CADA QUAL COM SEUS HERÓIS
Bernardino Souza
Foto restaurada por: Paulo Ricardo Costa
Num dia 05 de maio, do ano de 1994, portanto a exatamente vinte e nove anos, falecia meu pai Bernardino Souza, um gaúcho sem cavalo, um peão da "boléia" do caminhão.
Não me sai da lembrança quando, no dia 1º de maio daquele ano, ao seu lado num leito do Hospital de Caridade de São Francisco de Paula, a televisão noticiou a morte de Ayrton Senna, ele saiu-se com esta tirada: - Mas é ligeiro este Senna. Vai chegar primeiro que eu no céu...
Realmente (e com razão) naqueles dias o mundo preocupava-se com a morte deste grande ídolo brasileiro mas minha grande aflição era outra. Eu me entristecia com a morte de meu melhor amigo. Chorava o falecimento de um "piloto" que passou sua existência dirigindo caminhões e ônibus pelo meio do mato, por estradas barrentas e daí tirou o sustento de nossa família.
Passados estes anos ainda sinto muito a sua falta. Queria dizer-lhe palavras que não disse, fazer coisas que não fiz e que só após a sua morte me dei conta. Mas a vida é assim e apesar de tudo acho que fui um bom filho.
Ayrton Senna também é meu ídolo mas o meu herói continua sendo o Bernardino Souza.
MEU VELHO
Letra: Léo Ribeiro
O
tempo e a vida se vão apressados
e
a pressa não deixa eu dizer que te amo
pois
penso que sempre estarás ao meu lado
na
hora do apuro teu nome é que chamo.
Mas
hoje, meu velho, eu parei um pouco
talvez
porque a chuva me prenda nas casas
o
inverno se chega de um modo bem louco
trazendo
a família pra perto das brasas.
Meu
velho, te falo, tu és para mim,
regalo divino que andeja comigo
conhece
a hora do não e do sim
e
mais do que um Pai eu tenho um Amigo.
Contigo
aprendi a lida mais rude,
plantar
a semente, erguer uma taipa,
até
do teu gosto herdei o que pude,
apego
a querência e barulho de gaita.
Mas
é do teu jeito que lembro primeiro
e
levo ao reponte na minha jornada
manter
humildade, ser sempre parceiro
e
não desonrar a palavra empenhada.
A
gente, por moço, jamais imagina
que
tudo tem prazo e os sonhos se vão
até
o angico que é forte termina
no
fio do machado e no fogo de chão.
Por
isso, meu velho, te digo obrigado
a
ti meu respeito, louvor e carinho
um
dia algum neto terá teu legado
mas
tu seguirá nos mostrando o caminho.