RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

SEM RADICALIZAÇÕES



Na tarde mormacenta de domingo uma notícia vinda das bandas de São Lourenço do Sul "aquentou", ainda mais, as redes sociais. Segundo informações a serem confirmadas o glorioso e tradicional festival Reponte, identidade cultural desta linda cidade a beira da lagoa, voltará em abril de 2018 (em 2017 ele não aconteceu) apenas com a Linha Campeira.  Em suma, ao cortar a Linha de Manifestação Rio-grandense a organização do evento abriu um largo campo de debates, sendo que a maioria dos manifestantes se posicionaram contrários a ideia.
Pessoalmente, embora eu faça versos para grupos de baile e artistas voltados para a seara mais terrunha, sou contrário a divisão por linhas e penso que oportunizar novas manifestações sempre é salutar pois abre o leque da criatividade. Gosto por demais de nossa música litorânea, por exemplo, e não vejo muito campo de atuação para este tipo de composições, com exceção dos festivais de Osório e Santo Antônio da Patrulha.
O que posso perceber em tal ato da organização do Reponte foi o que já vi de forma menos radical em dois grandes festivais onde fui jurado em 2017, O Canto Missioneiro, de Santo Ângelo e a Tertúlia de Santa Maria. Nestes dois eventos se percebia por parte da organização uma vontade de "retornar as raízes". Estas "raízes" seriam a música mais campeira.
Na verdade, e agora falo como apreciador de festivais, a maioria destes encontros musicais está virado num ritmo só, ou seja, a milonga. Em Santa Maria tivemos mil e cem concorrentes sendo que em torno de 900 eram milongas. Tu não vê mais um chotes, uma valsa, uma rancheira, em festivais. Os próprios participantes dizem: - Para ganhar tem que ser milonga. Sei que mudei a prosa para "ritmo" e existem milhares de milongas bem campeiras, mas tal compasso mais dolente convida a um tema reflexivo. Também sou contra o chotes, a vaneira, a valsa, o chamamé, que não tenham mensagem alguma, que só descrevam fanfarronadas, pataquadas, gavolices... O que temos que buscar é um casamento entre letra e música que agrade a todos.
O que não concordo é com a fórmula que alguns "críticos musicais" utilizaram nestes debates para defender suas ideias. Segundo estes entendidos a organização quer que retorne a "grossura". Para tais pensadores o campeirismo esta ligado a "grossura". É a velha tática de se defender atacando, tudo para justificar seu ponto de vista. É o radicalismo político buscando espaço na musicalidade. Aí eu larguei de mão....