RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA

segunda-feira, 18 de junho de 2012

NÓS, DO SUL, SOMOS PREPOTENTES?

Circula, faz algum tempo, aqui pelo Rio Grande do Sul, uma coleção de imagens e dizeres muito bem humorados intitulados "aqui no RS é assim". Até estou guardando para começar a postar aqui no blog.

Como disse, é uma brincadeira em cima desta outra brincadeira de que o gaúcho se acha superior aos outros povos do mundo, fato, talvez, herdado dos nossos hermanos argentinos (agora uma chacota minha). O gaúcho é um ser que gosta de rir de si mesmo e de suas pataqüadas (seus foras) e isto também é uma virtude. Nesta linha seguiram diversos escritores como Luis Fernando Veríssimo em seu Analista de Bagé até os sites modernos como O Bairrista, agora encampado pela RBS. Em suma, digo que nós, do sul, não somos prepotentes. Somos bem-humorados. 


O problema de "se achar" é quando se sai da linha da brincadeira e se penetra numa seara sisuda e séria como é o nosso Movimento Tradicionalista Gaúcho. Bombeiem a imagem abaixo. É o flagrante de dois manequins expostos em um evento sob a chancela do MTG. Na imagem da esquerda está o manequim com uma pilcha (roupa tradicionalista do Rio Grande do Sul) com um cartaz contendo os dizeres: EU SOU GAÚCHO. No manequim da direita outra pilcha (com boina, rastra, lenço curto) e com outro cartaz escrito o seguinte: EU QUERO SER GAÚCHO. 

Mas pelo amor de Deus! Com todo o respeito. O MTG não pode se adonar da palavra gaúcho! Ele patenteou este termo!? Gaúcho, meus amigos, existia muito antes das fronteiras do Rio Grande serem delimitadas. Gaúcho, companheiros, é um estado de espírito e não se prende a fronteiras geográficas e muito menos a roupa que usa. Dizer que quem não está de acordo com o que reza a cartilha do MTG não é gaúcho é um dos maiores impropérios que já ouvi.

Glaucus Saraíva,um ícone do tradicionalismo, há muitos anos (e eu estava lá) proferia uma palestra sobre indumentária em Bagé, num congresso tradicionalista, vestido de roupa "safari" . Claro que ele, intencionalmente, deixou a bola picando para alguém perguntar: - Como tu podes falar em indumentária com estes trajes? No que ele respondeu: O TRADICIONALISMO ESTÁ NA ALMA.

Tenho muito apreço pelo MTG, reconheço seu trabalho e suas labutas, e possuo grandes amigos ali dentro como o Rogério Bastos e o Fraga Cirne, mas não posso concordar com o preconizado na foto acima. Então que se colocasse assim: Pilcha correta do tradicionalista rio-grandense, de acordo com as orientações do MTG. Aí tudo bem. Mas determinar quem é ou quem deixa de ser gaúcho pela roupa que veste!? Então a pessoa humilde, que cultiva nossas tradições mas que não pode comprar uma pilcha (pois é algo caro), não é gaúcho?

Como diz a gurizada: "Menos, MTG. Bem menos".