RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA

sexta-feira, 5 de maio de 2023

 

CADA QUAL COM SEUS HERÓIS


Bernardino Souza

Foto restaurada por: Paulo Ricardo Costa


Num dia 05 de maio, do ano de 1994, portanto a exatamente vinte e nove anos, falecia meu pai Bernardino Souza, um gaúcho sem cavalo, um peão da "boléia" do caminhão. 

Não me sai da lembrança quando, no dia 1º de maio daquele ano, ao seu lado num leito do Hospital de Caridade de São Francisco de Paula, a televisão noticiou a morte de Ayrton Senna, ele saiu-se com esta tirada: - Mas é ligeiro este Senna. Vai chegar primeiro que eu no céu...

Realmente (e com razão) naqueles dias o mundo preocupava-se com a morte deste grande ídolo brasileiro mas minha grande aflição era outra. Eu me entristecia com a morte de meu melhor amigo. Chorava o falecimento de um "piloto" que passou sua existência dirigindo caminhões e ônibus pelo meio do mato, por estradas barrentas e daí tirou o sustento de nossa família.

Passados estes anos ainda sinto muito a sua falta. Queria dizer-lhe palavras que não disse, fazer coisas que não fiz e que só após a sua morte me dei conta. Mas a vida é assim e apesar de tudo acho que fui um bom filho.

Ayrton Senna também é meu ídolo mas o meu herói continua sendo o Bernardino Souza. 


MEU VELHO

Letra: Léo Ribeiro

 

O tempo e a vida se vão apressados

e a pressa não deixa eu dizer que te amo

pois penso que sempre estarás ao meu lado

na hora do apuro teu nome é que chamo.

 

Mas hoje, meu velho, eu parei um pouco

talvez porque a chuva me prenda nas casas

o inverno se chega de um modo bem louco

trazendo a família pra perto das brasas.

 

Meu velho, te falo, tu és para mim, 

regalo  divino que andeja comigo

conhece a hora do não e do sim

e mais do que um Pai eu tenho um Amigo.   

 

Contigo aprendi a lida mais rude,

plantar a semente, erguer uma taipa,

até do teu gosto herdei o que pude,

apego a querência e barulho de gaita.

 

Mas é do teu jeito que lembro primeiro

e levo ao reponte na minha jornada

manter humildade, ser sempre parceiro

e não desonrar a palavra empenhada.

 

A gente, por moço, jamais imagina

que tudo tem prazo e os sonhos se vão 

até o angico que é forte termina

no fio do machado e no fogo de chão.

 

Por isso, meu velho, te digo obrigado

a ti meu respeito, louvor e carinho

um dia algum neto terá teu legado

mas tu seguirá nos mostrando o caminho.