RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA
Recuerdos da companheirada e do velho parceiro (Mouro Negro).

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

REMEXENDO OS GRAVETOS

Como tivemos problemas de formatação em nosso blog e a solução foi excluir as matérias de quarta-feira passada para cá e, em face de que os problemas foram solucionados mas muitos leitores do blog não puderam acompanhar as postagens destes dias, resolvemos re-publicar uma matéria representativa de cada dia e que são as seguintes:


sexta-feira, dia 02 de setembro
DE COMO CANTAR UM HINO

O Hino Rio-grandense é como um "Pai Nosso" para o gaúcho


“Essa idéia de ficar louvando uma coisa porque é tua é algo que muitas vezes chega às raias do ridículo, como a prática de cantar o hino gaúcho antes de cada jogo de futebol. É um negócio bizarro”.

Em contraponto a esta grande e despeitosa asneira que disse o cineasta “gaúcho” Jorge Furtado (que convive, mas não aprende com Tabajara Ruas) em entrevista ao Jornal Sul 21, saiu uma pesquisa, ante-ontem, para saber qual do hinos é mais popular: o nacional ou o rio-grandense.

A empresa Segmento perguntou: “Qual dos dois hinos você prefere cantar?”. As respostas foram:

54% do Rio Grande do Sul
46% do Brasil

Foram entrevistadas 400 pessoas de ambos os sexos, moradores da capital, com idades entre 16 e 65 anos e de todas as classes sociais, entre os dias 17 e 20 de agosto.

Em face deste apego do gaúcho pelo seu hino, há tempos atrás escrevi uma letra sobre o tema, intitulada:

DE COMO CANTAR UM HINO
(Léo Ribeiro)

Apresilhado num lugar de fundamento
tremula ao vento o brazão do chão sulino
e um gaúcho com o sombreiro na mão,
com devoção mira o pano e canta o hino.

E o verso chucro ganha corpo e ganha espaço,
como um abraço contagiante, se adelgaça,
em cada olhar há um orgulho em si mesmado
de um passado retumbante que não passa.

Que “cosa” linda, meu “ermão”, “cosa” gaúcha!
Quando alguém puxa – como aurora precursora –
de boca em boca um atavismo se agiganta
pelas gargantas que de berço são cantoras.

No céu aberto, num palácio ou num galpão
o canto-chão é troado a toda voz..
Hino crioulo é a nossa estampa musicada
e não há nada que retire isto de nós!

Poema escrito nos cativeiros farrapos,
conta os relatos de façanhas e bravuras
e traz no bojo as visões de liberdade,
identidade que forjou nossa cultura.

Dizem que a dor não se guarda na memória
e que a história é escrita por quem vence,
da nossa gesta sem derrotas, sem vitórias,
ficaram glórias neste Hino Riograndense.

Berro de touro, sons de gaita e poesia,
rancho em família, festivais de tradição,
céu azulado, campos brancos, sol de sangue,
tudo é Rio Grande na mais rude comunhão.

Um pago assim tem que ter um verso forte
pra que suporte o porvir de um mundo novo.
Não levem a mal este jeito tão vibrante
e que outros cantem como canta o nosso povo.


Quinta-feira, dia 01 de setembro
NOVA POLÊMICA A VISTA


Em outra decisão polêmica da Comissão encarregada do Acampamento Farroupilha e que vai dar muito o que falar entre a gauchada é uma nova regra, norma, regulamento ou como quiserem chamar.

Depois da proibição de animais em ranchos e circulando em meio a população, está proibido o uso da faca, a extensão do braço do gaúcho. Somente poderão portar a arma branca aqueles "devidamente" pilchados, ou seja, que comprovem que a faca é um complemento da indumentária. A "meia-boca", não pode.

Nós do blog que aprovamos a proibição de circulação de animais em meio a multidão agora expressamos:

- Que grande bobagem esta regulamento da faca. Quem vai fiscalizar se a pilcha está completa ou não? A brigada militar? A própria Comissão?

Vocês conhecem aquela máxima de que: se tudo está andando bem... então vamos mexer?

Penso que está sobrando tempo e faltando assunto para a tal Comissão. Daqui um pouco vão determinar a cor da minha bombacha.

A faca é um utilitário do gaúcho. Sempre foi!

Se ocorrem brigas, se bebem demais, o problema é outro e de cada um. Não é varrendo a sujeira para debaixo do tapete que vamos limpar o chão. Não é tirando o sofá da sala que minha filha vai deixar de namorar.

E quem falou que o gaúcho pilchado não briga ou não bebe?

Se querem cometer o desmando de proibir, que se proíba por inteiro. Não pode é vincular o uso da faca com a vestimenta completa. Se eu estou trajado mas me faltou o lenço. Posso ou não posso usar a faca? Pelo amor de Deus...

Vamos maneirar, minha gente, porque o gaúcho nunca foi preso a normas e regulamentos abobalhados. Chega o que o nosso Movimento inventa a cada congresso ou convenção


quarta-feira, dia 31 de agosto
VOLTA ÁS ORIGENS? ACHO BRABO!

Grupo Tchê Barbaridade


Eu não tinha visto, mas alguns leitores do blog me falaram, inclusive mandaram-me o vídeo, da aparição do Tchê Barbaridade e dos Garotos de Ouro no Jornal do Almoço de ontem, dia 30 de agosto.

Nossos leitores falaram de um possível “retorno ás origens” destes dois grupos que, ao lado do Tchê Guri e do Tchê Garotos, além de outros que entraram mas recuaram (e outros que continuam meio disfarçados para não perder o filão dos CTGs), protagonizaram um movimento intitulado Tchê Music que bateu de frente com os tradicionalistas mais ortodoxos (nos quais posso dizer que me incluo) e que originou a proibição destes grupos de tocarem nos Centros de Tradições.

O que fazia me opor a estes grupos não era tanto pela aparência, pois sou meio liberal neste negócio de indumentária, mas a própria música que faziam (e continuam fazendo). Era de um embalo contagiante e que proporcionava o “maxixe” nas salas de baile, num ritmo alheio a musicalidade sulina, de uma letra paupérrima onde se destacava o duplo sentido, a jocosidade, onde o refrão era cantado dezenas de vezes até “entrar” forçosamente na mente das pessoas.

Pois bem. O tal “retorno ás origens” que deixaram transparecer no programa televisivo, inclusive usando bombachas, penso que é mais um lance de marketng. Entrei no site do Tchê Garotos e puxei a agenda do grupo para o mês de setembro. Eles têm 21 apresentações. Será que tocando em CTG teriam tanto?

Falando em marketing, é impressionante, mas esses grupos sempre tiveram (e continuam tendo) a mídia na mão. Além da apresentação no Jornal do Almoço, ainda receberam generosos espaços no Jornal Diário Gaúcho. Leiam um trecho da longa reportagem:

Músicos do movimento que abandonou a pilcha nos palcos voltam atrás
JOSÉ AUGUSTO BARROS jose.barros@diariogaucho.com.br

Músicos do movimento que abandonou a pilcha nos palcos, desafiando patrões de CTGs, voltam atrás e rendem-se ao tradicionalismo.

Três anos após a polêmica que varreu bailantas Rio Grande afora, os filhos à casa tornam. Em 2006, de um lado do embate, estavam os integrantes das chamadas bandas de tchê music, do outro, os irredutíveis tradicionalistas.

Agora, nomes até pouco tempo da tchê music, como Luiz Cláudio e o grupo Quero-Quero, estão voltando às origens. Outros, como o Tchê Barbaridade, tentam o meio-termo.

Será o início do fim da tchê music? Eles serão aceitos de volta nos CTGs?

- A desconfiança vai rondar

Pelas palavras do presidente do Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore (IGTF), Manoelito Savaris, não será tão simples assim.

– Se voltarem a fazer música gaúcha tradicional, tendo a postura adequada, serão contratados. Mas poderão ter dificuldade, pois haverá desconfiança – avisa o tradicionalista.


EM TEMPO: Alguém tem que avisar ao repórter do Diário Gaúcho que o Presidente do IGTF não é mais o Manoelito Savaris e sim Rodi Borghetti.