RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA
Pinheiro Machado, ao centro, sentado, e seu estado maior - Revolução Federalista -

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

OPINIÕES SOBRE O TEMA


A DURA VIDA DOS GRUPOS DE BAILE NO RS
 
PARTE I 
 
Entre dezenas de manifestações sobre a matéria exposta dia 31, terça-feira, apanhamos apenas alguns depoimentos, principalmente de músicos, e que não sejam repetitivos entre si. Para não acumular tudo na mesma postagem, amanhã estaremos publicando mais alguns.   

Zezinho G Floreio Buenas meus amigos músicos e donos de grupo. Leiam esta matéria do Léo Ribeiro de Souza e vamos repensar sobre se vale a pena estar botando ônibus, equipamento e pessoas na estrada a troco de bala. Quero deixar claro que não estou generalizando. Tem muito CTG consciente que paga o que o grupo merece, mas muitos estão com a artimanha do "Melhor Preço",. Eles apertam o conjunto porque sabem que alguém vai tocar pela miséria que eles querem pagar. Não que não tenham condições de pagar o cachê que o grupo vale, mas virou Lei da Oferta e da Procura. Um grupo de médio porte que se preste e tenha estrutura, hoje não pode sair de casa por mixaria porque, se não se valorizar, jamais vai chegar a algum lugar.
 
Um dia o Tio Gildo, dos Monarcas, me disse: - Meu filho. Nunca toque barato se não depois tu nunca vai conseguir aumentar teu preço. Cobra o que tu acha que o teu trabalho vale e calce o pé. Então, fica esta dica do Tio Gildo. Cobrem o que acharem que os seus trabalhos valem.... Mas, sem união, a coisa fica difícil.  

Humberto Frizzo Falaste tudo Léo Ribeiro de Souza, a dura realidade, ainda por cima tem festas tradicionais que estão apelando pra" Cinquenta reais" deixando os grupos a ver navios. Tá feia a pegada.
 
Sidnei Leite Canudo Concordo em número, gênero e grau. Não defendendo ninguém, pois somos culpados por muitas coisas que acontecem em nossa cultura gaúcha. Mas existe uma diferença grande sobre grupos gaúchos e os sertanejos. Eles são unidos e investem pesado na mídia, enquanto nós não temos essa união, e nem essa visão. No sul quem pode mais chora menos. Grande abraço a todos e não froxemo gurizada. Sucesso meu mano Humberto Frizzo e os Mateadores.

Paulinho Silva Muito oportuno e inteligente o teu post meu “ermão”. Levanta vários questionamentos a serem feitos e discutidos. Com o teu “permisso” peço licença pra fazer um breve comentário. Há muito tempo os galpões não são mais os mesmos, como em meados dos anos 90, onde 95% das pessoas dentro das entidades compareciam pilchados, peões & prendas. Aonde íamos até os CTGS mais cedo em dia de baile, pra compra convite antecipado e ver os grupos passando som.

Foi o tempo em que os galpões eram entidades sem fins lucrativos. Hoje, se visa o lucro, o oportunismo, nem todos é claro (em toda regra há a exceção)! Hoje com essa “revolução” musical de outros gêneros, essa realidade fica só na nostalgia das lembranças, há não ser em fandango em SC e PR, onde são mais gaúchos do que nós! Será que a nossa tradição está “esmorecendo”?

Não quero acreditar nisso, pois a tradição, cultura e costumes gaúchos são a base nesses meus 34 anos de vida! Obviamente que precisamos de um movimento organizado, com premissas; Porém, acredito muito, que muitas regras impostas servem apenas para afastar as pessoas da tradição. Quando mais novo comecei meu envolvimento com música participando dos rodeios (intérprete vocal), parei com essa atividade de tanto observar o “engessamento” de regras nesses eventos, onde creio que o que estava sendo avaliado não era “a cantiga” e sim o figurino, guaiaca da cor da bota, lenço até o joelho e blá blá blá. Como se o cotidiano do gaúcho campeiro, da lida de campo, fosse nesses moldes. Ah! Sim, existe uma divisão a parte campeira e parte artística.

Bueno então na parte artística, precisamos de fato de uma reformulação!

Hoje, pra ministrar aula de dança de fandango, precisa-se passar por um curso e ter uma carteirinha e tal, como se isso me tornasse o “senhor da dança”. Quando na verdade penso que quanto mais pessoas sem esses cursos, mas com o “dom” de ensinar, passando essa arte pra frente, seria mais interessante a nossa tradição. Pra participar de algum concurso, intérprete, declamação, enfim, precisa de outro documento. Pra participar do cotidiano de determinados CTGS, só se tiver dinheiro, pois é elitizado a entrada nos mesmos.

Hoje, a realidade do músico, do grupo da linha fandangueira é só uma.

O músico investe em média R$5.000,00 (sendo generoso) por um instrumento de qualidade, horas e horas de estudo, pilchas de acordo com os moldes impostos, tem que se submeter em tocar, às vezes, 6 horas de fandango, tocar sem tomar banho, muitas vezes sem comer, ficar longe da família e, outras coisas que poderia ficar horas relacionando, pra ganhar R$100 – R$150 “pila” e, ainda escutar a famosa frase – você é só músico ou trabalha também!?

O Grupo investe em material de divulgação, fotos, redes sociais, investe em equipamento, ônibus, gravação de CD, DVD, estúdio para ensaiar, enfim...

No final de tudo, muitos e muitos grupos acabam encerrando suas atividades, por que percebem que não vale a pena todo o esforço e dedicação.

Os de pequeno porte “rifam” o seu trabalho, afim de conseguir tocar, muitas vezes tem até que botar uns “pila” na guaiaca dos que se dizem “senhores da dança” pra tocar uma formatura. Os de médio porte, que tem um pouquinho de dinheiro, investem tudo que tem na ânsia de buscar um “lugar ao sol”. E os de grande porte, não abrem mão de nada, tem a sua linha de trabalho e não entram no jogo de regras, quem quiser contratar, contrata, quem não quiser, tem quem queira.

Um grupo de pequeno-médio porte pra tocar num CTG é sabatinado com uma lista de exigências, bombachão, lenço maragato, sem luz no palco, sem som alto, sem contar com a “rifa” que comentei anteriormente. Querem pagar R$1.000,00-R1.500,00 pra se tocar 4 horas de fandango, sendo que essa “gorjeta” não paga nem os músicos. Aqueles que investem em instrumentos, em estudo. Quando não encontram gaita e violão por R$800,00.

Sabe o que é engraçado disso tudo!? É que os mesmos que “rifam” a música gaúcha, a arte, o dom, logo fazem bailes com os grandes e pagam R$15.000,00 – R$18.000,00 em média, disponibilizam camarim, com “comes e bebes”, nem olham pra cor do lenço que estão usando, tamanho do pano da bombacha, acham bonito painel de LED, luzes piscando.
Da onde sai esse dinheiro, se estavam “chorando miséria” em R$1.500,00?

Sem contar quando fazem rodeios e bailes e quem toca e, aquelas “bandas” que tem a sua base de trabalho não na música galponeira, que usam bombacha apenas nesse momento. Hoje, infelizmente o que vende baile é banzo com quatro eixos, é a influência, mídia.

Nas rádios, além de poucas que difundem a música de fato gaúcha, perdemos espaço a outros gêneros e ficamos com horários não nobres, quando não se roda na programação, apenas os clássicos de sempre. Daí o compositor, investe tempo, pesquisando vocabulário, o tema, pra escrever algo com fundamento e, não tem o reconhecimento necessário. Se faz votação pra eleger os melhores do ano, mas só entre a “elite”, com todo respeito e admiração que tenho. Como compositor de verso gaúcho, me sinto “renegado” e ao mesmo tempo pensativo, será que vale a pena, estudar um tema, usar vocabulário campeiro que muitos nem conhecem o significa, expressar o campo, a lida em versos? Pra não ser lembrado! “Pila” não tenho pra entrar na mídia, tenho apenas o dom do verso e da cantiga e, a certeza do fundamento e compromisso do meu verso.

Então precisamos de uma reformulação, de mais apoio politico talvez, investimento em arte, cultura. De um movimento tradicionalista gaúcho preocupado com essas questões. De CTGS com consciência de que fazer música gaúcha de verdade não é fácil.

Nossa tradição deveria ser matéria básica nas escolas!

Música gaúcha ou o tal sertanejo Universitário?
O que paga as contas de verdade?
Meu “ermão” me desculpa usar o teu post pra fazer esse desabafo!

Luz e proteção divina sempre