RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA
Pinheiro Machado, ao centro, sentado, e seu estado maior - Revolução Federalista -

terça-feira, 25 de agosto de 2015

CONTRAPONTO


Sobre a postagem que fizemos, dias atrás, em relação às mudanças na Ficha de Avaliação de Declamação nos eventos onde o MTG tem ingerência, postamos, abaixo, um contraponto de Carlinhos Lima, Diretor de Manifestações Espontâneas Individuais da entidade.
 
Queremos esclarecer que em nosso blog nem "tudo é permitido" e refugamos dezenas de postagens diariamente somente aproveitando aquilo que, através do bom debate, venha enriquecer a cultura de nosso Estado. Quem nos enviou aquela matéria talvez seja um dos maiores entendedores de poesia, tanto na parte de declamação, quanto na de avaliação e que, após a postagem, recebemos diversas comunicações de pessoas do meio, também descontentes com os inúmeros itens a serem avaliados mas que, não sei porque razão, preferiram ter seus nomes resguardados.

Queremos, também, agradecer ao Diretor Carlinhos Lima por sua manifestação esclarecendo o ponto de vista de quem direciona a arte declamatória dentro do MTG.
        


Embora o comentário equivocado não tenha repercutido, por respeito a este veículo de comunicação cabe alguns esclarecimentos.

A planilha é um documento administrativo, instrumento de trabalho do avaliador e não do declamador. Serve para facilitar as anotações do que está ocorrendo no palco e, assim, expressar a percepção do avaliador para aquele momento, procurando a maior fidelidade possível ao que foi apresentado. Não deve nunca servir para expressar a “vontade” do avaliador.

Tem que ser fiel ao regulamento utilizado e que, como sabemos, é fruto da discussão em fórum próprio onde qualquer interessado tem voz, basta que queira participar das decisões, embora muitos prefiram se omitir das discussões para depois criticarem livremente nas redes sociais, onde tudo é permitido, todos sabem tudo e a verdade de cada um é absoluta.

As planilhas, em todas as modalidades, são modificadas e aperfeiçoadas todos os anos, sempre com a finalidade de facilitar a transposição do pensamento do avaliador daquele momento. E nunca vi ou ouvi nenhum questionamento, até porque nunca é divulgada publicamente, não há esta necessidade pois, como disse antes e repito: é um instrumento do avaliador e não do declamador. Para quem não sabe, a planilha que se utilizava até ontem, defasada pelo tempo, foi por mim elaborada em 1999.

Talvez esta minha mania de ser transparente e de sempre trazer as informações de forma pública, sem privilegiar apenas os “amigos”, tenha servido como pretexto para aguçar alguns recalques de uma “maioria de uma pessoa só”, com meia dúzia de seguidores, que talvez tenham perdido as benesses de conhecidos privilégios.

Mas respondendo pontualmente:

- Nenhum dos avaliadores precisou utilizar calculadora até agora; quem não sabe somar 2+2 não pode ter uma missão tão importante.

- Os quesitos continuam sendo quatro, nada mudou. Apenas a forma de percepção foi organizada de maneira a ficar mais claro para todos.

- Agora existe a possibilidade de valorizar a postura cênica, fundamental na expressão do corpo, pois a planilha antiga contemplava apenas mãos e rosto, como se o resto do corpo não existisse.

- O tempo não inclui a passagem de som; quem informou está perdido ou foi mal intencionado. O regulamento prevê a contagem a partir da liberação do microfone; definimos que a liberação ocorre quando o intérprete anuncia o poema e seu autor. Além disso, como diz o regramento, “desconta-se um ponto por minuto inteiro que ultrapassar”. Isto significa que o declamador tem mais 59 segundos de “bônus”, além dos 9 minutos.

- Pergunto aos “entendidos”: quando o intérprete troca a pronúncia de alguma palavra, mudando-lhe o sentido, ou atropela a pontuação do texto, modificando a idéia do poeta, a mensagem foi interpretada corretamente?... Sempre foi avaliado desta forma, apenas não estava explícito. Quando se quer achar chifres em cabeça de cavalo se procura anomalias onde não há. Falta de argumentos de quem se esconde no anonimato e não vem pra discussão com a maioria bem intencionada.

O mais importante que destaco é que, na planilha anterior, o avaliador dava a nota que queria sem precisar explicar nada a ninguém, sendo a sua vontade acima da apresentação do palco. Agora fica registrado cada desconto, em qual quesito o declamador falhou e a sua justificativa, que além de deixar claro o que o avaliador percebeu no palco, serve como orientação, que também é uma das finalidades da avaliação.

Houve ampla discussão para formatar a tal planilha, incansáveis reuniões de estudos para formar conceitos unos, incontáveis mates na roda de prosa sorvendo a essência da sensibilidade da poesia, que se encontrava aprisionada em técnicas artificiais e apresentações teatrais, adquiridas em cursos e interesses monetários, que foram úteis e serviram no seu tempo.

Hoje o declamador é a estrela; a essência da poesia é o motivo de estarmos ali; o avaliador é mero coadjuvante e assim é entendido pela nossa equipe de avaliadores.

Por derradeiro, afirmamos que estamos abertos a todas as opiniões que quiserem se somar a estes esforços. Críticas construtivas serão bem vindas. Sejamos mais avaliadores e menos jurados...

Carlinhos Lima