RETRATO DA SEMANA

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Identidade Visual dos Festejos Farroupilha 2024 / Cintia Matte Ruschel

quinta-feira, 16 de abril de 2015

POLÊMICAS E MAIS POLÊMICAS



Pensei bem antes de fazer esta postagem porque, por diversas vezes, compus comissões de festivais e sei das dificuldades desta tarefa.

Contudo, ao que parece, o Reponte da Canção, um dos maiores festivais nativistas do Estado, que aconteceu no fim de semana em São Lourenço do Sul, ainda vai dar muito pano para mangas e nosso blog não pode deixar de explanar tais manifestações e ficar alheio a este processo.

Tudo começou com o pronunciamento escrito do músico lourenciano Adão Quevedo, levantando uma questão que, no mínimo, causa estranheza. Vejam o que desabafou Adão Quevedo:

"Bueno, recebo as planilhas do 31º Reponte, que numa atitude de transparência e respeito aos artistas, divulga as notas de cada jurado. Parabéns à organização. Mando minhas singelas composições para bem poucos festivais, porque moro longe da maioria e hospedar-me 3 dias, computando gasolina, pedágio e alimentação, é preciso quase pagar para participar isso, quando classifico, pois a qualidade das composições inscritas está a cada dia melhor e não é fácil passar nas triagens. Então avaliando o comportamento individual de cada jurado em relação a cada composição, desta edição, notei que alguns mantêm a média das notas com equilíbrio, entre uma e outra apresentação: outros, chegam a uma diferença, que no mínimo deixa alguma reticência... Participo, sempre, respeitando meus parceiros e amigos, alguns viajam de longe e doam-se com sua honestidade e talento e o resultado, em primeiro lugar, é a satisfação do convívio e de subir ao palco com toda dedicação à obra. Música é arte, não é competição, no entanto há que se ter critério e não podemos deixar que brinquem com nossa obra e desrespeitem os artistas que fazem um trabalho sério com dedicação e isenção... quando nos dispomos a participar sabemos que seremos avaliados, e que a opinião de cada avaliador é pessoal e subjetiva, porém quando essa opinião muda, drasticamente de um dia para o outro, sendo que as apresentações foram equilibradas ou, até melhoraram segundo a opinião de todos, que não são leigos, inclusive jurados da edição anterior do festival, ficamos pensativos quanto ao critério e opinião utilizados... 

Notem a diferença...

Notas de sábado para nossa composição “No passo das lavadeiras”

Jurado: Ângelo Franco – Músico, compositor, arranjador e cantor.

                Letra    Mel.   Interp   Arran.   Palco   Total

SÁB:         9.0      9.0     9.0         9.0        9.0       9.0

DOM:        9.0     9.0     9.10       9.0        9.0       9.10
 
Jurado: Cristiano Vieira – Músico, compositor, arranjador e cantor.

               Letra   Mel.   Interp.    Arran.   Palco   Total 

SÁB:        9.6     9.4      9.5          8.9        8.9      9.44

DOM:      9.6     9.4      7.0          6.0        7.0      8.40
 
Jurado: Xiru Antunes - Poeta

              Letra    Mel.    Interp.    Arran.   Palco   Total

SÁB:      9.7      9.4         8.8         8.8       8.1       9.13

DOM:    9.7      9.4         4.3         4.4       4.6       7.49
 
Será que estou equivocado? Ou ocorreu algo estranho com minha composição de um dia para o outro?...

 
Mais uma vez ressalto a coragem da organização em divulgar as notas, exemplo que deveria ser seguido por todos os festivais do Estado, inclusive para conhecermos melhor quem está nos avaliando..."
 
Pois bueno.

Logo em seguida um novo posicionamento lança dúvidas sobre o quesito "ineditismo", mas não deixa dúvida alguma sobre apropriação intelectual e falta de ética de um concorrente. Bombeiem o que escreveu o também músico Don Douglas Borges:

"Engraçado, a dois anos atrás fiz uma musica e descubro que agora já tá até no Reponte da Canção nativa, e por surpresa a música nem se quer é inédita. "Pode isso Percival?" Segundo a comissão pode, mas segundo o art. 6 do festival não." 

Tal composição já circula há mais de ano no facebook. É só conferir:

https://www.youtube.com/watch?v=2IAxvwwhJh4

Fizemos contato com o músico Don Douglas Borges para autorização de postagem e assim nos respondeu:

Show de bola, qualquer info que tu precisar para que seja acrescentado é só me mandar um chasque aqui. Situação bastante desconfortante o que aconteceu, e a impotencia que agente se sente é muito ruim . Só tenho a agradecer por existir pessoas como você e alguns amigos que estão dando força nesta causa. Um prazer te conhecer, boa tarde meu galo

Pois bueno II

Mais uma das dezenas de manifestações, agora do músico Danilo Kuhn

Foram disponibilizadas aos compositores participantes do 23º Pérola em Canto (Repontinho) e do 31º Reponte as planilhas com as notas dos jurados, onde consta a avaliação dos mesmos em cinco quesitos: letra, melodia, intérprete, arranjo, e palco. A minha composição em parceria com o Dr. Eduardo Kern, "No Garrão do Continente", interpretada por Fabiano Bacchieri II, concorrente do 23º Pérola em Canto, recebeu a maior média no quesito "Arranjo", no somatório das notas dos jurados. No entanto, a mesma não recebeu o prêmio de "Melhor Arranjo" do referido festival (a composição premiada obteve a quarta melhor média neste quesito). Em respeito aos músicos responsáveis pelo arranjo, eu e o Dr. Eduardo entramos em contato com a Comissão Organizadora, a qual nos respondeu que: "O programa disponibilizado aos jurados serve para determinar a vencedora em cada linha (no caso do Pérola em Canto). As demais premiações atribuídas pelos jurados são fruto do consenso após a discussão entre os jurados das duas linhas. Neste caso a planilha serve apenas como um indicativo". Muito que bem. Ainda assim, parabéns aos meus amigos e grandes músicos Maykell Paiva II, Everson Maré II, Fernando Saalfeld e Davi Hackbart Covalesky, não pela premiação de "Melhor Arranjo", que não obtivemos, mas pela maior média neste quesito, que, infelizmente, não foi suficiente para levarmos o troféu! VIVA À ARTE! O RESTO, FAZ PARTE!

Nota do blog: 

Nossa teoria de que talvez a organização tenha repassado aos jurados que o "nível" de avaliação para o 23º Pérola Encanto (Repontinho ou fase local) fosse um e do 31º Reponte (fase geral), fosse outro, cai por terra ao perceber que um dos jurados deu até nota maior no domingo para a canção de Adão Quevedo, oriunda da citada fase local. Então, realmente, ficamos sem entender a metodologia da análise.

Também temos sérias dúvidas sobre a efetividade da fórmula da composição do júri do Reponte, ou seja, a escolha por voto popular normalmente visa mais as amizades, sem ser levado em conta o conhecimento técnico. Já ganhei, por  três vezes, a Música Mais Popular do Ronco do Bugio, e duas delas não tinham nada de popular. Ganhei porque era de lá (de São Chico de Paula).

Mas o debate em bom nível é sempre proveitoso para o aprimoramento de nossos festivais.