RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA
VEM AÍ O 32º RONCO DO BUGIO. Dias 30 de agosto e 1 de setembro no CTG Rodeio Serrano, em São Francisco de Paula. Gravura: Léo Ribeiro

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

VOLTEANDO DATAS - NASCE GASPAR MARTINS


Num dia 05 de agosto de 1834, nascia em Aceguá, Bagé, Gaspar Silveira Martins, o Pai dos Maragatos e mentor da Revolução Federalista.

Gaspar Silveira Martins, o tribuno máximo do Brasil Império, que entraria pela República, coerente com seus princípios, combatendo oligarquias e ditaduras, exigindo liberdades e direitos que se vinham conculcando, no Rio Grande do Sul, através de leis, de conchaves e de ordens subterrâneas, num desrespeito integral à dignidade humana do adversário. Nasceu dai a Revolução, revolução que ele, Gaspar Martins, não queria, mas teve que aceitar porque o povo, aquele mesmo povo que ele conduziu e educou nos princípios da liberdade e do radicalismo que sempre pregou, o quis e o obrigou a presidir, como chefe civil.

E ele, que jamais cedia, mas procurava sempre harmonizar, desde que beneficiasse ao povo e à Pátria, foi obrigado a assistir à hecatombe terrível que foi a violenta carnificina humana daquela revolução que se fez contra sua vontade, a de 1893-95, e que, finalmente, conseguiu paralisar após lutas e mais lutas diplomáticas, até conseguir um mediador capaz de compreender a situação, compreender o povo, e firmar a paz.

Mas não foi possível evitar a luta. As provocações foram excessivas e Joca Tavares com Gumercindo Saraiva, invadiram o Rio Grande do Sul pensando calarem de imediato as diatribes e arbitrariedades que campeavam pelo Estado, ordenadas, provocadas, consentidas pelo governo de Castilhos. E,Gaspar Martins não teve outro remédio: aceitar a revolução que não queria, que jamais quis. Paulo José Pires Brandão, neto materno e afilhado do Conselheiro Antonio Ferreira Viana, conheceu Silveira Martins em casa do avô. Em seu livro Vultos do MeuCaminho, assim descreve o imortal conselheiro: "Alto, corpulento, grandes óculos, barba toda aberta e branca, pele muito vermelha. Voz de trovão, gesto largo, não sabia falar baixo, e mesmo quando palestrava era em tom de discurso, e a sua voz clara, sonora e forte invadia a sala onde estava, os corredores, o hall, a casa inteira, atravessando a rua. Não falava ao ouvido de ninguém, não dizia segredos, nem os tinha, mesmo porque a sua voz não dava diapasão para sussurros, não murmurava: tonitroava".

Com a Proclamação da República, estando Gaspar Martins na Presidência do Rio Grande do Sul, foi preso e deportado.

Pouco antes do 15 de novembro de 1889, fora Gaspar chamado à Corte para formar novo Ministério, com intenções de evitar a queda fatal. Foi tarde, porém. Ao chegar no porto de Desterro (depois Florianópolis), já a República havia sido proclamada e Gaspar Martins aprisionado. Seguiu para a Europa.

Lá o encontrou Pires Brandão, que viajava com o avô, também deportado. E conta que, ao atravessar o Canal da Mancha, encontra a bordo o diplomata e jornalista francês Tachard, a quem foi apresentado. Diz Pires Brandão: "Falou Silveira Martins toda a travessia. Ao desembarcar na Inglaterra, disse Tachard a meu avô: Não há no mundo governo e instituições que possam resistir a um homem como este, que atravessa a Mancha discutindo Renan! Um país que deporta um homem desses, ou é um país de sábios ou de ignorantes".