RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA

quinta-feira, 4 de outubro de 2018

HOJE TEM "JAGUARETÊS"


Luiz Carlos Borges interpreta Telmo de Lima Freitas
com a presença do baterista Kiko Freitas, no Theatro São Pedro
Foto: Tadeu Vilani / Ag RBS


O que começou como provocação em um churrasco virou o disco que será lançado nesta quinta-feira (4) com show no Theatro São Pedro. O gaiteiro, cantor e compositor Luiz Carlos Borges leva ao palco o repertório de Jaguaretês, álbum em que canta a obra de Telmo de Lima Freitas.
Aos 85 anos, Telmo é um dos nomes mais representativos da música regional gaúcha. Natural de São Borja, é autor de algumas obras seminais do nativismo, como O Esquilador e Cantiga de Ronda. Com 65 anos e mais 30 discos lançados, Borges é outro ícone da música do Rio Grande do Sul.
Há cerca de um ano e meio, os dois churrasqueavam na chácara de Telmo, em Cachoeirinha. Entre uma carne e outra, Borges pediu autorização para incluir a canção Pirangueiros, de Telmo, no repertório de seus shows. O compositor da música respondeu:
— Fica à vontade, pode fazer o que tu quiseres. Vai gravar?
Borges explicou que sua ideia era apenas tocar a música em suas apresentações. Telmo ficou pensativo, parou de espetar as carnes. Sorrindo, provocou:
— Por que não grava um disco ou faz alguma coisa com mais músicas minhas?
— Telmo, tu és louco por provocar outro louco — disse Borges.
— Ué, vamos fazer essa loucura. Pegue a canção que quiser — arrematou o desafiante.
Borges elaborou uma lista como mais de 30 canções de Telmo, que o auxiliou a selecionar as músicas que melhor se encaixavam ao seu estilo de cantar.
— Assim, me livrei do primeiro pepino que era a escolha — brinca Borges.
Com ilustrações de Felipe Constant e texto de Vinícius Brum, o álbum conta com 17 canções de Telmo, como Prece ao Minuano, Baile de Rancho, O Esquilador e a faixa título do disco. Também foram gravadas outras músicas do cancionista que devem aparecer numa futura segunda parte do projeto.
Para gravar Jaguaretês, Borges recrutou músicos como Yuri Menezes (violão 6 cordas), Rodrigo Maia (baixolão), Glauco Vieira (acordeon) e Neuro Junior (violão 7 cordas). Também há a participações do baterista Kiko Freitas, filho de Telmo, que toca em 13 faixas e assume a percussão do show desta noite.
— Cresci ouvindo as músicas do meu pai. Para mim, os ritmos de suas canções voltam e se renovam a cada momento. Me senti honrado ao ser convidado pelo Borges. A princípio, seria para uma música só, depois acabei gravando quase todo o álbum — diz Kiko.
Artistas em sintonia na forma de pensar a música
Borges conta que a amizade com Telmo data dos anos 1980. Antes, os dois se encontravam em festivais e eventos nativistas, mas foi um churrasco (teria outro jeito?) promovido por Elton Saldanha que estreitou os laços dos músicos.
— Ficamos até a boca da noite conversando e tocando. Foi o início de uma amizade muito forte, ligada pela arte e pela forma de pensar a música, além do comportamento humano enquanto cidadãos — conta Borges.
Conforme o gaiteiro, Telmo possui uma linguagem pura e verdadeira:
— Em suas letras, há relatos que podem causar medo, arrepiar, imagens monumentais sobre lições de vida. Tem um jeito muito particular de cantar. Canta o amor como poucos: pode ser pela mulher, pelo irmão, pela natureza, pelos animas, fauna e flora. Ele é um cara que respeita tudo isso, tem muito claro como funciona a natureza. É um grande resumo da nossa regionalidade, além da regionalidade brasileira como um todo. Para mim, hoje, talvez seja a referência viva mais importante da música gaúcha.
Por isso, Borges destaca que as composições de Telmo são inevitáveis no repertório de um músico regional.
— Como é que não vai tocar, de vez em quando, Esquilador? Ou Querência Amada, do Teixeirinha? Ou Castelhana, do Elton Saldanha? Há muitos lugares que são as canções que comandam o espetáculo, não o artista. Telmo é um criador dessas canções que marcaram muito, como Esquilador. É dono de hits da regionalidade gaúcha que se tornam obrigatórios no repertório.
Quinta-feira (4), às 21h
Theatro São Pedro (Praça Marechal Deodoro, s/nº).
Ingressos: R$ 60 (plateia e cadeira extra), R$40 (camarote central), R$ 30 (camarote lateral) e R$ 20 (galeria).
À venda na bilheteria do teatro e pelo site
vendas.teatrosaopedro.com.br

Fonte: ZH / Ag RBS