Foto: "Casarão Azul", de Ivan Winck.
Nas comemorações farroupilhas novamente nosso hino é executado com força e vigor em todos os quadrantes, até mesmo em plagas distantes do Rio Grande Sul. Pois hoje vamos abordar especificamente sobre a parte musical desta bela composição deixando as letras que já acompanharam esta melodia (e que hoje causam tantos debates) para uma outra ocasião.
A história real do hino, começa com a tomada da então Vila de Rio Pardo, pelas forças revolucionárias farroupilhas, ocasião em que foram aprisionados uma unidade do exército imperial, o 2° Batalhão, inclusive com a sua banda de música cujo maestro era Joaquim José de Mendanha, músico negro, mineiro de nascimento. Após a sua prisão, Mendanha teria sido convencido a compor uma peça musical que homenageasse a vitória das forças farroupilhas do dia 30 de abril de 1838, no célebre “Combate de Rio Pardo”.
O maestro, diante das circunstâncias, resolveu compor uma música que, segundo alguns autores, era um plágio de uma valsa de Strauss. O que não tínhamos conhecimento é aonde foi sua primeira execução pública.
O historiador Emiliano Limberger (autor de vários livros históricos) que há anos possui uma coluna no "Jornal de Rio Pardo". Conseguiu desvendar este fato. Em entrevista concedida ao jornal, ele relatou como identificou o local da execução do Hino: no prédio conhecido por "Casarão Azul", onde é a sede da Associação de Artesãos de Rio Pardo, na Rua General Godolfim. Reproduzo abaixo a trecho desta entrevista esclarecedora:
"JRP: Pelo que o senhor relata, o hino foi executado pela primeira vez no Teatro Oriente? Onde se localizava?
EMILIANO: Vinha há bastante tempo indagando de pessoas idosas, conhecedoras da cidade, elementos bem informados no geral de nosso Passado. Nada consistente no entanto aparecia. Então com o mapa, dado fundamental, do engenheiro João Martinho Buff, o qual procedeu ao primeiro levantamento urbanístico de nossa cidade, a questão começou a clarear: mudanças dos nomes de ruas. Encontrei ainda a referência de que o teatro "Oriente" se situava "nos fundos da matriz", na Rua do Oriente. Tal indicação coincide com o "casarão azul", na atual rua General Godolfim. Esta construção apresenta-se até hoje sólida, tendo paredes de grossura impressionante. Este - segundo razoáveis indícios - pelo seu amplo espaço assim sediou o tal recinto de espetáculos: musicais - declamações - teatrais, etc. Por sinal à época havia em nossa cidade diversos grupos de teatro, recebendo outros de fora. O teatro "Apolo", o segundo, surgiu posteriormente nas imediações.
JRP: Que outros dados confirmariam ter sido este o teatro, em que se efetuou a 1ª apresentação do "Hino Rio-grandense", que contamos como nosso oficial?
EMILIANO: Examinei diversas hipóteses de possíveis prédios. Inclusive o de Simões Pires (esq. com r. Godolfim), foram rejeitados por não confirmar outros dados. Sabe-se que entre os farrapos marcava forte presença a maçonaria. Pois uma terminologia mais comum de suas lojas era justamente a de "Oriente". De maneira que esta entidade parece tinha sua sede, utilizando outrossim para atividades culturais, como teatro e reuniões públicas. Esta casa de espetáculos era então a única de alvenaria no Estado, contando Porto Alegre e Rio Grande com seus teatros em galpões de madeira." (Rogério Lima Goulart).
Fonte: Site 1.000 Visões Rio Pardo RS, a Cidade Histórica Do Rio Grande Do Sul
Nota do blog: O maestro Mendanha, ao terminar a guerra, veio morar em Porto Alegre e nunca mais retornou aos seus pagos natais.