Os debates sobre a Ciranda de Prendas e o Entrevero de Peões ganharam novos e acirrados capítulos o que prova que o diálogo profícuo dentro do Movimento Tradicionalista Gaúcho está longe de acontecer. Uma pena.
Uma reunião da entidade foi gravada e um áudio com frases um tanto autoritárias do presidente Savaris ganhou as redes sociais. O presidente se pronunciou sobre o fato (ver abaixo) e diversas manifestações em contrário também surgiram. Escolhemos uma que faz com clareza o seu contraponto a fala do mandatário do MTG.
Esperamos não voltar tão cedo a este tema desagregador e que tudo chegue a um bom termo.
O PONTO
NA BUSCA DAS MELHORES
SOLUÇÕES...
Em 26 de junho eleição.
Três propostas. A escolhida dizia:
1. Valorizar e
fortalecer as coordenadorias;
2. Realizar, da forma
possível, em 2021, o Entrevero e a Ciranda;
3. Cuidar,
especialmente, das bases: entidades.
Em 28 de junho a nova
Diretoria reuniu os coordenadores, apresentou um caminho. Aprovação unânime
(sempre considerando e respeitando pedido que os próprios coordenadores fizeram
à Presidente anterior, para que fosse revista a posição do Conselho Diretor): No
dia seguinte começa a reclamação.
Em 2 de julho reúne
prendas e peões estaduais: no dia seguinte publicação de fragmento da fala do
presidente, gravado sem autorização. Pode? Quem foi? Ninguém!!
Mais um dia e:
"abaixo-assinado".
A Diretoria segue com
as consultas e avaliação de alternativas para, em 18 Julho, possibilitar uma
boa decisão pelo órgão responsável pela administração da entidade.
Para pensar:
1. Como ficam prendas e
peões das entidades (a base) diante de adiamentos que ceifam seus
"sonhos"?
2. É a melhor opção
manter-se por três anos num cargo previsto para um ano?
3. Há alguma
irregularidade quando um novo colegiado modifica o que outro decidiu? Se assim
fosse nenhum regulamento poderia ser modificado.
Não pode haver outros
interesses, além dos institucionais, na escolha do melhor caminho!
Portanto, há um debate
sério e responsável em andamento, sendo feito nas instâncias internas, pelas
autoridades eleitas democraticamente para conduzir a Instituição.
No momento oportuno a
decisão será tomada e anunciada, até lá convém manter o respeito que jamais
deve ser olvidado.
Manoelito Savaris
O CONTRAPONTO
Senhor Manoelito,
reconheço, preliminarmente, que nem de longe possuo o conhecimento tradicionalista
que o Sr. possui, mas tenho um conhecimento razoável em Direito, que aplica-se,
por óbvio, para as entidades associativas civis, que é o caso do MTG. Mesmo com
meu parco conhecimento sobre o Estatuto e sobre o Regulamento Geral do MTG,
concluo, com muita facilidade, que alterações em regulamentos, como é o caso
dos regulamentos da ciranda e do entrevero, devem ser feitas pela CONVENÇÃO
TRADICIONALISTA e não de forma unilateral pelo Presidente do MTG.
O Sr. simplesmente fez
uma reunião com os coordenadores (que não possuem competência regimental para
decidirem sobre os concursos) e encaminhou um "comunicado" para os
conselheiros informando que já haviam "decidido" sobre os concursos,
tratando-os como se fossem simples vassalos das suas decisões.
Sobre os concursos, a
bem da verdade, o órgão responsável para alterá-los seria a Convenção
Tradicionalista, mesmo em casos de urgência como o da pandemia. De qualquer
forma, na gestão anterior, pelo menos a decisão, embora ilegal ao meu ver, foi
tomada de forma colegiada e democrática pelo CONSELHO DIRETOR, que possui a
competência para administrar o MTG.
Sobre a "gravação
clandestina", sinceramente não sei quem a fez, mas faço uma pequena
ponderação à luz das normas nacionais e das decisões do STF: as gravações sem
conhecimento de um dos interlocutores podem ser feitas quando visam resguardar
a LEGITIMA DEFESA DOS DIREITOS DAS VÍTIMAS que tiveram seus direitos violados.
Em síntese, seu
Savaris, o senhor, em apenas alguns dias de mandato, conseguiu rasgar a
Coletânea de Legislação Tradicionalista, de forma ditatorial e autoritária e
desconsiderando que deve administrar o MTG com seus pares do Conselho Diretor,
que não são seus empregados.
Meu filho irá concorrer
ao cargo de Piá do RS. Estudo com ele há mais de três anos. Gastei muito tempo
e dinheiro para prepará -lo para todas as provas previstas no regulamento.
"Perdeu" muito tempo da sua infância estudando e se preparando para,
do dia para noite, ter seu sonho arrancado por apenas uma pessoa de forma
abrupta e ilegal.
Essa
"provinha" de 30 questões inevitavelmente o prejudicará porque possui
apenas 11 anos e o único critério de desempate provavelmente seja a idade.
Mesmo que acerte todas as questões, é praticamente certo que não terá chance de
ganhar.
O pior de tudo isso é
que o senhor é uma das referências tradicionalistas do meu filho e da minha
filha, que é a atual Prenda Mirim do RS. Ambos me disseram que nunca mais
concorrerão para não terem que passar por situações como essa que estão
passando agora. Ambos têm um sentimento de justiça apurado porque trabalho e
falo sobre o Direito em casa e sabem que existem princípios constitucionais que
jamais poderiam serem violados, como o PRINCÍPIO DA LEGALIDADE e o PRINCÍPIO DA
DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA.
Senhor Savaris,
atitudes imponderadas, ilegais e arcaicas como as que tomou nesses poucos dias
de mandato certamente irão retirar centenas de jovens do movimento
tradicionalista gaúcho e isso muito entristece porque foi o Movimento que me
arrancou da marginalidade há mais de 30 anos e sei do seu poder de salvar os
jovens das mazelas da sociedade.
Da minha parte, afirmo
para o senhor que conseguiria uma decisão liminar com muita facilidade para
sustar os absurdos que o senhor está fazendo em relação aos concursos porque
sou parte interessada, representando meu filho, mas não o farei porque não
quero perder mais um segundo de vida com uma causa perdida, já que a ação
judicial não conseguirá apagar a desilusão dos meus filhos.
A única forma de salvar
o Movimento Tradicionalista é, ao meu ver, a juventude assumir suas rédeas.
Vou concentrar meus
esforços no local onde o tradicionalismo ainda é puro e democrático, o meu
Centro de Tradições Gaúchas, onde todos trabalham em prol da juventude e onde,
no final das contas, ainda existem tradicionalistas DE VERDADE na essência
preconizada pela Carta de Princípios.
Att,
Anderson Nunes dos
Santos
Tradicionalista