Bernardino Souza
Na estampa de meu velho, Bernardino Souza, mando um abraço virtual a todos os pais na data de hoje.
Eu fui criado assim, gato selvagem,
nos arredores da cidadezinha,
guri sempre fugido pros potreiros
onde pastavam vacas e cavalos,
e eu por eles já sentia estima
e esse fascínio que até hoje sinto.
Nenhum cuidado me zelava a vida,
queria era viver a liberdade,
e aprendi a defender-me dos perigos
por puro instinto.
A importante pessoa dessa infância
foi meu pai.
Mas meu pai era assim, a lei, o aço,
o que não transigia em meus deveres.
Só sabe Deus o que terá passado
em sua vida pobre. O sofrimento
como que o dotara de uma carapaça
que o fazia parecer imune á fome e á sede,
para que moldasse o corpo em argamassa.
Hoje penso que a força da cobrança
ensinou-me a esgrimir contra a parede.
resenha do poema intitulado Meu Pai e Eu, do também saudoso Antônio Augusto "Tocaio" Ferreira