pois ninguém sabe o porvir de um novo dia
e quero tudo como as contas de um rosário
sem entreveiro com Pai Nosso e Ave Maria.
O bem maior que compõe tão parca herança
é minha honra que nunca saiu dos trilhos.
Mas quanto a isto tenho a alma leve e mansa
pois este dote já deixei para os meus filhos.
O meu cavalo, mouro negro de confiança,
se por acaso ele não for antes de mim,
quero que fique pro andar só de criança,
que morra livre pisoteando os arlecrins.
Meu poncho-pátria de baeta colorada,
rancho e tapume no rigor das invernias,
fica em regalo para que a minha amada
sinta no pano meu calor nas noites frias.
As homenagens que ganhei por fazer versos
podem deixar pelos fundos de um galpão.
Depois de um tempo em outro plano do universo
das poesias que rimei nem lembrarão.
Este meu corpo não enterrem a sete palmos!
Que me incinerem como um índio, como um monge...
Que deixem as cinzas num lugar bonito e calmo
aonde o vento há de soprá-las pra bem longe.
Versos de Léo Ribeiro