RETRATO DA SEMANA

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terça-feira, 13 de julho de 2021

BARÃO DO ITARARÉ

 

O jornalista Apparício Torelly, o Barão do Itararé

Uma das colunas da Zero Hora que mais aprecio é o Almanaque Gaúcho, que traz a assinatura do jornalista Ricardo Chaves.

No dia de ontem, 12 de julho, com a colaboração do também jornalista Paulo Sérgio Arisi, ele trouxe uma bela matéria sobre o histórico Barão do Itararé também conhecido por Apporely, cujo nome verdadeiro era Apparício Brinkerhoff Torely. Ele nasceu em Rio Grande, em 1895, e morreu no Rio de Janeiro em 1971. Desde quando estudou com os jesuítas, em São Leopoldo, criou o moderno humor jornalístico. Além disso criou seu próprio jornal Capim Seco, que foi logo apreendido pelo reitor do colégio. Entrou para o curso de farmácia e depois passou para medicina - abandonado no quarto ano. Se torna jornalista e vai para O Globo no Rio de Janeiro. Depois foi para O Amanhã e, finalmente, lançou A Manhã, aonde ridicularizava os ricos, a classe média e os pobres também. Logo se tornou um ícone do humor político na imprensa. São famosas suas "máximas", que fazem parte da cultura brasileira. Confira algumas delas abaixo:

- "O que se leva dessa vida é a vida que a gente leva".   

"Cada povo tem o governo que merece".

- "Negociata é um bom negócio para o qual não fomos convidados".

- "Os loucos fazem castelos no ar, os paranoicos moram dentro deles e os psicólogos cobram o aluguel".

"Se há um idiota no poder, é porque os que o elegeram estão bem representados".

- "Esse mundo é redondo, mas está ficando muito chato". 

- "As duas cobras que estão no anel do médico significam que o médico cobra duas vezes. Isto é, se cura, cobra, e se mata, cobra".

- "Viva sempre como se fosse o último dia. Um dia você acerta".

- "Devo tanto que se eu chamar alguém de 'meu bem', o banco toma".

- "Dize-me com quem andas e eu te direi se vou contigo".

- "O whisky é uma cachaça metida a besta".

- "A forca é o mais desagradável dos instrumentos de corda".

- "Quem não muda caminho é trem".

- "De onde menos se espera: daí é que não sai nada".

- "O tambor faz muito barulho, mas é vazio por dentro".

- "Os homens nascem iguais, mas no dia seguinte já são diferentes".

- "Tudo é relativo: o tempo que dura um minuto depende de que lado da porta do banheiro você está".

- "Nunca desista do seu sonho. Se acabou numa padaria, procure em outra".

- "Mantenha a cabeça fria para ter ideias frescas".

- "O voto deve ser rigorosamente secreto. Só assim, afinal, o leitor não terá vergonha de votar no seu candidato".

- "O banco é uma instituição que empresta dinheiro à gente, se a gente apresentar provas suficientes de que não precisa de dinheiro". 

- "O casamento é uma tragédia em dois atos: um civil e um religioso".

- "O fígado faz muito mal a bebida".

O nobre título de Barão do Itararé também é uma piada tão inteligente quanto histórica. Uma referência da Batalha de Itararé que nunca aconteceu. Quando em 1930 as tropas gaúchas de Getúlio Vargas rumaram para o Rio de Janeiro era esperada uma grande resistência no município de Itararé, localizado na divisa do Paraná com São Paulo, onde se travaria a batalha pelo poder no país. Mas não houve resistência, nem título de Barão para Aporelly. Preso inúmeras vezes durante o Estado Novo, pela polícia de Filinto Müller, Aporelly foi colega de cela de Graciliano Ramo, figurando no clássico Memórias do Cárcere. Foi eleito vereador pelo Partido Comunista Brasileiro em 1945.

O filósofo Leandro Konder escreveu um livro sobre Apparício Torelly e o cita como o gaúcho que merecia fazer parte da Academia Brasileira de Letras, pela graça e inteligência com que brincava com elas.