RECOMEÇO
- Léo Ribeiro -
Já vem fechando a porteira
o peão, velho, cansado,
de barba branca, enrugado,
em sua lida derradeira.
A égua zaina estradeira
sente o adeus do seu dono.
Na sombra de um cinamomo
desencilha e solta a campo
e o taura, feito um santo,
dorme seu último sono...
Mas vem tinindo as esporas
um gurizote, um rebento,
repontando um novo tempo
a galope campo a fora.
Tristezas se vão embora
tudo é lindo, é inocência.
Que ande pela querência
campereando coisas boas
por que o tempo.. o tempo voa
no ir e vir da existência.
O Ano Velho é o peão,
o Ano Novo é o guri.
Um vai bombear por aí
talvez noutra encarnação.
O outro é renovação,
esperança, recomeço.
Patrão Celeste, agradeço
por ter andado comigo
e nem lhe faço pedidos