Nossa postagem de sábado sobre como tornar nossa cultura mais popular serviu para uma enorme reflexão. É justamente este nosso objetivo.
Dentre tantas manifestações pertinentes, gostei demais deste posicionamento do poeta Moisés Silveira de Menezes, o qual trago para apreciação dos leitores do blog:
Moisés Menezes.
A cultura é gestada na
sociedade e não no MTG. Primeiro erro quando se discute cultura é partir para
cima do MTG que é apenas uma entidade normativa, organizacional que a dura
penas tem mantido vivo parte do nosso patrimônio cultural. Tem manifestações
culturais que são mais elitistas como a poesia, a literatura em geral, e isso é
em qualquer lugar do mundo (é da natureza dessas manifestações). Os negros e
brancos pobres são cidadãos do mundo dos galpões, das estradas, dos bolichos e
nesse meio desenvolveu-se a oralidade, a trova o causo (que vem a ser um conto
oral), então temos que a poesia é da elite e a trova é do povo : "Não
confundam o pajador com poeta de gabinete"...(Balbino Marques da Rocha) e
nenhuma manifestação é melhor ou mais válida que a outra e hoje o MTG tem
mantido vivas algumas manifestações populares e se não o faz já tinham sumido
junto com os galpões, os bolichos e as estradas onde foram gestadas. Em relação
aos nossos "Heróis" todos são de carne e osso (iguais a nós)" e
iguais aos heróis de outros povos mas são necessários para fundamentação da
identidade (povo que não tem história acaba....). A promessa dos Farrapos aos
negros era em caso de vitória, mas derrotados foi enviado e aceito pela Corte
como nosso negociador um cidadão Antonio Vicente da Fontoura, anti maçom e
muito racista (no diário que deixou é bem claro referindo se aos maçons Bento,
Netto e Mariano de Matos a quem se refere como "aquele mulato", por
aí fica bem claro como os negros seriam tratados e até o apelido que utiliza
para fustigar Bento, Bambaquerê, refere-se aos bailes dos negros). Poderão
contrapor que Canabarro era maçom, digo que foi iniciado durante a guerra nada
mais (não tinha convicções que vêm dos princípios antigos e aceitos). Um exemplo
moderno para reflexão: Qual a participação dos negros no MST (não é inclusivo?)
que é um movimento comandado por sobrenomes italianos e alemães na quase
totalidade. Essa questão é bem mais profunda e não teremos resposta em um livro
mas sim na análise bem mais ampla do contexto histórico social.
Grande abraço!!!