RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA
20 de novembro - Dia Nacional da Consciência Negra

terça-feira, 8 de setembro de 2015

A FUGA DE BENTO GONÇALVES - PARTE III

 
SUA ESTADA NO FORTE DE MAR 
 
Como se viu, já na sua chegada na Bahia, ou mesmo antes, Bento Gonçalves buscou contato com a maçonaria local, enviando cartas as Lojas, solicitando apoio de seus Irmãos. Em 28 de agosto de 1837, em sessão na Loja Virtude, era apresentada uma de suas cartas. O historiador baiano Pedro Calmon foi quem as localizou e leu pela primeira vez, no Instituto Geográfico e Histórico da Bahia.
 
Com a mesma finalidade, em 30 de agosto lia-se em uma sessão da Loja Fidelidade e Beneficência outra carta de Bento Gonçalves. Tal como se vê do extrato da Ata da 132ª Sessão:
 
        Aos trinta dias do sexto mês Maçon do ano da ver:. L:. 5.837,  reunidos os Ipor nãointeressar no momento) - Teve lugar igualmente a leitura de uma outra pranch.: dirigida ao Ir.: R.: C.: Bento Gonçalves da Silva, prezo no Forte do Mar por efeito de pollitica, fazendo ver o estado em que se achava, e pedia o único recurso de lhe serem ministrados meios de ser mudado, para uma outra prisão commoda, onde fosse licito fallar aos seus amigos: do que sendo a Loj.: inteirada foram nomeados pelo Ir.: Ven.: para visitarem ao dito Ir.: e lhe oferecerem os socorros de que precisasse e estivesse ao alcance da Loj.: os IIfr.: Orad.: e Mest.: de Cerim.:  
 
No sentido de ajudá-lo em tudo que fosse possível, várias foram as visitas realizadas a ele, uma vez que os sobreiros da Loja Fidelidade e Beneficência estavam à frente dessa empreitada. Inclusive o Comandante do Forte do Mar, Capitão Manoel Vieira Machado, também era maçom e um dos fundadores desta Loja, tendo ele pertencido ao Supremo Conselho do Rito Escocês, da qual Francisco Gê Acayba de Montezuma foi seu Soberano e Grande Comendador.
 
Este fato mostra, conforme veremos mais adiante, o porque Montezuma foi duramente atacado na imprensa e na Câmara de Deputados, onde todos o  acusavam de ter enviado Bento Gonçalves para a Bahia, pois sabia quem, na realidade, poderia contribuir para a sua fuga na cidade de Salvador.
 
A solidariedade não tardou. Na manhã do domingo, 10 de setembro, Bento Gonçalves fugia, auxiliado por seus Irmãos baianos. Ele ficou exatamente 15 dias presos no Forte do Mar e, praticamente, um mês escondido após sua fuga, aguardando oportunidade de retorno. 
 
  
 Óleo sobre tela de Guido Mondin