Luiz Carlos Borges interpreta Telmo de Lima Freitas
com a presença do baterista Kiko Freitas, no Theatro São Pedro
Foto: Tadeu Vilani / Ag RBS
O que começou como
provocação em um churrasco virou o disco que será lançado nesta quinta-feira
(4) com show no Theatro São Pedro. O gaiteiro, cantor e compositor Luiz Carlos
Borges leva ao palco o repertório de Jaguaretês, álbum em que canta a obra de
Telmo de Lima Freitas.
Aos 85 anos, Telmo é um
dos nomes mais representativos da música regional gaúcha. Natural de São Borja,
é autor de algumas obras seminais do nativismo, como O Esquilador e Cantiga de
Ronda. Com 65 anos e mais 30 discos lançados, Borges é outro ícone da música do
Rio Grande do Sul.
Há cerca de um ano e
meio, os dois churrasqueavam na chácara de Telmo, em Cachoeirinha. Entre uma
carne e outra, Borges pediu autorização para incluir a canção Pirangueiros, de
Telmo, no repertório de seus shows. O compositor da música respondeu:
— Fica à vontade, pode
fazer o que tu quiseres. Vai gravar?
Borges explicou que sua
ideia era apenas tocar a música em suas apresentações. Telmo ficou pensativo,
parou de espetar as carnes. Sorrindo, provocou:
— Por que não grava um
disco ou faz alguma coisa com mais músicas minhas?
— Telmo, tu és louco
por provocar outro louco — disse Borges.
— Ué, vamos fazer essa
loucura. Pegue a canção que quiser — arrematou o desafiante.
Borges elaborou uma lista
como mais de 30 canções de Telmo, que o auxiliou a selecionar as músicas que
melhor se encaixavam ao seu estilo de cantar.
— Assim, me livrei do
primeiro pepino que era a escolha — brinca Borges.
Com ilustrações de
Felipe Constant e texto de Vinícius Brum, o álbum conta com 17 canções de
Telmo, como Prece ao Minuano, Baile de Rancho, O Esquilador e a faixa título do
disco. Também foram gravadas outras músicas do cancionista que devem aparecer
numa futura segunda parte do projeto.
Para gravar Jaguaretês,
Borges recrutou músicos como Yuri Menezes (violão 6 cordas), Rodrigo Maia
(baixolão), Glauco Vieira (acordeon) e Neuro Junior (violão 7 cordas). Também
há a participações do baterista Kiko Freitas, filho de Telmo, que toca em 13
faixas e assume a percussão do show desta noite.
— Cresci ouvindo as
músicas do meu pai. Para mim, os ritmos de suas canções voltam e se renovam a
cada momento. Me senti honrado ao ser convidado pelo Borges. A princípio, seria
para uma música só, depois acabei gravando quase todo o álbum — diz Kiko.
Artistas em sintonia na
forma de pensar a música
Borges conta que a
amizade com Telmo data dos anos 1980. Antes, os dois se encontravam em
festivais e eventos nativistas, mas foi um churrasco (teria outro jeito?)
promovido por Elton Saldanha que estreitou os laços dos músicos.
— Ficamos até a boca da
noite conversando e tocando. Foi o início de uma amizade muito forte, ligada
pela arte e pela forma de pensar a música, além do comportamento humano enquanto
cidadãos — conta Borges.
Conforme o gaiteiro,
Telmo possui uma linguagem pura e verdadeira:
— Em suas letras, há
relatos que podem causar medo, arrepiar, imagens monumentais sobre lições de
vida. Tem um jeito muito particular de cantar. Canta o amor como poucos: pode
ser pela mulher, pelo irmão, pela natureza, pelos animas, fauna e flora. Ele é
um cara que respeita tudo isso, tem muito claro como funciona a natureza. É um
grande resumo da nossa regionalidade, além da regionalidade brasileira como um
todo. Para mim, hoje, talvez seja a referência viva mais importante da música
gaúcha.
Por isso, Borges
destaca que as composições de Telmo são inevitáveis no repertório de um músico
regional.
— Como é que não vai
tocar, de vez em quando, Esquilador? Ou Querência Amada, do Teixeirinha? Ou
Castelhana, do Elton Saldanha? Há muitos lugares que são as canções que
comandam o espetáculo, não o artista. Telmo é um criador dessas canções que
marcaram muito, como Esquilador. É dono de hits da regionalidade gaúcha que se
tornam obrigatórios no repertório.
Quinta-feira (4), às
21h
Theatro São Pedro
(Praça Marechal Deodoro, s/nº).
Ingressos: R$ 60
(plateia e cadeira extra), R$40 (camarote central), R$ 30 (camarote lateral) e
R$ 20 (galeria).
À venda na bilheteria
do teatro e pelo site
vendas.teatrosaopedro.com.br
Fonte: ZH / Ag RBS
Fonte: ZH / Ag RBS