Embora antigo, como demonstra esta fotografia de um desfile,
o carnaval no Rio Grande do Sul, por algum motivo,
nunca equiparou-se ao restante do país.
Mistura de ritmos,
cores e costumes, o Carnaval se consolidou como a maior festa popular do país.
Apesar de sua origem na antiguidade europeia, no Brasil a comemoração é uma
expressão da cultura afro-brasileira. Mas, afinal, qual a história do Carnaval?
De acordo com o
historiador Charles Monteiro, professor do curso de História da PUCRS, a origem
da festividade remonta da Roma Antiga. “Não é fácil decidir sobre o ponto de
partida das tradições, que geralmente resultam da transformação de rituais
anteriores. Mas podemos considerar a Lupercália (antiga festa romana),
celebrações que ocorreram na Roma Antiga em meados de fevereiro, como o início
do Carnaval”, afirma.
Ainda segundo o
professor, o início da festa no Brasil ocorreu durante o período colonial no
século XVI, através do Entrudo. “Naquele momento, as autoridades relaxavam a
vigilância e permitiam a folia, que reunia homens e mulheres das classes
populares, muitos deles escravizados, mas também os libertos e os
representantes de camadas médias. A festividade ocorria como forma de
compensação para uma sociedade extremamente hierarquizada, rígida e autoritária
baseada na escravidão e no patriarcalismo que impunham múltiplas restrições à
liberdade”, conta Monteiro.
União de jogos e
brincadeiras, o Entrudo marcava o período de introdução da Quaresma. Monteiro
também destaca a importância do cristianismo para a consolidação da tradição
carnavalesca. “Segundo o historiador Gilles Bertrand, o cristianismo
desempenhou um papel importante no estabelecimento de um período de Carnaval.
Por volta do ano 1000, uma temporalidade cristã começou a se impor, separando
estritamente um período de prazeres da carne/do corpo e dias magros de jejum e
resguardo do corpo. A época do Carnaval, portanto, flutua, porque se alinha com
a festa da Páscoa e da Quaresma, fixada em quarenta dias a partir do século
VIII”, ressalta.