RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

OS FARRAPOS GANHARAM A GUERRA

No dia 25 de fevereiro de 1845, Antônio Vicente da Fontoura, um dos principais líderes da Revolução Farroupilha, encontrou as tropas acampadas no Ponche Verde (interior do atual município de Dom Pedrito). Voltava do Rio de Janeiro trazendo consigo os acordos de paz que ele, como representante da República Riograndense, fora negociar na corte - e que já haviam sido aceitos pelo presidente da província, o barão (futuro duque) de Caxias.

Diante dos líderes farroupilhas, leu as cláusulas do acordo. No dia 28 de fevereiro de 1845, depois que todos os seus oficiais aprovaram o documento, o general David Canabarro, comandante em chefe das forças revolucionárias, ordenou a formação da tropa e leu a seguinte proclamação:

"Concidadãos, competentemente autorizado pelo magistrado civil a quem obedecíamos, e na qualidade de comandante em chefe, concordando com a unânime vontade de todos os oficiais da força de meu comando, vos declaro que a guerra civil que há mais de nove anos devasta este belo país está acabada".

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Os leitores querem saber de uma coisa que me tira do sério? É quando dizem (e está muito em moda por aí) que o Rio Grande do Sul é o único lugar do mundo onde se comemora uma guerra perdida.

Vocês concordam que pessoas heróicas, isoladas no garrão do continente, pelearem contra toda uma nação, levando adiante com minguados recursos de armas e de gente, por quase 10 anos, uma revolução que foi a maior guerra civil do Brasil, com atos de bravuras que causaram espanto a soldados acostumados a embates como Garibaldi, é perda de guerra? Não. Os Farrapos não perderam!

Se assim fosse, se o sentimento fosse de derrota, se o governo imperial não tivesse concordado com 90% dos pontos propostos pelos revolucionários na assinatura de paz, estaríamos nós, como um bando de loucos, a fazer do 20 de setembro nossa data maior?

Não! É a partir do sentimento de vitória que cultuamos as nossas tradições. É por orgulho farrapo que fizemos do gauchismo um movimento que alastrou-se fora de nossas fronteiras. É por reverenciar aqueles heróis que, hoje, andamos pilchados. É por atos como a travessia dos lanchões pelos varzedos riograndenses que cantamos e decantamos nossa saga. Não. Os farrapos nao perderam, ao contrário, nossa gente ganhou a guerra.