RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

QUE VENTOS TE TRAZEM?

Poema de: Júlio Cesar Paim

Se vens,
num flete negro-de-ciume,
repontando uma tropa magra de anseios
e uma tropilha de inveja, volte!...
...volte que eu não tenho pouso pra ti.

Se vens,
não apenas para matar a sede,
mas para secar a fonte de esperança
ou pra falar de outros que adiante seremos nós.
Volte! Volte que não tenho tempo pra te escutar!
Me desculpe a franqueza,
mas bateste na porta do rancho errado.

No entanto
se vens num cavalo de vento
mais leve e mais branco que a neve...
...de alma aberta e coração em brasa, entre.
Entre a casa é tua!
Já vou aquecer a água pro chimarrão.

Puxe um banco e sente!
Não repares se durante a mateada eu não falar nada,
mi Hermano de pátria e consciência!
Teus olhos me dizem que te conheço há muito
e portanto não precisamos de palavras.
O silêncio fala mais alto, expressa mais.

Não rasguemos sedas!
Que o poncho da alma aquece mais...
O importante é que vieste Hermano,
e a porta do rancho sempre estará aberta para ti.

Nem partiste e já sinto tua saudade.
Mais sei que voltarás em breve,
porque vieste em nome da felicidade,
o que é fundamental para matear com os deuses da paz.
E a paz é o esteio desse rancho simples,
que tem no amor a base estrutural...
...e, na verdade a fonte, manancial inesgotável,
que jamais haverá de secar
porque é daí que vem a água pra gente matear.