RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA

domingo, 26 de fevereiro de 2012

A ARTE DA DECLAMAÇÃO

De uma forma poética poderíamos dizer que a declamação é a transpiração da poesia. É um ato onde a pessoa que declama externa os sentimentos retidos nos transcritos, levando os ouvintes a vivenciarem o que o poeta quis dizer em seus versos.

Segundo algumas orientações do Movimento Tradicionalista Gaúcho, o declamador deve ter uma postura cênica sóbria e sem exageros, inclusive na indumentária. No palco, segundo o poeta Colmar Duarte, o declamador deve portar-se “como quem nada teme, porém a ninguém afronta”.

Os gestos devem ser os mais naturais possíveis, como quem conta uma história. A mímica é um recurso auxiliar, não podendo se sobrepor a interpretação vocal.

O tom de voz deve ser o tom natural do declamador, pois ao impostar a voz de forma inadequada pode ocorrer como quem canta fora do tom, ou seja, desafinar ou não alcançar determinada inflexão.

A dramaticidade é diretamente proporcional ao texto, mas sem “encarnar” o personagem como o ator de teatro. O declamador é apenas o portador da mensagem que o autor traz para os ouvintes. A mensagem deve ser transmitida com a maior sinceridade e convicção possíveis, para que as emoções sejam sentidas por quem assiste. Para isso, não é preciso levar para o palco adagas, borrachões, bandeiras, etc...

A diferença entre interpretação teatral e declamação é, portanto, esta: o ator finge ser um personagem, vestindo-se, pensando e agindo como tal. O declamador “conta” a história fazendo o possível para convencer as pessoas de que acredita no que está dizendo.

Portanto, não é aconselhável chorar, gritar, exagerar nos gestos ou adereços que não façam parte da indumentária. Segundo José Severo Marques, em declamação todo excesso é pecado.

Os julgadores de declamação observam muito os seguintes quesitos: a) Fundamentos da voz (dicção, impostação e inflexão). b) Expressão (facial e gestual). c) Fidelidade ao texto d) Transmissão da mensagem poética.

A declamação é uma arte quase que obrigatória nos diversos eventos artísticos do Rio Grande. Em nenhum outro Estado nota-se tamanha dedicação pela declamação. Existem milhares, isto mesmo, milhares de declamadores espalhados aos sete ventos desta velha província de São Pedro. É de prache, nos Centros de Tradições Gaúchas, nos galpões de fazendas, as pessoas receberem seus convidados com belos retrechos de poemas. As prendinhas, os piazitos, desde cedo, vão se embrenhando nestes meandros e, cada qual com seu estilo, retratam histórias, aventuras, ficções, bravuras do povo riograndense, arrancando as mais entusiásticas admirações por serem transmissores do pensamento poético. Em suma, o declamador é a garganta do vate.

Dentre os grandes declamadores do Estado, hoje queremos prestar uma homenagem ao Valter Vieira Ribeiro. Quem no meio tradicionalista, mais principalmente voltado a arte da declamação de poesia gaúcha não conhece o tradicionalista e autêntico declamador Valter Vieira Ribeiro? Patrão por três gestões do CTG Getúlio Vargas e fundador do CTG Tropel de Caudilhos, do qual foi o segundo patrão, ambos em Passo Fundo. Professor de dicção, postura e declamação, premiadíssimo campeão de rodeios em declamação, entre os quais destacam-se:
- Bi Campeão do Rodeio Internacional de Vacaria, onde foi tambem uma vez 3º Lugar, 2 vezes 2º lugar
- Campeão do Rodeio Internacional de Passo Fundo
- Destaque Especial do Fegart

Também como declamador foi premiado nos seguintes festivais de poesias inéditas:
- 3º Festival Poético da Brigada Militar, no Clube Farrapos em Porto Alegre – 1º Lugar
- Sesmaria da Poesia Gaúcha 6º Quadra em Osório – 1º Lugar
- 1º Garimpo da Poesia Gaúcha em Soledade – 2º Lugar
- Seival da Poesia Gaúcha em São Lourenço do Sul – 3º Lugar

Atuou como jurado em vários rodeios e festivais de poesias inéditas como Sesmaria da Poesia Gaúcha, de Osório e Bivaque de Campo Bom; Foi avaliador do ENART por 6 edições e é avaliador do FECART Festival Catarinense de Arte e Tradição) há dez anos.

Foi homenageado pela Câmara Municipal de Vereadores da Cidade de Passo Fundo, em sessão solene, e condecorado com o diploma de Honra ao Mérito pela conquista do 1º lugar em declamação no Rodeio Internacional de Vacaria.

Valter Vieira Ribeiro por méritos, tem seu nome reconhecido no meio tradicionalista de Passo Fundo e do Rio Grande do Sul. Segundo ele, este foi o último Rodeio de Vacaria que participa, mas com a energia que tem, com certeza o Tio Valter vai continuar representando o CTG Tropel de Caudilhos e Passo Fundo por vários anos ainda, com a imponência da voz que Deus lhe deu.

É PATRÃO DE HONRA DA CONFRARIA DO VERSO CRIOULO DE PASSO FUNDO

Na foto de autoria de Marcos Ferreira, Valter Vieira Ribeiro com o troféu de segundo lugar do 29o. Rodeio de Vacaria (fev/2012)

Também colaborou nesta matéria: Hilton Araldi

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