RETRATO DA SEMANA


Partindo para revolução - Autor desconhecido
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quinta-feira, 8 de novembro de 2012

ALGUÉM TEM OUTRA VERSÃO?


Amigo Léo Ribeiro

O assunto é a Rastra.

Há poucos dias ao acompanhar pelo Facebook a tua \"peleia\", no bom sentido é claro, sobre o que é ser tradicionalista, deparei-me com o termo Rastra. Sempre tive muita curiosidade sobre este acessório da nossa indumentária, e embora tenha pesquisado bastante, não encontrei nada sobre a Rastra. Pois a muitos anos atrás, um instrutor de danças gauchescas, que se dizia entendido no assunto, me deu a seguinte explicação.

A Rastra tem sua origem castelhana. Ocorre que em tempos antanhos, quem era mais habilidoso na faca, no facão ou na adaga, tinha um tempo de vida mais prolongado... E numa briga com adaga, o importante era estocar ou furar o umbigo do adversário. Por isto, a necessidade de proteger aquela região do corpo, daí o formato da Rastra, com a forma semi-elíptica sobre o umbigo.

E mais, de acordo com ele, essa proteção não podia ser lisa, tinha que ter algum retovo ou ranhuras, pois se fosse lisa, numa eventual estocada do inimigo a ponta da adaga escorrega para fora da Rastra e fura a barriga do vivente.

Será que isto tem algum fundo de verdade ?

Rui Gressler

Nota do Blog: Bonita a questão. E se alguém tiver uma outra versão, por favor nos mande.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

NÓS, DO SUL, SOMOS PREPOTENTES?

Circula, faz algum tempo, aqui pelo Rio Grande do Sul, uma coleção de imagens e dizeres muito bem humorados intitulados "aqui no RS é assim". Até estou guardando para começar a postar aqui no blog.

Como disse, é uma brincadeira em cima desta outra brincadeira de que o gaúcho se acha superior aos outros povos do mundo, fato, talvez, herdado dos nossos hermanos argentinos (agora uma chacota minha). O gaúcho é um ser que gosta de rir de si mesmo e de suas pataqüadas (seus foras) e isto também é uma virtude. Nesta linha seguiram diversos escritores como Luis Fernando Veríssimo em seu Analista de Bagé até os sites modernos como O Bairrista, agora encampado pela RBS. Em suma, digo que nós, do sul, não somos prepotentes. Somos bem-humorados. 


O problema de "se achar" é quando se sai da linha da brincadeira e se penetra numa seara sisuda e séria como é o nosso Movimento Tradicionalista Gaúcho. Bombeiem a imagem abaixo. É o flagrante de dois manequins expostos em um evento sob a chancela do MTG. Na imagem da esquerda está o manequim com uma pilcha (roupa tradicionalista do Rio Grande do Sul) com um cartaz contendo os dizeres: EU SOU GAÚCHO. No manequim da direita outra pilcha (com boina, rastra, lenço curto) e com outro cartaz escrito o seguinte: EU QUERO SER GAÚCHO. 

Mas pelo amor de Deus! Com todo o respeito. O MTG não pode se adonar da palavra gaúcho! Ele patenteou este termo!? Gaúcho, meus amigos, existia muito antes das fronteiras do Rio Grande serem delimitadas. Gaúcho, companheiros, é um estado de espírito e não se prende a fronteiras geográficas e muito menos a roupa que usa. Dizer que quem não está de acordo com o que reza a cartilha do MTG não é gaúcho é um dos maiores impropérios que já ouvi.

Glaucus Saraíva,um ícone do tradicionalismo, há muitos anos (e eu estava lá) proferia uma palestra sobre indumentária em Bagé, num congresso tradicionalista, vestido de roupa "safari" . Claro que ele, intencionalmente, deixou a bola picando para alguém perguntar: - Como tu podes falar em indumentária com estes trajes? No que ele respondeu: O TRADICIONALISMO ESTÁ NA ALMA.

Tenho muito apreço pelo MTG, reconheço seu trabalho e suas labutas, e possuo grandes amigos ali dentro como o Rogério Bastos e o Fraga Cirne, mas não posso concordar com o preconizado na foto acima. Então que se colocasse assim: Pilcha correta do tradicionalista rio-grandense, de acordo com as orientações do MTG. Aí tudo bem. Mas determinar quem é ou quem deixa de ser gaúcho pela roupa que veste!? Então a pessoa humilde, que cultiva nossas tradições mas que não pode comprar uma pilcha (pois é algo caro), não é gaúcho?

Como diz a gurizada: "Menos, MTG. Bem menos".  

quinta-feira, 3 de maio de 2012

A INDUMENTÁRIA GAÚCHA - PARTE III

Por: Jeândro Garcia

AS LOJAS DE PILCHAS

De uns vinte anos para cá proliferaram no Rio Grande do Sul as lojas de comercialização de pilchas gaúchas. A pioneira neste seguimento foi a do “seu” Waldemar Alchieiri (foto) que continua em plena atividade até hoje.

Abrir uma selaria em plena Voluntários da Pátria em Porto Alegre parecia contraditório, mas em 1967 seu Waldemar Alchieiri alugou o imóvel do antigo proprietário, e ali iniciaram suas atividades.

Seu Waldemar e Dona Ana Alcheiri, casados a mais de 50 anos, viram que a idéia era meio extravagante, afinal quem compraria selas em Porto Algre? Então decidiram que também ofereceriam produtos que qualquer bom gaúcho possa querer. Compraram o prédio, e na parte superior fizeram uma confecção.

Sua loja de Pilchas Alchieri, hoje com mais de 40 anos, foi a primeira a fazer bombachas em Porto Alegre, faixas de prendas, e diversas atividades pioneiras, sendo hoje a produção de pilchas sob medida é o foco do negócio, como bombachas, coletes, paletós e vestidos de prenda, mas também oferecendo produtos como lenços, facas, botas, sapatilhas e outros.

Em 1985 confeccionaram toda a indumentária para a série “O Tempo e do Vento”, que hoje está sendo gravada em formato de filme. Diversas lembranças ficaram, como um quadro da Rede Globo agradecendo os serviços, assim como um pedaço de couro de 1m² com autógrafos e dedicatórias de cada ator e produção.

Mesmo em idade para se aposentar, o casal ainda faz questão de atender pessoalmente cada cliente, sempre dispostos a entregar a pilcha ao gosto do cliente, afinal uma loja que possuiu clientes como Teixeirinha, José Mendes, Nico Fangundes e tantos outros nomes importantes que ainda são assíduos, precisa de um atendimento especial, sem nunca deixar de lhes passar um pouco da sua história no tradicionalismo, afinal seu Alchieri é um dos primeiros no MTG, e o casal foi um dos fundadores da primeira invernada Xirú. Em sua loja vendem pilchas, mas dão de graça aulas de tradicionalismo, respeito e amizade.

Baseado no texto da publicação: Imaginário de Porto Alegre.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

A INDUMENTÁRIA GAÚCHA - PARTE II

Por: Jeândro Garcia
Buenas!

Voltamos hoje com mais informações sobre a pilcha gaúcha, sendo que hoje será a pilcha do peão. Regradas pelo MTG, mas apenas tomadas como uma orientação para o que é padrão, muitas vezes personalizadas conforme a região, o gosto e influências.

Bombacha: Calça de origem turca, usada pelos pobres na Guerra do Paraguai. São largas na Fronteira, médias no Planalto e estreitas na Serra, quase sempre com "favos de mel". Necessariamente de cós largo, sem alças para a cinta e com dois bolsos grandes nas laterais. Em ocasiões festivas tem cores claras, sóbrias e escuras para viagens ou trabalho.

Camisa: Cores sóbrias ou claras, com padrão liso ou riscado discreto com gola esporte ou social. Mangas curtas para ocasiões informais ou de lazer e longas para eventos sociais-formais.

Lenço: Atado ao pescoço, de uma ou duas cores ou xadrez miúdo e mesclado. Na cor vermelha, branca, azul, amarelo, encarnado, preto (para luto) e bege. Xadrez de branco e preto é para luto aliviado.

Existem diversos tipos diferentes de nó:
Comum: Simples e ximango
Farroupilha: Três-galhos, amizade, saco-de-touro
Pachola: 2 posições - destro e canhoto
Republicano: Borboleta e dois-topes
Quadrado: Quatro-cantos, rapadura e maragato
Namorado: 3 posições - Livre, querendão e apaixonado

Crucifixo: Religioso

Pala: Diferentemente do poncho, cuja origem é gauchesca e que serve para proteger apenas do frio e da chuva, o pala tem origem indígena e serve para proteger contra o frio, sendo de lã ou algodão, e de seda para proteger contra o calor.

Bota: O uso de botas brancas é vedado.
Guaiaca (espécie de cinto): Para guardar moedas, palhas e fumo, cédulas, relógio e até pistola.

Esporas: "Chilenas" ou "nazarenas" de prata ou de outro metal.

Tirador: Para lida campeira, sem enfeites.

Colete

Chapéu e barbicacho: Usados como proteção contra o sol. Não é recomendado o uso do chapéu em lugares fechados, como no interior de um galpão.

Paletó

Faixa: Tira de pano, preferencialmente de lã, usada na cintura com o propósito de prender a bombacha.

Faca

É vedado para todas as situações, por não fazer parte da indumentária gaúcha:
  • Bonés e boinas
  • Barbicachos exclusivamente de metal
  • Chapéus de couro, palha, ou qualquer outro material sintético
  • Cinto com rastra (enfeite de metal com corrente na parte frontal)
  • Botas de borracha ou de lona

segunda-feira, 23 de abril de 2012

A INDUMENTÁRIA GAÚCHA - PARTE I

Por: Jeândro Garcia
Foto: Léo RS

Já que semana passada entramos nesta temática das pilchas sob medida do seu Waldemar Alchieri, que tal um pouco de informação geral sobre o uso de nossa indumentária? Sabemos que cada um utiliza as pilchas de modo diferenciado, seja por necessidade, preferência ou regras do MTG, mas nunca é demais um pouco de informação sobre a pilcha.

Nossa vestimenta, hoje tão debatida, tamanhos, cores, tipos e tantas variantes é a indumentária gaúcha tradicional, utilizada por homens e mulheres de todas as idades. O MTG disciplina o seu uso e no Estado do Rio Grande do Sul é, por lei, traje de honra e de uso preferencial inclusive em atos oficiais públicos. É a expressão da tradição, da cultura e da identidade própria do gaúcho, motivo de grande alegria e celebração em memória do pago.

A origem da indumentária gaúcha data dos primórdios da colonização dos pampas e é o resultado da união de influências históricas, sociais e culturais adaptadas à realidade, ocupação e trabalho campeiro.

 Historicamente a indumentária gaúcha pode ser dividida em quatro fases, existindo para cada uma a peça feminina correspondente.

Chiripá primitivo (1730-1820)
Braga (idem)
Chiripá farroupilha (1820-1865)
Bombacha (1865 até dias atuais)

O MTG, reunido na 67ª Convenção Tradicionalista Gaúcha definiu as diretrizes para a Pilcha Gaúcha. Define três tipos de indumentária igualmente para peões e prendas:

1. Pilcha para atividades artísticas e sociais
2. Pilcha Campeira
3. Pilcha para a prática de esportes (truco, bocha campeira, tava, etc)

Esta semana ainda postaremos mais sobre a pilcha do peão e da prenda, mas por enquanto ficam estas curiosidades: 

 O lenço vermelho - maragato - e o lenço branco - chimango - são os mais tradicionais, identificando, na Revolução Federalista (1893-1895) e na Revolução de 1923, os diferentes lados envolvidos nas contendas. É corrente o uso dessas cores para demonstrar simpatia/concordância com maragatos ou chimangos.

Em determinados CTGs não se permite à participação nos bailes de peões ou prendas que não estejam adequadamente pilchados. Peão é o homem gaúcho, prenda a mulher gaúcha, guri o menino gaúcho e piá a criança gaúcha. Pago é a terra natal do gaúcho, querência é onde está morando. É comum ouvir: "Meu pago é o Alegrete mas estou aquerênciado em Rondônia".

sexta-feira, 30 de março de 2012

PILCHA GAÚCHA INSPIRA ESTILISTA

Dois motivos para a postagem que faço.

Primeiro porque a pilcha gaúcha serviu de inspiração para a coleção do maior estilista brasileiro da atualidade, Mieli.

Segundo, e mais importante, é porque esta matéria, que extraí do site do Kzuka, foi produzida pela estudante universitária de design de moda Mariana Vallim, minha filha (deixem um velho Contendeiro babar um pouco!).

Miele mostrou sua releitura da prenda moderna (E), e chapéus de aba larga com barbicacho (tirinha de couro presa ao queixo) - Montagem de fotos de Ricardo Duarte

Produção: Mariana Vallim - Kzuka / RS

Casa cheia no Donna Fashion para conferir a coleção gaúcha de Miele. Estilista desembarcou o looks inspirados no Sul que mostrou na Samana de Moda de Nova York.

Depois de brilhar na Semana de Moda de Nova York, a coleção do estilista Carlos Miele desembarcou em Porto Alegre na noite desta quarta-feira (28), no primeiro dia do Donna Fashion Iguatemi, semana de moda gaúcha. Inspirado na cultura do Sul e nas mulheres gaúchas, o estilista encantou a todos com cada modelo que entrava na passarela e fazia com que o orgulho gaúcho florescesse ainda mais vendo peças tão bem trabalhadas e inegavelmente nossas.

Ponchos, chapéus de aba larga com barbicacho (tirinha de couro presa ao queixo) e uma releitura das bombachas chamaram uma multidão aglomerada pra não perder um minuto sequer do desfile

Não faltaram cintos largos marcando bem a cintura, remetendo ao cinturão usado na indumentária gaúcha, mas com ar moderno, cheio de tachas e metalizados. Os tons terrosos e o preto foram predominantes, dando espaço apenas pro dourado, tons de azul e estampas geométricas. O jeanswear também apareceu nos tons azul escuro, bem justinho, juntamente com tricô na cor cru – que aliás, só foram desfilados no DFI. Tradicionais da marca, os vestidos longos esvoaçantes não podiam faltar. E vieram elegantes, com sobreposições e trabalhados com faixas de tecidos tramadas.

No final, Miele mostrou sua releitura da prenda moderna, com um vestido preto armado com muito tule, cintura bem marcada, bolero com tachas metalizadas e o chapéu pra arrematar. Posso dizer que me sinto orgulhosa de ter uma cultura tão rica que possa servir de inspiração para uma coleção tão linda quanto essa. Ponto pra nós gaúchos, ponto pro Miele!

Na última sexta-feira (23), eu e mais 10 estudantes de Design de Moda tivemos a oportunidade de participar de um super bate-papo com a renomada Janine Niepceron, em um coquetel no ateliê da estilista Marilene Veiga. Francesa, Janine veio morar no Brasil para acompanhar seu marido, e após ter muitas experiências com grandes maisons francesas (como Dior), a especialista em alta costura teve a honra de trabalhar com o estilista Carlos Miele, considerado, hoje, o estilista brasileiro mais reconhecido no mundo

terça-feira, 24 de maio de 2011

AINDA SOBRE INDUMENTÁRIA GAÚCHA

Sobre a postagem de ontem (logo abaixo) "Diretrizes das Pilchas", nos escreve o tradicionalista Carlos Homrich.

As tradições regionais nos dizem que as bombachas SÃO LARGAS NA FRONTEIRA, ESTREITAS NA SERRA e MÉDIAS NO PLANALTO, abotoadas no tornozelo, e quase sempre com favos de mel (enfeites feitos com o próprio tecido). A bombacha usada atualmente é a de cós largo, sem alças para a cinta e com dois bolsos grandes nas laterais, de cores claras para ocasiões festivas, sóbrias e escuras para viagens ou trabalho. O gaúcho da fronteira usa faixa e guaiaca na cintura; da serra e do planalto dispensam as mesmas.

Ora a tradição regional nos mostra que as bombachas SÃO LARGAS NA FRONTEIRA, ESTREITAS NA SERRA e MÉDIAS NO PLANALTO, então porque mudamos o jeito de ser na nossa BOMBACHA?

O Movimento Tradicionalista Gaúcho, reunido na 67ª Convenção Tradicionalista Gaúcha, realizada em 29 e 30 de julho de 2005, na cidade de Tramandaí, aprovou DIRETRIZES para a “Pilcha Gaúcha”, conforme determina o parágrafo único do Art. 1º da Lei n° 8.813 de 10 de janeiro de 1889, com alterações introduzidas pela 69ª Convenção Tradicionalista Extraordinária, realizada no dia 20 de maio de 2006, na cidade de Bento Gonçalves, conforme trecho abaixo:

“I - DA PILCHA PARA ATIVIDADES ARTÍSTICAS E SOCIAIS
Indumentária a ser utilizada nas atividades cotidianas, apresentações artísticas e participações sociais, tais como bailes, congressos, representações, etc.
1. PILCHA MASCULINA
- BOMBACHAS:
Obs.
- A largura das bombachas, na altura das pernas, deve ser tal que a caracterize como tal e não seja confundida com uma calça. (Grifo nosso)
- As bombachas deverão estar sempre para dentro das botas.
- É vedado o uso de bombachas plissadas e coloridas.”

Mas antes desta observação, nas mesmas Diretrizes aprovadas nos diz, quanto à largura, que a bombacha deve ser:

“Largura: com ou sem favos, coincidindo a largura da perna com a largura da cintura, ou seja, uma pessoa que use sua bombacha no tamanho 40, automaticamente deverá ter, aproximadamente, uma largura de cada perna de 40 cm.”

Ora, se a Diretriz aprovada diz que a bombacha, na altura das pernas deve ser tal que a caracterize
como tal e não seja confundida como calça, então porque na mesma Diretriz aprovada nos diz que a bombacha na largura da perna deve ter a mesma largura da cintura. Acredito que o que caracteriza como tal uma bombacha seja o fato de que deve ser abotoadas no tornozelo, cós largo, sem alças para cinta, e isto é bem diferente de calça.

Portanto, porque se aprova uma Diretriz que se encontra em choque, ou seja, pode a bombacha (com ou sem favos) ter uma largura que não seja justa ou confundida como uma calça, mas ao mesmo tempo deve ter a bombacha (com ou sem favos), na altura das pernas a mesma largura da cintura.

Outro ponto que é bastante discutível é em relação à tradição. A nossa tradição diz que as bombachas SÃO LARGAS NA FRONTEIRA, ESTREITAS NA SERRA e MÉDIAS NO PLANALTO. Portanto temos de acordo com as nossas tradições o uso de bombachas em três estilos, largas na fronteira, estreitas na serra e médias no planalto. Temos que respeitar nossas tradições regionais e não ficarmos mudando e colocando estilos de bombachas padronizadas. Ora, as Diretrizes aprovadas dizem que o uso de favos e enfeites de botões, depende da tradição regional, porque, então, as bombachas também não seguem a tradição (regional): LARGAS NA FRONTEIRA, ESTREITAS NA SERRA e MÉDIAS NO PLANALTO.

OBS 1ª: Desculpem se fui muito repetitivo em relação às tradições regionais, mas era preciso assim ser.

OBS 2ª: O Movimento Tradicionalista Gaúcho nos diz em seu sítio (www.mtg.org.br) que na Cidade de Tramandai se aprovou as Diretrizes conforme determina o parágrafo único do Art. 1º da Lei n° 8.813 de 10 de janeiro de 1889. Bem, acredito que seja do ano de 1989 e não 1889, conforme se encontra no sítio do MTG (www.mtg.org.br), e esta é a Lei Estadual, da Pilcha Gaúcha, de autoria Dep. Algir Lorenzon, LEI Nº 8.813, DE 10 DE JANEIRO DE 1989, que oficializa como traje de honra e de uso preferencial no Rio Grande do Sul, para ambos os sexos, a indumentária denominada “PILCHA GAÚCHA”. O seu parágrafo único do Art. 1º nos diz que: ‘Será considerada “Pilcha Gaúcha” somente aquela que, com autenticidade, reproduza com elegância, a sobriedade da nossa indumentária histórica, conforme os ditames e as diretrizes traçadas pelo Movimento Tradicionalista Gaúcho’. Muito bem o Congresso de Tramandai veio regulamentar este parágrafo único, mas me desculpem, pois acredito tenham esquecido e passado por cima de nossas tradições regionais.

Carlos Homrich
Tradicionalista
Advogado-OAB/RS 39.479
Relator Geral em dois CONTREG - Congresso Tradicionalista Gaúcho da 1ª RT
“www.carloshomrich.jur.adv.br”

segunda-feira, 23 de maio de 2011

DIRETRIZES DAS PILCHAS

NECESSITAM DE UM REESTUDO POIS FEREM COSTUMES REGIONAIS

Observem esta foto de dois gaúchos serranos, Os Irmãos Bertussi, isto lá por 1957 (bem antes das "Diretrizes" das Pilchas Gaúchas). As bombachas não eram largas!

Segundo informações que obtive, o Presidente do MTG Erival Bertolini se mostra receptivo para com algumas mudanças na entidade que preside, a começar pelo regulamento campeiro.

No fim de semana do dia 08 de maio aconteceu, em Santa Maria, no CTG Estância do Minuano, a reunião de Coordenadores do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), com a finalidade de discutir tal regulamento. Durante a sexta e o sábado, foram colhidos opiniões e depoimentos de todos os participantes sobre o que deveria ser alterado na legislação. Segundo o presidente do MTG, o objetivo é justamente propor uma revisão do regulamento, a fim de simplificá-la. “Queremos eliminar algumas contradições ainda existentes”, afirmou.

Uma Comissão, constituída por representantes do Movimento, dará continuidade aos trabalhos. A estimativa é de que a finalização aconteça ainda na segunda quinzena de junho. Após, será realizada uma nova reunião com conselheiros e coordenadores para apresentação do resultado dos estudos.

Esperamos que esta receptividade estenda-se a um estudo mais profundo sobre a indumentária e nas intempéries do projeto abaixo, principalmente no que tange a largura das bombachas.

O Movimento Tradicionalista Gaúcho, reunido na 67ª Convenção Tradicionalista Gaúcha, realizada em 29 e 30 de julho de 2005, na cidade de Tramandaí, aprovou as presentes DIRETRIZES para a “Pilcha Gaúcha”, conforme determina o parágrafo único do Art. 1º da Lei n° 8.813 de 10 de janeiro de 1889, com alterações introduzidas pela 69ª Convenção Tradicionalista Extraordinária, realizada no dia 20 de maio de 2006, na cidade de Bento Gonçalves.

I - DA PILCHA PARA ATIVIDADES ARTÍSTICAS E SOCIAIS
Indumentária a ser utilizada nas atividades cotidianas, apresentações artísticas e participações sociais, tais como bailes, congressos, representações, etc.

1. PILCHA MASCULINA

- BOMBACHAS:

Tecidos: brim (não jeans), sarja, linho, algodão, oxford, microfibra

Cores: claras ou escuras, sóbrias ou neutras, tais como marrom, bege, cinza, azulmarinho, verde-escuro, branca, fugindo as cores agressivas, fosforescentes, fugindo das cores contrastantes e cítricas, como vermelho, amarelo, laranja, verde-limão, cor-de-rosa.

Padrão: liso, listradinho e xadrez discreto.

Modelo: cós largo sem alças, dois bolsos na lateral, com punho abotoado no tornozelo.

Favos: O uso de favos e enfeites de botões, depende da tradição regional. As bombachas podem ter, nos favos, letras, marcas e botões. Obs.: roupas de época não podem ter marcas.

Largura: com ou sem favos, coincidindo a largura da perna com a largura da cintura, ou seja, uma pessoa que use sua bombachas no tamanho 40, automaticamente deverá ter, aproximadamente, uma largura de cada perna de 40 cm.


Blog: Neste último item, a LARGURA DA BOMBACHA é que mora o meu protesto. Tenho a impressão que a pessoa que elaborou este projeto (e quem votou a favor) não pesquisou o suficiente sobre usos e costumes das vestes regionais.

Compreendo que tal projeto visa espantar a bombacha justa (calça-de-punho) muito usada no Uruguai e na Argentina mas, além de não conseguir seu intento, o projeto acabou coibindo o uso da bombacha serrana, que nunca foi larga a este ponto e que sempre existiu, antes mesmo de se pensar em diretrizes das pilchas. Houve, isto sim, falta de um trabalho mais específico e detalhado sobre o assunto, que teve voto favorável até de gente de São Francisco de Paula que, com certeza, desconhece a sua história.

Além de tudo, tal modelo é anti-estético. Imaginem eu, baixo e pançudo, com uma bombacha onde a largura de uma perna tem que regular com minha cintura. Já ouviram falar em toco de amarrar bode?

Então que se colocasse assim: a largura da perna da bombacha, na altura do joelho, não pode ter menos que tantos centímetros. Mas nunca vinculá-la a cintura.

De repente nosso Presidente Erival Bertonili possa convocar gente que realmente entenda do riscado para uma nova leitura deste projeto.

Tenho o maior carinho e respeito pelo Movimento, só não apoio os excessos.

Apenas como reforço que tal diretriz não vingou é que já vi diretores e conselheiros do MTG usando a bombacha em total desacordo com o que prega o projeto. Para ir mais longe, embora não seja o assunto do momento, já os vi usando a bombacha por cima das botas DENTRO DA SEDE DA ENTIDADE! Mas aí proíbem boina, alpargatas, etc. por não serem originários do Rio Grande do Sul. Mas que veste é originária daqui? A bombacha feminina? Bueno! Isto é tema para outra postagem....

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

INDUMENTÁRIA GAÚCHA - O CHAPÉU

Gravura de Vasco Machado

Os portugueses trouxeram dois tipos de chapéu: o de feltro, de copa alta, e o de palha, comumente chamado de "abeiro". O chapéu de feltro era caro, usado normalmente por homens de posse. O de palha (de arroz, de trigo ou de milho) era do homem comum e da gurizada das estâncias. Militares, magistrados e pessoas importantes usavam até a primeira metade do século 19 o chapéu bicórnio estilo napoleônico, conforme descrição dos cronistas do passado e de pinturas de Jean-Baptiste Debret, substituído depois pelo chapéu tricórnio.

Após a guerra do Paraguai, a copa do chapéu de feltro vai se achatar e a aba do chapéu ficará mais larga, tomando as formas que o chapéu campeiro gauchesco ostenta até hoje, invariavelmente preso por um barbicacho que passava por baixo do queixo ou abaixo do lábio inferior. O barbicacho surgiu pela necessidade de fixar o chapéu á cabeça durante o ato de cavalgar, sobretudo nas galopadas. O chapéu do tropeiro sempre foi característico: para não juntar água em caso de chuva, a copa era e ainda é amassada em forma de pirâmide. O gaúcho da fronteira gosta de usar o chapéu de feltro com abas mais ou menos retas, como o chapéu português do campino ribatejano. Já o gaúcho serrano tradicionalmente usava o chapéu desabado na frente e atrás. Depois do advento do cinema e do caubói, o gaúcho serrano passou a levantar as abas do chapéu dos dois lados.

Mas o chapéu mais tipicamente gauchesco, o mais original, era o "chapéu pança de burro", cortado circularmente da barriga de um muar e amoldado, ainda fresco, na cabeça de um palanque. Com o uso, perdia o pêlo e tomava uma cor esbranquiçada, conforme aparece em quadros de Debret (abaixo).