RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

O POEMA-SÍMBOLO DOS LIBERTADORES

Paulo Monteiro (*)

João Gonçalves Vianna Fº nasceu em Uruguaiana no dia 3 de outubro de 1890. Cursou Direito na tradicional Faculdade de São Paulo. Naquela cidade, em 1924, publicou seu único livro “Thebaida”, prefaciado por Afrânio Peixoto. Formado, retornou à terra natal, destacando-se como poeta, orador, advogado e político filiado ao Partido Libertador (PL). Suplente de deputado federal negou-se a assumir, por não se considerar à altura de substituir Assis Brasil, no parlamento nacional. Suicidou-se, na cidade natal, no dia 11 de abril de 1934.

Em 1987, Soares Tubino publicou o ensaio “Gonçalves Vianna e seu Universo Poético”, impresso na Gráfica Comercial Sul Ltda., de Uruguaiana, contando a vida do desditoso poeta.

Rodrigues Till, o maior estudioso da vida e da obra de Alcêu Wamosy, outro poeta uruguaianense, conta a história do mais famoso poema de Gonçalves Vianna, escrito em 29 de setembro de 1928, em Taquara, durante a campanha eleitoral.

O Partido Libertador, fundado em 3 de março de 1928 e extinto em 2 de dezembro de 1937, sendo reorganizado em 10 de novembro de 1945 e extinto, desta vez pelo “regime militar”, em 1965, através do AI 2. Era o continuador das idéias do Partido Federalista, de Silveira Martins, embora aceitasse a presença de presidencialistas, em sua luta contra a ditadura castilhista-borgista.

Transcrevo, a seguir, da página 24 de “Alcêu Wamosy: Sua vida e sua Obra, 1º Tomo”, de Rodrigues Till (Porto Alegre: Edições Flama, 1973) o pequeno poema que se transformou num verdadeiro hino dos libertadores.

Os apóstolos da fé
Que trazem lenços vermelhos,
Se sabem morrer de pé
Não sabem viver de joelhos,
Os apóstolos da fé
Que trazem lenços vermelhos.

J. Gonçalves Vianna
Taquara, 29-9-28

Os versos de Gonçalves Vianna, em autógrafo do próprio Autor, foram preservados pelo escritor e bibliófilo Olynto Sanmartin. Neles ecoa a famosa máxima de Gumercindo Saraiva, que cito de memória: “Liberdade não se conquista de joelhos, mas de armas na mão.”

(*) Paulo Monteiro pertence a diversas entidades literárias do Brasil e do Exterior. Publicou os livros: “A Trova no Espírito Santo – História e Antologia –”, “Combates da Revolução Federalista em Passo Fundo”, “O Massacre de Porongos & Outras Histórias Gaúchas” e “A Campanha da Legalidade em Passo Fundo”, além de centenas de artigos e ensaios sobre temas históricos, literários e culturais.”