Maneco Pereira
O dia 11 de fevereiro é considerado o Dia do Campeiro em homenagem a Maneco Pereira, o homem que laçava com o pé.
Ele nasceu no dia 18
de junho de 1848, no município de Rio Pardo. Ainda criança, foi com a familia
para a "Estância do Curral de Pedras", no município de Rosário do
Sul, onde seu pai trabalhou de capataz.
A "Curral de Pedras" era no século XIX uma das
maiores estâncias do Sul do Estado. Hoje ela está dividida em mais de 10
fazendas, todas de regular tamanho, o que demonstra sua grandeza. O rebanho de
gado alcançava mais de 42 mil cabeças.
Aos 15 anos, "Maneco Pereira" já era o
sota-capataz da estância, cargo que antigamente era dado ao ao peão que mais se
destacasse nas lides de campo. Com a morte do pai assumiu a função de capataz.
Foi quando conheceu a jovem Clara Veneral Penteado, natural
de Batovi, município de São Gabriel, com quem veio a casar. Mudando-se para o
então Posto de Santa Leonida, onde depois foi construida sob sua orientação, a
tão conhecida estância, que ainda hoje conserva o nome, com que foi batizada
pelo famoso laçador.
De seu matrimônio nasceram 12 filhos. Com a economia de
longos anos de trabalho acumulou regular fortuna, o que lhe permitiu comprar,
em março de 1892, a fazenda denominada Santa Clara, no Batovi, constituida de
20 quadras de sesmaria de campo. E também arrendou mais 20 quadras de outros
herdeiros.
Grande parte desses campos "Maneco Pereira" povoou
com gado bagual, "reculutado" ardilosamente no banhado do rio Santa
Maria, doado pelos proprietários, seus amigos.
Em Batovi fixou residência para o resto da vida. Foi onde
viveu seus áureos dias de grandes campereadas, de famosas caçadas, de imensas
alegrias. Foi onde sofreu também toda sorte de peripécias, as mais ingratas e
cruéis que o destino lhe preparara para o resto da vida.
É quase incrivel o que contam das suas façanhas praticadas
em tempos idos. Tão espetaculares foram esses feitos realizados numa época em
que o laço e as boleadeiras faziam eximios manejadores, que a própria critica,
implacável e fria, soube exaltá-lo com destaque na era dos grandes campeiros,
entre os mais respeitados que existiram.
"Maneco Pereira" foi um laçador que tanto pealava
e laçava com as mãos como com os pés, e não fazia isso por acaso, bastava advir
ocasião. Com o laço nas mãos só não fazia chover. Era como um artista fazendo
demonstrações da sua arte, num palco de diversões.
"Maneco Pereira" estava repontando uma ponta de
gado para um campo vizinho, quando seu cavalo enredou-se em uma linha deitada
de arame. O animal assustou-se e a queda foi tão violenta, que o velho campeiro
ficou preso contra a cabeça do serigote, machucando-se gravemente.
O ferimento agravou-se sensivelmente, deixando-o muito
doente. Todos os recursos médicos da época foram mobilizados, mas de nada
adiantou. No dia 11 de fevereiro de 1926 morria "Maneco Pereira",
tendo sido sepultado no dia seguinte no Cemitério do Joanico, situado no
Batovi.
No mesmo local descansam sua esposa, quase todos os filhos e
muitos netos e parentes.
(Fonte: Livro "Maneco Pereira o homem que laçava
com o pé", de autoria do historiador Osório Santana Figueiredo)