Em vez de aterem-se ao que a Revolução Farroupilha realmente desejava, ou seja, o fim da monarquia portuguesa no Brasil (assim como outros movimentos similares, na mesma época, em outros Estados), alguns sites nacionais preferem destacar ideais separatistas do Rio Grande do Sul, dando voz a pessoas que ainda hoje almejam tais objetivos, esquecendo-se que, ao fim da Guerra, nosso líder maior, Bento Gonçalves da Silva, rejeitou apoio militar castelhano.
Vejam o que publicou o site Terra.
Daniel Favero
Direto de Porto Alegre
Em meio a chuva e frio que atingiram a cidade de Porto Alegre, os gaúchos comemoraram a Revolução Farroupilha, nesta terça-feira, com um desfile tradicional e pedindo uma partilha dos royalties do pré-sal entre todos os Estados brasileiros. Indagados sobre ideias separatistas, como a defendida pelo Movimento O Sul é o Meu País, que faz consultas públicas sobre a separação dos Estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná do resto do País, os expectadores se disseram contrários a esse tipo de pensamento.
Durante o desfile foram distribuídos pelo governo do Estado panfletos com informações sobre a partilha dos recursos do pré-sal e alguns carros traziam a mensagem: "o pré-sal é para todos os brasileiros". Além disso, entidades que representam os policiais militares também exibiam faixas pela campanha salarial. "Sem salário justo é difícil vestir a farda da brigada" e "salário digno já, chega de migalhas".
Vestido com indumentária típica gaúcha, o zelador José Pires, 53 anos, que se considera tradicionalista "com muito orgulho", acompanhava o desfile. "Fazem 30 anos que eu frequento", dizia. Perguntado sobre a pesquisa que vem sendo feita pelo Movimento O Sul é o Meu País, diz que a ideia não convêm. "Faz parte do tradicionalismo ser uma irmandade e ser brasileiro", afirmou.
Já a funcionária pública aposentada Sônia Couto, 65 anos, diz que ama o Nordeste do Brasil, mas considera que a separação poderia ser positiva. Ela defende ainda que São Paulo seja incluída na divisão.
"Vou ser bem sincera, eu adoro o Nordeste, vou todo o ano para lá, mas, na verdade, temos uma cultura totalmente diversa da deles, e até acho que (a separação) deveria ser de São Paulo para baixo, não deixar de fora, porque é o grande potencial do Brasil e tem a cultura bem parecida com a nossa", defende. Ela justifica sua posição ao afirmar que o País é muito grande e as políticas acabam se diluindo entre as diversas unidades da Federação.
Já o comerciário Miguel Conceição da Silva, 47 anos, diz que a questão separatista deve ser discutida com muito cuidado. "Acredito que como isso quase aconteceu no Rio Grande do Sul no passado, esse é um assunto que deve ser muito bem pensado. É uma coisa bem difícil de se analisar de forma rápida, e para que não ocorram problemas no futuro após uma divisão com o descarte do Estado em relação ao resto do País."
No entanto, a maioria dos entrevistados durante o desfile se disseram contrários a ideias separatistas, e defendem o Estado gaúcho como parte do Brasil. O policial militar Adaildo Moreira, 42 anos, que participa de piquetes e centros de tradições gaúchas, diz que na atual conjuntura brasileira, idéias como essas não são interessantes. "Acho que o que deve ser revisto são as distribuições de recursos entre os Estado para que haja mais igualdade. A separação do resto do País não seria essencial."
O microempresário Harley Rabelo, 51 anos, diz que a ideia de separatismo, hoje, não é realista. "Hoje, isso é uma utopia, o tempo já passou, não é mais hora de pensar nisso. A gauchada já está mais acomodada, não se mexe mais nisso", disse ao defender o Rio Grande do Sul como um dos Estados mais brasileiros. Segundo ele, ao invés de pensar em separar, o seu Estado pode servir como exemplo para o Brasil. "Nosso povo é um povo politizado e serve de exemplo para o resto do País."