RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA

terça-feira, 7 de setembro de 2021

A PROVÍNCIA DE SÃO PEDRO DO RS

 

A ÉPOCA DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL

Tirei o feriado de 7 de setembro, com chuva, para ler como era a situação da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul à época da independência do Brasil (1822).

Quem imagina que por aqui era tudo calmaria e que só em 1835 a gauchada pegou em armas, engana-se redondamente. A boca não era boa. Olhem só este trecho descrito sobre acontecidos em 1820, ou seja, dois anos antes do grito de Dom Pedro:


Desde setembro de 1820, quando do afastamento por licença do Governador e Capitão-general Conde da Figueira, a Capitania/Província de São Pedro era governada por uma junta formada pelo Ouvidor Joaquim Bernardino de Sena Ribeiro da Costa, pelo vereador mais velho da Câmara da Vila de Porto Alegre, Antônio José Rodrigues Ferreira, e pelo Tenente-general Manuel Marques de Sousa, que exercia cumulativamente a função de Presidente do Governo Interino e de Governador de Armas. Já há muito havia se tomado conhecimento na província do juramento de D. João VI às bases da constituição portuguesa e da ordem para que o mesmo fosse feito em todo o Brasil, conforme o decreto de 21 de fevereiro de 1821. Mas a Junta Governativa procrastinava, o que desencadeou uma rebelião de tropas de primeira linha que transformou as ruas em palco de movimentos reivindicatórios e de manifestações políticas.

No dia 21 de abril, as tropas aquarteladas na Vila do Rio Grande protestaram contra a demora das autoridades, mas essa manifestação foi rapidamente debelada. Cinco dias mais tarde, na mesma data em que D. João VI embarcava para Lisboa, uma nova revolta explodia na capital da Província, Porto Alegre. Nesta data foi a vez do Batalhão de Infantaria e de Artilharia de Porto Alegre rebelar-se “armado de espingardas carregadas com baionetas caladas e duas peças de artilharia montada”, com o apoio de homens do Regimento de Infantaria da Ilha de Santa Catarina, do Piquete de Cavalaria dos Governadores, de alguns soldados da Legião de São Paulo e de soldados Guaranis. Liderados por oficiais inferiores, os militares dirigiram sua revolta contra a Junta Provisória de Governo, exigindo o imediato juramento. Mas, também se queixavam dos soldos atrasados, pleiteavam a melhoria das condições dos quartéis e a soltura de vários militares que se encontravam presos na capital.

Os revoltosos reuniram na Praça do Governo o Ouvidor Geral, os membros do Governo Provisório, quatro deputados da Junta da Fazenda, o Intendente da Marinha, o Cônego da Capela Real e Vigário Geral e os demais membros da Câmara Municipal de Porto Alegre. Essas autoridades foram mantidas reféns da tropa amotinada, até que, pela manhã, com a libertação de alguns presos, foi providenciado o pagamento de parte dos soldos atrasados e « vindo à Praça pessoalmente o Tenente-general Manuel Marques de Sousa » convenceu os soldados a retornarem aos quartéis.


Oiga-lê Rio Grande velho! Nunca afrouxando o garrão.