O NASCIMENTO DOS MARAGATOS
Com a autoridade de veterano
líder político e de opositor ferrenho de Júlio de Castilhos, Gaspar Silveira Martins
presidiu na cidade de Bagé, em 30 de março de 1892, à fundação do Partido
Federalista do Rio Grande do Sul. Nascia o movimento político que daria
sustentação aos maragatos que, no ano seguinte, se levantariam contra o governo
de Castilhos.
O distintivo dos maragatos,
adotado em Bagé, foi o lenço vermelho. Seu programa, estabelecido na fundação e
confirmado em 1896, depois da Revolução Federalista, tinha como destaque a
pregação de uma República Parlamentarista, com a eleição do presidente pelo
Congresso, a descentralização administrativa, a proibição de militares da ativa
de participarem de política, a mudança da Bandeira Nacional para suprimir o
dístico Ordem e Progresso e a possibilidade de intervenção federal nos Estados quando
isto se justificasse por “grave perturbação da ordem pública”.
Contra os federalistas – que juntavam
ex-monarquistas e os descontentes com a situação do Estado e do país -, Júlio
de Castilhos lançou todo o poder do Partido Republicano Rio-grandense, que
agrupava os republicanos históricos. Castilhos e seus aliados (que na guerra
foram apelidados de pica-paus) haviam imposto uma Constituição positivista e
centralizadora. Contra ela se levantaram os maragatos, que pretendiam
substituí-la por outra que fosse “representativa, moderada segundo aos princípios
do governo parlamentar”. Estava armado o cenário para duas guerras, a de 1893 e
a de 1923, ambas vencidas pelos governistas de Castilhos e, depois, de Borges
de Medeiros.
Bagé, que foi o cenário da
formação do partido dos maragatos em 1892, foi palco também das primeiras
reuniões para a paz de 1923.