RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA
Pinheiro Machado, ao centro, sentado, e seu estado maior - Revolução Federalista -

sábado, 30 de maio de 2020

COMO TORNAR NOSSA CULTURA ACESSÍVEL




Certa feita fizemos um estudo tentando entender os motivos de termos tão poucos negros participando da nossa cultura gaúcha sendo que as danças, a musicalidade, a poesia, o artesanato, fazem parte da sua vivência. Seria por vontade própria? Por falta de oportunidades? Resquícios de uma sociedade escravocrata? Temos milhares de entidades tradicionalistas e quantos patrões negros você conhece? E integrantes de invernadas?  Entre músicos, compositores e poetas, quantos negros?
Proseando com meu amigo Edegar Barboza, orgulho de sua raça, pessoa estudiosa que labutou no antigo IGTF, ele me falou: - Neste meio penso não existir racismo ou preconceito com o negro. O problema não está na cor da pele. O que ocorre é que a nossa cultura é elitista e, sendo assim, torna-se excludente. Não é um movimento popular como a cultura nordestina, como Pernambuco, por exemplo, aonde apenas uma sombrinha colorida leva o povo para as ruas a dançar o frevo. Aqui, quanto custa uma pilcha?
Isto é uma situação imutável ou existe solução?
Colocamos este tema para que juntos e sem ranços ideológicos, sem responsabilizarmos este ou aquele, possamos buscar um meio de minimizar esta situação.
Talvez um envolvimento maior das entidades tradicionalistas com a sua comunidade (sem envolver política partidária) seja um caminho. O triste evento da pandemia nos deu uma demonstração que isto é possível pois muitos Piquetes e Centros de Tradições mobilizaram-se na ajuda a pessoas carentes, ou seja, saíram da sua rotina para vivenciar o meio social que os cercam. É o velho ditado: Se Maomé não vai a montanha, a montanha vai a Maomé.  
Outra possibilidade seria levar nosso folclore e tradição aos bancos escolares. Mas isto depende de preparação de docentes e da boa vontade de administradores públicos. Nas escolas de Taquara, por iniciativa do meu amigo Marco Aurélio Angeli, este trabalho teve inicio tendo por tema o tropeirismo. Não sei se ainda continua e o fundamental deste projeto é a sequência.  As palestras de voluntários são um bom caminho. Contudo, na época, recebemos crítica dos mais radicais (para variar) nos contrapondo que gauchismo não se aprende em colégio e sim no lombo dos cavalos. Então tá...
Uma das melhores maneiras o jovem para os quadros culturais é através da música. Então perguntamos: Há quanto tempo não se renova os quadros de valores nos festivais poéticos e musicais? Com raras exceções nossos músicos, intérpretes, compositores, poetas, são os mesmos de trinta anos atrás. Temos que incentivar os concursos voltados para o público que está começando.
Um fator que ajudaria muito neste processo seria uma maior veiculação nos meios de comunicação. E aqui cabe um adendo. Com todos os reclames que poderiam existir temos que louvar as iniciativas da RBS com os constantes espaços que concede a tradição, especialmente por ocasião do mês farroupilhas com suas promoções como o Desafio Farroupilha. Isto dissemina e populariza nossa cultura. Os outros, não dão vasa para nossa tradição.   
O assunto é vasto e para não esgotá-lo em apenas uma postagem vamos dividir a matéria em alguma partes a serem postadas na sequência aonde debateremos sugestões para tal situação. Uma coisa, porém, temos que ter em mente, qual seja a preservação de alguns valores imutáveis. Não necessitamos nos corromper para tornar a tradição universal como fez a "sofrência" sertaneja em relação a sua música de raiz.