RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA
Pinheiro Machado, ao centro, sentado, e seu estado maior - Revolução Federalista -

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

AO MESTRE ALBINO MANIQUE



Esta letra escrevemos em homenagem ao grande gaiteiro Albino Manique (77). Tal composição foi musicada pelo meu amigo e conterrâneo e gravada no mais recente trabalho do grupo Os Mirins, o qual é o grande líder. Para nossa alegria a obra vem fazendo enorme sucesso.
 
GAITEIRO GAÚCHO
(Léo Ribeiro)
 
Da minha cordeona que aos poucos se fecha
ganhei esta mecha de branco nas crinas
e antes que a gaita se vá pro estojo
eu sugo o apojo de um som que termina.
 
Comparo meu corpo com a gaita cansada
por léguas d’estrada, noitadas sem fim,
pois trago nas veias gaitaços malevas
e a gaita carrega pedaços de mim.
 
Sou resto de baile com sol na janela,
sou tecla amarela encardida do tempo.
Gaiteiro gaúcho, moirão de invernada,
de casca lanhada mas firme por dentro.
 
Na beira do fogo forjei amizades
sem ter vaidades, pachola e contente,
pra mim dá no mesmo tocar sem ter lucro
ou num baile xucro tapado de gente.
 
Mas coisas tão minhas ganhei nos floreios,
farranchos, rodeios, cirandas da vida
levando alegria tirei meu sustento,
bendito instrumento parceiro de lida.
 
Sou resto de baile com sol na janela,
sou tecla amarela encardida do tempo.
Gaiteiro gaúcho, moirão de invernada,
de casca lanhada mas firme por dentro.
 
Levei no meu canto de pura linhagem
terrunhas mensagens de guerra e de amor
abrindo este foles, mesmo na velhice,
é como se abrisse no campo uma flor.
 
Eu sei que a saudade jamais envelhece
por isso nas preces eu peço uma luz
pra qu’eu não esqueça dos tempos tão lindos
cordeona se abrindo e os braços em cruz.