Em face de que nossa postagem de ontem despertou muita curiosidade nos leitores sobre esta figura emblemática da Revolução Federalista, hoje revolvemos dar continuidade na história falando um pouco mais sobre:
ADÃO LATORRE
Por Cássio Lopes
Oriundo
do Uruguai fixou residência no interior de Bagé. Adão Latorre sobre o
qual pesam as acusações de haver degolado no dia 28 de novembro de 1893
em torno 300 prisioneiros no combate do Rio Negro,(nos campos do atual
município de Hulha Negra); segundo testemunhas oculares do
acontecimento, foram degolados realmente e no máximo, 34 pessoas já que,
após o combate e antes da degola, foram contados 270 mortos espalhados
no campo da batalha.
Na
importante obra “Alma, Sangue e Terra” de Cândido Pires de Oliveira,
encontramos às páginas 189 e 190, uma nota sobre Latorre cujo conteúdo é
uma transcrição de um depoimento do próprio Adão feito ao Sr. João
Cavalheiro durante a revolução de 1923 com o seguinte teor:
Depois
de haver participado da Guerra do Paraguai ao lado de Joca Tavares, ao
eclodir a revolução de 1893, novamente, ingressou nas forças daquele
general. Ao partir para a revolução, deixou em sua residência, como
guardião de sua esposa e filhos, o seu pai já com avançada idade.
Passando por aquele local um contingente castilhista, seus componentes
assassinaram cruelmente o seu pai, conduziram ao acampamento a esposa e
filhas que indefesas, foram submetidas a estúpidas sevícias. Por ocasião
do combate do Rio Negro, Adão Latorre logrou aprisionar os responsáveis
por aqueles crimes horrendos contra a sua família. Valendo-se de
testemunhas, que identificaram um por um dos assassinos, os abateu
degolados. Entre os executados estava o Coronel Legalista Manoel
Pedroso.
No
livro nº 4 dos Contratos Diversos do 8º Distrito, encontramos
registrado no dia 27 de setembro de 1922 o Testamento do Lendário Cel.
Adão Latorre que possui o seguinte teor: “Adão Latorre, solteiro,
uruguaio, com 83 anos de idade, domiciliado no 1º Distrito a quem
conhecemos e atestamos a sua perfeita sanidade, declara em seu
testamento sua última vontade pela maneira seguinte: Que não tendo
herdeiros necessários, descendentes ou ascendentes, embora reconhecendo
verdadeiros e naturais os seus dois filhos havidos com Maria Francisca
Nunes, brasileira, solteira já falecida, João Latorre com 52 anos de
idade e Nicamoza Latorre com 42 anos, solteiros, uruguaios, residentes
no município, deixa oito braças de sesmaria e a casa para Josefina
Machado companheira com que reside, cuja área tem limites com a
propriedade de Gaudêncio Furtado de Souza e a estrada real de Bagé ao
Camaquã e nomeia como testados Gaudêncio Furtado de Souza e substituto
Vergílio Alfredo de Almeida. Testemunhas: Plínio Azevedo (funcionário
público), José Otávio de Lima (comerciante), Miguel Ravizo
(comerciante), Anaurelino Francisco Ferreira (funcionário público) e
Jônatas José de Carvalho (proprietário). Escrivão ao Sr. José Maria
Lopes”.
Adão
Latorre morreu fuzilado no dia 15 de maio de 1823, no combate do Santa
Maria Chica (Passo da Ferraria) município de Dom Pedrito, após sofrer
emboscada dos capangas do Major Antero Pedroso. (Irmão do Coronel
Manoel Pedroso)
Pedro
Antônio de Souza Neto (tio Pedro), ferreiro do antigo 12º RC, hoje 3º
Batalhão Logístico (Batalhão Presidente Médici), foi quem no ano de
1923, com a patente de 3º sargento do Exército, foi designado a integrar
um pelotão para fazerem o translado do corpo de Adão Latorre do Passo
da Maria Chica para Bagé, onde foi sepultado no cemitério dos anjos.
Adão deixou 13 filhos dos quais 9 eram Uruguaios e dois deles possuíam o nome de João.
Cássio
Lopes, presidente do Núcleo de Pesquisas Históricas de Candiota,
salienta que além de Adão Latorre, existiram outros uruguaios, que
lutaram na Revolução de 1893, defendendo a causa Maragata, podendo
destacando o valente General Aparicio Saraiva e sua força, que era
composta por vários de seus compatriotas.
Distantes cinco
quilômetros de Bagé o Cemitério dos Anjos, onde está enterrado Adão
Latorre, mítico personagem histórico que lutou na Revolução Federalista.