente inédito que, com o passar dos anos, viria concretizar o que hoje genericamente se intitula, no sul do Brasil, de música fandangueira.
Em 1965, a dupla desfez-se, passando seus integrantes a formar conjuntos próprios que continuaram a trajetória de apresentações em shows e bailes e a produção de novas músicas e novos discos.

terça-feira, 29 de junho de 2010
A PURA CÊPA CRIOULA
Adelar e Honeyde Bertussi - Ao fundo, a casa da família em São Jorge da Mulada, Criúva, na época pertencente a São Francisco de Paula RS
Talvez a história musical da família Bertussi tenha como origem a nomeação, nos idos de 1914, pelo então presidente do estado do Rio Grande do Sul, Antônio Borges de Medeiros, do maestro Oswaldo Cornelius para constituir e reger a Banda Musical de Criúva, hoje distrito de Caxias do Sul, na época pertencente ao Município de São Francisco de Paula, no Rio Grande do Sul.
Entre seus componentes discípulos, encontrava-se Fioravante Bertussi, originário de São Sebastião do Caí e pai de Honeyde e Adelar, que viriam a formar a mais famosa e importante dupla de acordeonistas do Brasil, Os Irmãos Bertussi, cuja obra, em conjunto ou separadamente, tem o papel de colunas alicerçadoras na construção de especial vertente dentro do quadro da música regional do Rio Grande do Sul e gaúcha do sul do Brasil.
Em 1918, o maestro Oswaldo teve de deixar Criúva e entregou todo o material da banda a Fioravante, que assumiu a regência e, por dez anos seguidos, dirigiu, ensinou e escreveu para todos os instrumentos, ampliando a banda que chegou a compor-se de dezenove figuras.
Em 1932, depois de uma breve passagem por Vila Velha, Vacaria, Fioravante Bertussi volta em definitivo para São Jorge da Mulada, onde instala a sede da Fazenda Bertussi. Em 1937, Fioravante constrói uma usina hidrelétrica que forneceu energia para o distrito de Criúva até o ano de 1982. Com a chegada da luz elétrica, as noites já não eram mais as mesmas na Fazenda Bertussi. Assim relatou Honeyde:
“Essa mudança brusca da vela, do candeeiro, do lampião para a luz elétrica e para o rádio, foi o máximo possível para aquela época. No final de 1937, eu já ouvia músicas de rádios de Buenos Aires e do Rio de Janeiro. Tangos, milongas e valsas argentinas, sambas, choros e marchinhas de carnaval. De São Paulo escutava Alvarenga e Ranchinho, Raul Torres, Serrinha e Arnaldo Meirelles. De Porto Alegre, Pedro Raimundo tocando e cantando a música do sul....
Na mulada, a partir de 1930, iniciou-se o povoado, onde se construiu uma capela em homenagem a São Jorge Certo, para nós um homem a cavalo era melhor, ainda mais, Santo! Aos poucos, São Jorge da Mulada foi crescendo e lá pelos idos de 1940, com a instalação de muitas serrarias, as festividades iam aumentando.
Com gente de São Marcos, Criúva, gaiteiros serranos, muitos e muito bons, orquestras de Caxias eram contratadas para tocar nas festas e bailes. Nessas orquestras, os gaiteiros já tinham gaitas apianadas, muito bonitas e modernas..., era isso que eu precisava..."

domingo, 13 de junho de 2010
A PURA CÊPA CRIOULA

Bem mais tarde ficou sabendo que a música era de autoria de uma senhora residente em São Luiz Gonzaga. Descobriu o nome da Rancheira e o ano em que ela foi criada, 1920, dez anos antes de seu nascimento, quando ouviu, por acaso, o filho de essa senhora tocar a rancheira, ele ficou sabendo que o nome da música era: “Por Aqui, Por ali”, com autorização da família gravou-a em seu CD “Abraço Missioneiro”.
Mais tarde, seu pai lhe comprou uma gaita piano. Nesta época, não existia rádio na campanha, então, se juntavam os gaiteiros para tocar e criar música, ou seja, aumentar o repertório. No entendimento de Dedé Cunha, o fato de não ter como escutar músicas tanto pelo rádio como em toca-discos, essa necessidade proporcionou uma facilidade na arte de criar música.
Dos gaiteiros, que na época reuniam-se para tocar gaita, ele cita com muito orgulho o senhor Francelino Ávila e diz que o mesmo foi sua escola fundamental de sua carreira artística, mas foi no saudoso Reduzino Malaquias, que encontrou seu paradigma. Disse-me com entusiasmo: “igual ao Reduzino, pode vir quem vir que não tem”. Foi meu professor. Um dia, ele esteve em minha casa, almoçou, sesteou e fiquei esperando ele levantar para pedir que ele tocasse pra mim. Aflito, logo que ele levantou, “fui correndo preparar um mate, mateando, ele tocou o resto da tarde, ele gostava de tocar gaita”.
Com o cantor alegre do Rádio, Pedro Raymundo, quando vinha a São Borja, ia aos programas de Rádio e tocaram junto um baile no Clube União no Passo e o Pedro com sua gaita cromática.
Cantou as músicas de Pedro Raymundo quando tinha a gaita piano, depois voltou pra gaita de botão a pedido do saudoso Honeide Bertussi, que na época, teria conseguido um contrato com a gravadora Copacabana para ele e o Tio Bilia, o qual acabou desistindo do mesmo. Mais tarde, foi pelas mãos do cantor missioneiro Pedro Ortaça, com quem manteve uma parceria por dezesseis anos, a assinatura do contrato com a Gravadora Copacabana do seu primeiro LP “Cordeona de Três Ileras”.
Seus parceiros tanto de tocatas como de gravação foram os seguintes: Francelino Ávila, Getúlio Luiz da Silva, (parceiros amadores); Pedro Ortaça acompanhou em gravações de cinco CDs e apresentações por dezesseis anos; Noel Guarani (nas folgas), Mano Lima, em gravações e apresentações, Amigo Souza, João Paulo Molina, em gravações.
Resumidamente, a sua obra consta de dois LPs gravados pela Copacabana, um gravado pela CITE, dois CDs gravados pela Usa Discos, um trabalho de resgate para CD, pela Gravadora EMI, dos dois primeiros LPs. E Várias participações especiais em gravações de discos de colegas de arte, inclusive, com Pedro Ortaça em cinco CDs. Dedé Cunha tinha o orgulho de dizer que em suas andanças sempre levou o nome de São Borja, tanto no Brasil como no exterior.
Dedé Cunha teve reconhecido seus valores pelo Centro Cultural de São Borja, quando recebeu o troféu “Roquito”, confeccionado pelo artista plástico Rossini, das mãos do Presidente do Centro Cultura colega Augusto Weber, em programação comemorativa ao aniversário da entidade.
Este texto foi extraído da palestra que o escritor Ramão Aguilar proferiu, no aniversário do CENTRO CULTURAL DE SÃO BORJA quando o homenageado foi o nosso grande DEDÉ CUNHA. O Ramão, depois enviou para o site CHASQUE PAMPEANO na seção BIOGRAFIA. www.chasquepampeano.com.br

quinta-feira, 27 de maio de 2010
A PURA CÊPA CRIOULA

A meu pedido, Glaucio Vieira fez um trabalho de pesquisa sobre estes gaiteiros, legendas de nosso pago.
Pedro Augusto de Carvalho Vieira nasceu em 29 de junho de 1921 no distrito de Clemente Argolo na cidade de Lagoa Vermelha.
Tio Pedrinho como é conhecido, foi casado com Celeste Feijó Vieira com quem teve 06 filhos, Guaraci, Jussara, Jacira, Maria Arajuiara, Jaíra e Caubi. Foi oficial de justiça da comarca de Lagoa Vermelha. Demonstrou seus dotes artísticos pela primeira vez em um cavaquinho com 07 anos de idade que havia ganho de seu irmão Tio Góes (João Alexandre de Góes Vieira) e, logo com 10 anos, já se apresentava tocando gaita de 08 baixos.
Tio Góes e Tio Pedrinho formaram a dupla "Irmãos Pato" e animaram muitos bailes na região dos campos de cima da serra e demais regiões do Estado. Gravaram diversos discos, entre estes, um com Fioravante Bertussi a pedido de Adelar Bertussi. Foram eles, também, que tocaram o baile principal da segunda edição da Califórnia da Canção de Uruguaiana junto com o grupo " Os Fandanguistas".
O mestre Paixão Cortes conheceu Tio Pedrinho em uma visita a Lagoa Vermelha que fazia parte de seus estudos sobre a história e os costumes do gaúcho, onde nessa ocasião Tio Pedrinho lhe apresentou a "Vaneira Marcada" que tempos depois o cantor e compositor Leonardo viria a compor a letra e gravar a canção em disco.
O Pedrinho foi homenageado várias vezes, entre elas está a canção "Bugio do Tio Pedro" composta por Leonardo e gravada em disco pelo conjunto Os 3 Xirus. Leonardo também homenageou Tio Pedrinho e Tio Góes com a canção "Meus velhos Queridos” onde cita também Tio Bilia, Virgílio Pinheiro , Tio Mederico, entre outros tantos.
Os Irmãos Pato tocavam bailes com as gaitas de 08 baixos Todeschini (Foto) que foram fabricadas com afinação exclusiva para a dupla. Tempos depois, passaram a dedicar-se aos estudos do bandoneon e assim segue Tio Pedrinho até hoje.
Tio Pedrinho completa este ano 89 anos, está bem de saúde e reside em Passo Fundo e segue tocando seu bandoneon. Uma de suas maiores alegrias é se unir aos jovens Jauro Ghelen (gaiteiro e amigo) e Glenio Vieira (que é neto e toca violão) para juntos relembrarem antigos temas e matarem as saudades dos bailes com os Irmãos Pato.

sábado, 8 de maio de 2010
A PURA CEPA CRIOULA

Telmo de Lima Freitas nasceu em São Borja, RS, em 13 de fevereiro de 1933. Filho do oficial do exército brasileiro Leonardo Francisco Freitas e da campeira Mariana de Lima Freitas, Telmo desde cedo demonstrou que seguiria a carreira musical. Aos dois anos de idade, estampou a capa da Revista Cacimba tendo na mão um cavaquinho, presente de sua madrinha. Mais tarde, recebeu um violão de presente de um amigo.
Aos 14 anos, participou do grupo Quarteto Gaúcho. Nos anos 50, apresentou o programa gauchesco Porongo de Pedra, na Rádio ZYFZ-Fronteira do Sul, de São Borja. Em 1969, participou do primeiro Festival de Música Regionalista organizado pela Rádio Gaúcha.
No começo de sua carreira conciliou a musicalidade com diversas outras profissões. Foi enfermeiro, peão de estância e trabalhou em lavouras de arroz.
No cinema, participou do filme A Lenda do Boitatá.
Em1973, lançou seu primeiro disco, intitulado O Canto de Telmo de Lima Freitas. Morou durante anos em Uruguaiana e outras cidades do interior como Itaqui, aonde se aposentou como agente da policia Federal.
Com seus amigos Edson Otto e José Antônio Hahn, criou o grupo Os Cantores dos Sete Povos, com o qual conquistou o troféu Calhandra de Ouro da Califórnia da Canção Nativa de Uruguaiana, em 1979, com a canção Esquilador. Com o grupo, Telmo participou das 11 primeiras edições do festival.
Em 1980, lançou Alma de Galpão, produzido de maneira independente e financiado pelo grupo Olvebra.
Com o álbum A Mesma Fuça, recebeu o Troféu Açoriano em duas categorias: Melhor Compositor e Melhor CD Regional. É autor do livro de poesias crioulas "De Volta ao Pago", lançado pela Gráfica e Editora Treze de Maio.
Em 2006, Telmo gravou uma compilação de sua discografia, denominada Aparte, com a participação de seus familiares e de antigos parceiros, como Joãozinho Índio, Luiz Carlos Borges e Paulinho Pires.
Telmo de Lima Freitas, por ser conhecedor a fundo da vivência campeira, é considerado um dos compositores mais autênticos do Rio Grande. Gravar uma composição do Telmo é receita de sucesso para qualquer grupo galponeiro desta terra.
No ano de 2009 foi escolhido Patrono da Semana Farroupilha e cumpriu esta incumbência como poucos, participando das atividades inerentes ao cargo com alegria e vibração.
Hoje, aos 77 anos, Telmo de Lima Freitas, o Jundiá, como é carinhosamente chamado por seus amigos mais chegados, continua firme como um palanque de guajuvira, morando em seu rancho no município de Cachoeirinha. Passa o dia lidando com seus cavalos, trançando uma soiteira, fazendo uma bainha para a faca e ostentando, ao longo de suas melenas brancas e barba cerrada, o brazão de Pura Cêpa Crioula deste pago. Quem olha para o Telmo enxerga o Rio Grande Gaúcho!

quarta-feira, 21 de abril de 2010
A PURA CÊPA CRIOULA

Nascido a 18 de março de 1934, na Ilha do Cônsul no Delta do Jacuí, Paulinho Pires, aos três anos, foi morar na Ilha das Flores, onde passou boa parte de sua infância.
Aos 5 anos já se iniciava na gaita de boca e aos 10, mudou-se para a outra margem do rio, Picada Sul, entre a Ilha da Pintada e o município de Guaíba.
Crescendo em contato com a natureza, participava das festas tradicionais onde a música e a poesia faziam parte do convívio popular: eram as procissões religiosas, as quermesses, as reuniões filantrópicas em praças públicas e as folias de carnaval.
Aos 16 anos, idade em que começou a tocar o violão, ganhou um acordeon de 48 baixos, marca Dal-Santos, com a qual, logo passou a se apresentar em festas, bailes, casamentos,tocando vanerão, xotes, valsas e fazendo serenatas. Foi nessa época que compôs sua primeira música, um samba intitulado Vagabundo.
Aos 20 anos, transferiu-se para Porto Alegre, vindo a participar de um grupo ligado a arte nativa, chamado Estância da Amizade.
Nesta época começou a tocar serrote. Passou a freqüentar o C.T.G. 35, sendo convidado a participar do grupo como peão artístico e acordeonista, viajando pelo Estado e fronteiras do Rio Grande (Argentina e Uruguai).
Como instrumentista e intérprete, integrou o conjunto vocal Os Carreteiros e o conjunto folclórico da Varig, Pagos da Saudade. Também participou do Conjunto de Folclore Internacional, conhecido, hoje, como Os Gaúchos.
Do final da década de 60 até início dos anos 90, participou como compositor e intérprete de importantes festivais musicais sendo o autor do tema que deu o primeiro grito ecológico nestes eventos, a canção Súplica do Rio.
Participou da abertura e encerramento de importantes eventos do RS, executando em solo de Serrote o Hino Nacional e Riograndense.
Em 1963 lançou o Compacto Simples ‘Paulinho Pires’ – Solo de Serrote e Canto, pela Fermata. Em 1984 participou da Coletânea de Músicos de Porto Alegre, o LP ‘POA 84’ , com ‘Exaltação a Porto Alegre’. Em 1993, gravou no estúdio K30, a fita cassete ‘Campo e Cidade’ pelo selo TimbreSul.
Em 2002 lançou o CD ‘Natureza, Campo e Cidade’ pelo selo Raízes.
Atuou como músico violoncelista junto à orquestra exclusivamente montada para o filme Concerto Campestre, de Henrique de Freitas Lima.
Prêmios e Distinções
1962 - Prêmio Glaucus Saraiva – Câmara de Vereadores de Porto Alegre
2001 - Prêmio Açorianos de Música - Melhor Compositor Regional
2002 - Medalha Simões Lopes Neto – Governo do Estado do RS
Meus Parceiros! Dúvido que neste Rio Grande Velho, no meio artístico ou fora dele, exista alguém que não goste do Paulinho Pires. Que Santa Criatura. Com sua calma, seu sorriso, chamando a todos de "meu maninho" o Paulinho está sempre pronto, a qualquer hora, para atender ao pedido de um amigo. É prender o grito que o Paulinho Pires, com seu serrote embaixo do braço, o violão preso na outra mão, vem se chegando, de mansinho, cuidando para não atrapalhar nem ofender ninguém. E quem chega na sua casa na rua dos Burgueses!? Não adianta ter pressa. É um traguinho com butiá aqui, outro com losna ali, e o mundo pode desabar que a gente não sai sem ver uma planta, uma folhagem que ele, homem preocupado com a ecologia, acabou de semear.
Tenho orgulho em conhecer e ser amigo e Irmão do Paulinho Pires!

quinta-feira, 8 de abril de 2010
A PURA CÊPA CRIOULA

Crioulo de Santiago do Boqueirão, terra de grandes gaiteiros, Gilberto Monteiro é para muitos o melhor acordeonista de gaita botoneira do Rio Grande. Se é o melhor, não sei, mas em matéria de sensibilidade musical ao abraçar uma "voz trocada" ah..... é de se tirar o chapéu.
De temperamento arredio (não sei porque todo grande artista é assim) Gilberto passeia pelas ilheras da gaita com dedos de veludo. Tira sons incríveis de um instrumento musicalmente limitado.
No entanto, a canção que o popularisou, veio por mãos de outro grande instrumentista também de gaita ponto, Renato Borghetti, intitulada Milonga Para as Missões. Contudo, quem escuta Pra Ti Guria, canção que dá título a seu primeiro CD, sente vontade de andejar pelos campos suaves, entre os altos e baixos das coxilhas do Rio Grande. Isto sem falar em Prelúdio de Um Beija-Flor, Alumiando as Maçanetas, e... por aí se vai. Seu segundo CD, De Lua e Sol, é farinha do mesmo saco. Vai do campeirismo ao telúrico de forma virtuosa e sublime.
Da velha linhagem de Raulito Barbosa e Antônio Tarragô Ros, acordeonistas argentinos, Gilberto Monteiro, criativo, vibrante, “loco” por tesouros escondidos nas taperas da querência, teve como grande escola Ernesto Montiel, mestre de tantos outros gaiteiros como Leonel Gomes, Edilberto Bérgamo e Aluísio Roquembach.
Gilberto Monteiro, meus manos, é A Pura Cepa Crioula deste pago. Destes que se conta nos dedos de uma das mãos e que, portanto, já não se vê as pencas por aí!
Colaboração - Paulo de Freitas Mendonça
