RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA

terça-feira, 6 de julho de 2021

O PONTO E O CONTRAPONTO


Os debates sobre a Ciranda de Prendas e o Entrevero de Peões ganharam novos e acirrados capítulos o que prova que o diálogo profícuo dentro do Movimento Tradicionalista Gaúcho está longe de acontecer. Uma pena. 

Uma reunião da entidade foi gravada e um áudio com frases um tanto autoritárias do presidente Savaris ganhou as redes sociais. O presidente se pronunciou sobre o fato (ver abaixo) e diversas manifestações em contrário também surgiram. Escolhemos uma que faz com clareza o seu contraponto a fala do mandatário do MTG.  

Esperamos não voltar tão cedo a este tema desagregador e que tudo chegue a um bom termo.

   

O PONTO


NA BUSCA DAS MELHORES SOLUÇÕES...

Em 26 de junho eleição. Três propostas. A escolhida dizia:

1. Valorizar e fortalecer as coordenadorias;

2. Realizar, da forma possível, em 2021, o Entrevero e a Ciranda;

3. Cuidar, especialmente, das bases: entidades.

Em 28 de junho a nova Diretoria reuniu os coordenadores, apresentou um caminho. Aprovação unânime (sempre considerando e respeitando pedido que os próprios coordenadores fizeram à Presidente anterior, para que fosse revista a posição do Conselho Diretor): No dia seguinte começa a reclamação.

Em 2 de julho reúne prendas e peões estaduais: no dia seguinte publicação de fragmento da fala do presidente, gravado sem autorização. Pode? Quem foi? Ninguém!!

Mais um dia e: "abaixo-assinado".

A Diretoria segue com as consultas e avaliação de alternativas para, em 18 Julho, possibilitar uma boa decisão pelo órgão responsável pela administração da entidade.

Para pensar:

1. Como ficam prendas e peões das entidades (a base) diante de adiamentos que ceifam seus "sonhos"?

2. É a melhor opção manter-se por três anos num cargo previsto para um ano?

3. Há alguma irregularidade quando um novo colegiado modifica o que outro decidiu? Se assim fosse nenhum regulamento poderia ser modificado.

Não pode haver outros interesses, além dos institucionais, na escolha do melhor caminho!

Portanto, há um debate sério e responsável em andamento, sendo feito nas instâncias internas, pelas autoridades eleitas democraticamente para conduzir a Instituição.

No momento oportuno a decisão será tomada e anunciada, até lá convém manter o respeito que jamais deve ser olvidado.

Manoelito Savaris


O CONTRAPONTO


Senhor Manoelito, reconheço, preliminarmente, que nem de longe possuo o conhecimento tradicionalista que o Sr. possui, mas tenho um conhecimento razoável em Direito, que aplica-se, por óbvio, para as entidades associativas civis, que é o caso do MTG. Mesmo com meu parco conhecimento sobre o Estatuto e sobre o Regulamento Geral do MTG, concluo, com muita facilidade, que alterações em regulamentos, como é o caso dos regulamentos da ciranda e do entrevero, devem ser feitas pela CONVENÇÃO TRADICIONALISTA e não de forma unilateral pelo Presidente do MTG.

O Sr. simplesmente fez uma reunião com os coordenadores (que não possuem competência regimental para decidirem sobre os concursos) e encaminhou um "comunicado" para os conselheiros informando que já haviam "decidido" sobre os concursos, tratando-os como se fossem simples vassalos das suas decisões.

Sobre os concursos, a bem da verdade, o órgão responsável para alterá-los seria a Convenção Tradicionalista, mesmo em casos de urgência como o da pandemia. De qualquer forma, na gestão anterior, pelo menos a decisão, embora ilegal ao meu ver, foi tomada de forma colegiada e democrática pelo CONSELHO DIRETOR, que possui a competência para administrar o MTG.

Sobre a "gravação clandestina", sinceramente não sei quem a fez, mas faço uma pequena ponderação à luz das normas nacionais e das decisões do STF: as gravações sem conhecimento de um dos interlocutores podem ser feitas quando visam resguardar a LEGITIMA DEFESA DOS DIREITOS DAS VÍTIMAS que tiveram seus direitos violados.

Em síntese, seu Savaris, o senhor, em apenas alguns dias de mandato, conseguiu rasgar a Coletânea de Legislação Tradicionalista, de forma ditatorial e autoritária e desconsiderando que deve administrar o MTG com seus pares do Conselho Diretor, que não são seus empregados.

Meu filho irá concorrer ao cargo de Piá do RS. Estudo com ele há mais de três anos. Gastei muito tempo e dinheiro para prepará -lo para todas as provas previstas no regulamento. "Perdeu" muito tempo da sua infância estudando e se preparando para, do dia para noite, ter seu sonho arrancado por apenas uma pessoa de forma abrupta e ilegal.

Essa "provinha" de 30 questões inevitavelmente o prejudicará porque possui apenas 11 anos e o único critério de desempate provavelmente seja a idade. Mesmo que acerte todas as questões, é praticamente certo que não terá chance de ganhar.

O pior de tudo isso é que o senhor é uma das referências tradicionalistas do meu filho e da minha filha, que é a atual Prenda Mirim do RS. Ambos me disseram que nunca mais concorrerão para não terem que passar por situações como essa que estão passando agora. Ambos têm um sentimento de justiça apurado porque trabalho e falo sobre o Direito em casa e sabem que existem princípios constitucionais que jamais poderiam serem violados, como o PRINCÍPIO DA LEGALIDADE e o PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA.

Senhor Savaris, atitudes imponderadas, ilegais e arcaicas como as que tomou nesses poucos dias de mandato certamente irão retirar centenas de jovens do movimento tradicionalista gaúcho e isso muito entristece porque foi o Movimento que me arrancou da marginalidade há mais de 30 anos e sei do seu poder de salvar os jovens das mazelas da sociedade.

Da minha parte, afirmo para o senhor que conseguiria uma decisão liminar com muita facilidade para sustar os absurdos que o senhor está fazendo em relação aos concursos porque sou parte interessada, representando meu filho, mas não o farei porque não quero perder mais um segundo de vida com uma causa perdida, já que a ação judicial não conseguirá apagar a desilusão dos meus filhos.

A única forma de salvar o Movimento Tradicionalista é, ao meu ver, a juventude assumir suas rédeas.

Vou concentrar meus esforços no local onde o tradicionalismo ainda é puro e democrático, o meu Centro de Tradições Gaúchas, onde todos trabalham em prol da juventude e onde, no final das contas, ainda existem tradicionalistas DE VERDADE na essência preconizada pela Carta de Princípios.

Att,

Anderson Nunes dos Santos

Tradicionalista