A TOMADA DE PORTO ALEGRE
COMBATE NA PONTE DA AZENHA
Foi
dentro do espírito de revolta contra os desmandos que os farroupilhas na noite
de 19 de setembro, na Ponte da Azenha, em Porto Alegre, tiveram o primeiro
embate com as forças imperiais e no raiar do dia 20 de setembro adentraram,
fulgurantes, nas ruas da capital rumo ao palácio da província pondo em fuga
para a cidade de Rio Grande, via navio, o presidente Fernandes Braga, o mesmo
que Bento Gonçalves havia indicado para tal cargo.
Bento
Gonçalves comandava uma tropa reunida em Pedras Brancas, hoje cidade de Guaíba. Gomes
Jardim e o Coronel Onofre Pires, à frente de 200 cavaleiros, concentravam-se na
região de Viamão e dirigiram-se à cidade de Porto Alegre, estacionando em 19 de
setembro de 1835 perto do bairro da Azenha.
Cientificado
do fato, o Presidente da Província Antônio Rodrigues Fernandes Braga mandou que
se armassem a Guarda Municipal Permanente, o Piquete de Cavalaria de primeira
linha (cerca de 70 homens) e a Companhia de Guardas Nacionais a cavalo. Como
dispunha de pouca força na capital, apelou a todos os cidadãos para que se
reunissem, armados, conseguindo juntar um contingente de cerca de 270 homens.
Para coordenar as forças legais nomeou o Brigadeiro Gaspar Mena Barreto, pois o
Comandante das Armas, Marechal Sebastião Barreto Pereira Pinto, estava ausente.
Foram logo guarnecidos três pontos considerados importantes: o Palácio do
Governo, o quartel da Guarda Municipal e o Trem de Guerra (arsenal).
Na
noite de 19 para 20 de setembro, Braga enviou um piquete a cavalo para o
reconhecimento do dispositivo revolucionário. Com um contingente de 20 homens
da Companhia de Guarda Nacional, sob o comando do Major José Egídio Gordilho
Barbuda, segundo Visconde de Camamu, que se oferecera espontaneamente para a
missão. Os revolucionários, porém, já haviam deixado bombeadores (vigias) junto
à ponte da Azenha. Camamu não possuía experiência de combate, particularmente
em operações noturnas, e contava com tropas de voluntários. Ao primeiro sinal
de alerta dos farroupilhas, o grupo avançado, liderado pelo Visconde, disparou
suas armas e retraiu rapidamente, supondo tratar-se de uma forte reação dos
revoltosos, provocando uma debandada geral que levou o pânico aos governistas
de Porto Alegre. O piquete farroupilha, com sete homens, vendo-os fugir
espavoridos, perseguiu-os, matando um e ferindo quatro, entre eles Camamu.
No dia seguinte, os revolucionários adentraram na cidade sem encontrar oposição. O Corpo de Permanentes aderiu logo ao movimento, com exceção do comandante, do subcomandante, de um cabo, de um soldado e de um corneteiro. O Presidente da Província, sentindo-se desprotegido, refugiou-se primeiro no Arsenal de Guerra e depois na escuna Rio-grandense, viajando na mesma noite para a cidade de Rio Grande.
Quase
sem luta, a não ser ligeiras escaramuças, os revolucionários obtiveram controle
absoluto da capital, angariando também muita adesão no interior da província. A
Câmara Municipal, convocada extraordinariamente por Bento Gonçalves a 21 de
setembro, deu posse ao Dr. Marciano Pereira Ribeiro, que era o quarto na ordem
geral de precedência dos Vice-Presidentes da Província.
