A pandemia que assola o mundo parece não ter arrefecido o senso crítico de algumas pessoas aqui da legendária Província de São Pedro. A bola da vez é o cantor Baitaca.
Na capa do CD de seu mais recente trabalho que traz por título Gaúcho de
Raiz, Baitaca aparece montado em um animal báio ruano. E aí começa a cascata de
insinuações (inclusive com versos de rima pobre, sem métrica alguma e de um gosto duvidoso) quanto a sua autenticidade
enquanto artista campeiro.
- O cavalo é um quarto-de-milha. Por que não fotografou num crioulo?
- A encilha é americana. O pelego não é pelego. A peiteira é de
esbarrar. Não sabe segurar as rédeas. Não tem chinchão, cabresto, laço...
Realmente, talvez tenha faltado ao Baitaca alguém que percebesse estes
detalhes, o mesmo que falta a dezenas de vídeos gaudérios. Mas isto não são
motivos relevantes para os arautos do gauchismo destilarem seus inconformismos
de forma tão vil em uma questão que pertence tão somente ao autor da obra. Não seria
uma autopromoção em cima de um nome consagrado?
Mas os fiscais das redes sociais não param por aí. Criticam o seu
cabelo, sua voz (trazem até o Regis Marques do Grupo Rodeio, por seu timbre,
para o debate), que o Mano Lima é outro que não entende nada (Jesus...). Zombam
da pulseira, do relógio, do anel, como se a um peão de fazenda fosse proibido
ter relógio.
Provavelmente quem lhe aponta o dedo não tenha nem celular (contém
ironia).
Não conheço pessoalmente o cantor Baitaca. Certa vez gravou uma letra
minha e só falamos por telefone. Me pareceu ser uma pessoa educada e de
palavra. E pouco me importa se ele é campeiro ou deixa de ser. Qual o artista
que faz tudo o que canta? Quantos montam um cenário de cinema mas não honram
sua bombacha?
Quem é da lida percebe que este animal não é da montaria do Baitaca. Os
loros (peça que prende os estribos) estão muito compridos para sua perna.
Então perguntamos: - Não estaria justamente aí a simplicidade e a
originalidade do Baitaca, ou seja, não preocupar-se com estes detalhes pois
isto não prova o que é ou deixa de ser?
As dificuldades que todo o meio artístico está atravessando, sendo os
primeiros a parar e os últimos a retornar, parece não ter mostrado nada a estes
proprietários da razão como se a SUA pilcha fosse a correta e o SEU modo de
agir um exemplo.
Total, quem é MAIS gaúcho? Quem usa boina ou aba larga? Lenço curto ou
comprido? Serrano ou missioneiro? Quem escreve livros ou quem doma cavalos? A
resposta é simples: É mais gaúcho aquele que respeita a nossa cultura e as suas
diferenças.
Enquanto crescermos como rabo de cavalo, nesta disputa interna, jamais
chegaremos a lugar algum. Falta união, apoio mútuo, humildade.
Ao cabo, estas críticas carregadas de mágoas parece ter uma motivação:
Que música neste ano de pandemia se sobressaiu entre as dezenas que apareceram
entre lives e mais lives? Fundo da Grota. Isto muitos não aceitam.
Então eu dou um conselho a estes críticos. Se vocês atestam que o
Baitaca é fake, contratem o marqueteiro dele. O cara é muito bom. Manteve em evidência o nome do artista neste ano de paralisia, atiçou os contendores e cá estamos nós, nesta manhã de domingo, falando do Baitaca.