RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA
A tomada da Ponte da Azenha, do pintor Augusto Luiz de Freitas (Instituto de Educação General Flores da Cunha, Porto Alegre/RS)

terça-feira, 9 de maio de 2023

 

UM PERIGO ESCONDIDO

NA BOMBA DO CHIMARRÃO



Esta postagem foi extraída de uma matéria publicada no jornal Zero Hora de ontem, na página Informe Especial e traz a assinatura de Caio Cigana. 

Quem tem o hábito do mate, sabe. Volta e meia a bomba entope por excesso de resíduos de erva-mate. É comum tentar fazer a desobstrução do utensílio com um arame fino. A matéria orgânica de cor preta que sai no momento da limpeza tem um aspecto nada agradável. Mas atenção: o desleixo com a higienização da bomba traz riscos a saúde.

O alerta é da pneumologista e pesquisadora do Hospital São Lucas da PUCRS Liana Corrêa, que com colegas assinou o artigo científico publicado no ano passado na revista Archives of Environmental & Occupational Health, comprovando pela primeira vez que um caso de pneumonite por hipersensibilidade foi causado por uma bomba suja, contaminada por fungos. Quando crônica, pode evoluir para uma fibrose pulmonar, forma irreversível da doença. 

O estudo partiu da investigação do caso de um paciente que apresentava a enfermidade. Com tosse e falta de ar, era encaminhado diversas vezes para a emergência do hospital. Ao buscar explicações sobre a origem do problema descartaram hipóteses até chegar à bomba do chimarrão. O paciente admitiu nunca ter limpado o objeto. Após ser serrada e os restos orgânicos em composição analisados, foi confirmada a presença de vários fungos causadores da penumonite. O risco maior acontece no momento de "roncar" o mate, porque é quando também é inalado ar. Liana observa que a água da bebida, quente mas não fervente, não é suficiente para matar fungos.  

Para prevenir, a médica recomenda o uso da bombas de metal com rosca na parte inferior. A abertura facilita a limpeza, que deve ser feita com escovinhas que, em alguns casos, são vendidas junto. Mas e a frequência da higienização?

- A cada uso, assim como as mamadeiras de bebê - compara Liana, acrescentando que um terço dos casos de peneumonite não tem a origem identificada.