RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA

quarta-feira, 26 de outubro de 2022

 

O NASCIMENTO DOS MARAGATOS


Piquete de Maragatos comandados por Gumercindo Saraiva
 

Com a autoridade de veterano líder político e de opositor ferrenho de Júlio de Castilhos, Gaspar Silveira Martins presidiu na cidade de Bagé, em 30 de março de 1892, à fundação do Partido Federalista do Rio Grande do Sul. Nascia o movimento político que daria sustentação aos maragatos que, no ano seguinte, se levantariam contra o governo de Castilhos.

O distintivo dos maragatos, adotado em Bagé, foi o lenço vermelho. Seu programa, estabelecido na fundação e confirmado em 1896, depois da Revolução Federalista, tinha como destaque a pregação de uma República Parlamentarista, com a eleição do presidente pelo Congresso, a descentralização administrativa, a proibição de militares da ativa de participarem de política, a mudança da Bandeira Nacional para suprimir o dístico Ordem e Progresso e a possibilidade de intervenção federal nos Estados quando isto se justificasse por “grave perturbação da ordem pública”.

Contra os federalistas – que juntavam ex-monarquistas e os descontentes com a situação do Estado e do país -, Júlio de Castilhos lançou todo o poder do Partido Republicano Rio-grandense, que agrupava os republicanos históricos. Castilhos e seus aliados (que na guerra foram apelidados de pica-paus) haviam imposto uma Constituição positivista e centralizadora. Contra ela se levantaram os maragatos, que pretendiam substituí-la por outra que fosse “representativa, moderada segundo aos princípios do governo parlamentar”. Estava armado o cenário para duas guerras, a de 1893 e a de 1923, ambas vencidas pelos governistas de Castilhos e, depois, de Borges de Medeiros.

Bagé, que foi o cenário da formação do partido dos maragatos em 1892, foi palco também das primeiras reuniões para a paz de 1923.