RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

POR GRATIDÃO DESENCILHO

O BLOGUEIRO ENTRA EM FÉRIAS, O BLOG NÃO!

Caros leitores de nosso periódico eletrônico, mas com cheiro de terra. A partir de hoje estarei entrando de férias. Apenas trinta dias. Mas não se preocupem (ou não dêem graças a Deus) pois o blog continua em atividade.

Como dizia meu saudoso amigo Nilson Gonçalves, "depois que inventaram o debulhador de milho, a gente não faz mais força com as mãos". Eu reforço dizendo que, com o advento da informática, nos perdemos pelo mundo velho, mas estamos sempre presentes. Sendo assim... segue o fandango.

Para dar descanso a minha carcaça e ao lombo do mouro velho, vou desencilhar por um mês. Falando em desencilhar, deixo para vocês este bonito verso do grande poeta sãoborjense, Rodrigo Bauer, POR GRATIDÃO DESENCILHO

Por gratidão desencilho e largo além dos piquetes;
Mas muito do meu rosilho ficou pelo cavalete...
O suor manchou as basteiras, seu pêlo está no xergão;
E na trança da peiteira tem crinas do pega-mão!

É chegado o dia, meu rosilho amigo!
Vou sacando o arreio bem devagarinho...
A ternura acampa no galpão antigo
E se esfrega em mim da orelha até o focinho !

Lembro da manhã, quando sai cedito
E encontrei a moura já lambendo a cria:
Um rosilho estrela que nasceu bonito
E emprestou mais brilho aquele novo dia!

No seu lombo a lida já se faz cilhona...
No seu chanfro a vida vem entordilhando...
São tantas lembranças que me vem á tona
E eu com os olhos turvos vou desencilhando!

Eu não vou mais encilhá-lo;
Por gratidão desencilho...
Vou buscar noutros cavalos
Tudo o que foi meu rosilho!

Eu lhe amanunciei como quem cria um filho...
Com paciência a doma foi nos irmanando...
Fui semeando a alma nesse meu rosilho;
Bem mais que um cavalo vou desencilhando!

Nunca hei de esquecer tanta cumplicidade...
Depois de assinado, não se apaga o texto!
Tantas campereadas pesam na saudade
Com que a mão segura ainda esse cabresto!

Lavo bem seu lombo que hoje aposento...
Gracias companheiro pela devoção!
Leva essa alforria por merecimento,
Ganha o campo e eu fico de buçal na mão!