RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA
Recuerdos da companheirada e do velho parceiro (Mouro Negro).

sábado, 5 de setembro de 2015

A FUGA DE BENTO GONÇALVES - PARTE II


A CHEGADA DE BENTO NA BAHIA

 Forte de São Marcelo, ou Forte do Mar

No início de agosto de 1837, o Ministro da Justiça, Francisco Gê Acayaba de Montezuma, oficia ao Chefe de Polícia da Côrte dizendo que: "...vosmece amanhã á quinta feira 10 do corrente faça intimar pelas seis horas da manhã ao preso Bento Gonçalves da Silva que se acha na Fortaleza da Lage, que deve partir impreterivelmente para a Bahia no Brique de Guerra Constança que ha de largar deste Porto no dia immediato 11..." .

E assim aconteceu. O Jornal do Commercio do Rio de Janeiro, no dia seguinte, informava o movimento no porto e dizia que aquele brigue seguia para Pernambuco, a cruzar pela Bahia. Informava ainda que seus passageiros eram o Arcebispo da Bahia com seu capellão e dois criados, além de Vencesláo Antonio Ribeiro, João Carneiro da Silva Rego, João Alves Pitombo, Francisco Alves Branco e o preso Bento Gonçalves da Silva.

João Carneiro, em 1822, já havia sido remetido para Lisboa, por envolvimento nos movimentos nacionalistas da Independência, na Bahia. Na Sabinada, foi um dos revoltosos. João Alves Pitombo era maçom Grau 30, e pertencia a Loja Fidelidade e Beneficência, que teve participação direta no auxílio a fuga de Bento Gonçalves.

Logo, nesta viagem de 15 dias, é natural deduzir que ambos trocaram ideias com Bento Gonçalves sobre os acontecimentos políticos do Sul e da capital baiana, sendo provável que o Irmão Pitombo já desembarcaria em Salvador e levaria a sua Loja uma proposta de ajuda ao Irmão gaúcho.  

No dia 26 de agosto, chegou Bento Gonçalves em Salvador, sendo recolhido ao Forte de São Marcelo (Forte do Mar). Este forte está localizado em um banco de areia a 300 metros do Porto de salvador, área mais antiga da cidade. Foi originalmente conhecido por "Fortaleza de Nossa Senhora do Pópulo".

O jornal baiano Recopilador Analysta publicou larga matéria sobre a chegada de Bento à Bahia. Dele, extraímos este trecho:

".... consta que, apenas chegado este Coronel, se lhe apresentárão alguns exploradores comissionados da Santa (mas não he muito) Causa, com grandes barretadas, rapapés, adulações e ofertas, persuadidos de que era chegado o Messias e que a cousa pegaria: mas o desgraçado Militar, já acossado de revezes, olhando com despreso para as carêtas que o procurárão, reconheceu nelles promessas em cumprimento, e letras sem aceitante, de que resultou voltarem corridos como cães que levarão pedradas.

O Coronel parece que estudou Lavater depois que foi preso, e por isso refutou as ofertas dos desconhecidos que forão importunar. O seu ar secco, seu aspecto melancolico e sizudo, e sobretudo a experiência, e as adversidades por que tem passado desarmarão a ousadia dos pingões ensejantes......".