O SETEMBRO É NOSSO
A nossa tradição gaúcha é meio assim, tipo brasa escondida pelas cinzas. Basta um sopro e já se avulta. Ela pode ter ficado reclusa pela pandemia, pode ter sido debatida com veemência por seus cultores, os Centros de Tradições podem estar rengueando, mas chega setembro e, a não ser por aqueles que desdenham de nossa história, tudo isso é minimizado.
Estive, ontem, no Acampamento Farroupilha de Porto Alegre e, em meio as pancadas dos martelos finalizando os ranchos, pude ouvir a batida dos corações daquelas pessoas que lá estavam. Ansiedade reprimida saltando do peito.
Tenho andado pelas Lojas Maçônicas na divulgação de meu livro e sinto em cada Templo um fraternal respeito por tudo aquilo que herdamos dos ancestrais além de uma profunda admiração pelos costumes que cultivamos.
A Revolução Farroupilha não é composta somente de passagens heroicas. Nenhuma guerra é. Há muitos fatos a serem reconhecidos e o ufanismo deve ser controlado. Contudo, penso que seus intentos de direcionar os olhos da Corte para uma província esquecida nos legou a identidade que hoje carregamos, ou seja, seus objetivos foram atingidos. Por isso festejamos.
Nossa cultura é multifacetada. Do samba ao hip hop, da tarantela italiana a polca alemã, da milonga festivaleira ao bugio fachudo, e todos os segmentos devem ser regados mas esse tal de setembro nos remete as nossas origens, as nossas saudades interioranas. Sou gaúcho o ano inteiro mas não adianta... O SETEMBRO É NOSSO.
