RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA

quarta-feira, 21 de julho de 2010

MAS TCHÊ! O QUE É O AMOR?

Por vezes o gaúcho rude, despreocupado com as coisas da alma, envolvido pelo ambiente de intempéries que o cerca, acaba esquecendo o que é o amor e fica até meio sestroso em prosear do assunto.

Na verdade isto é temporário pois, por mais arredio á palavras e atos de carinho, porquanto tenha crescido na intensa lida, o gaúcho é por demais romântico.

E quem tinha a dolência das tardes interioranas mas viu um mundo novo nas retinas de rapaz e saiu a buscá-lo, na força e na coragem, não pode padecer de desamor.

Quem olhou para seus pais com a mesma ternura da mãe que bombeia o filho que se vai, não tem direito de negar o afeto.

Quem retrata em seu corpo o telurismo do solo nativo, há que ser um poeta do amor!

Mas então, gaúcho, o que é o amor?

- Não é o ímpeto a um olhar sotreta lhe clamando “vamos que depois veremos”.

- Não são lonjuras quando está tão perto o braço antigo que, por só, se cansa.

- Não!

- Não é o fogo nem o beijo ardente que se apagarão logo ali na frente...

- O amor é sim um tropel de ânsias entre passos firmes de um andar perene.

- O amor é o rancho, as aves, o vento. É o sonhar de dois, é o cruzar de tempos.

- E... se hay quem diga que o amor falece, então não me conhece!

- Eu sofro a dor dos injustiçados. Isto é amor! Eu tenho o frio dos desabrigados. Isto é amor! Eu tenho apego ás coisas da terra. Isto é amor! Eu vejo o brilho dos teus olhos claros. Isto é amor!

- O amor é ...
... a memória moça num rosto de rugas, é humanizar um mundo desumanizado.

- O amor é ...
... ouvir murmúrios do coração magoado enquanto a razão grita em altos brados.

Foto: LRS
Texto: Léo Ribeiro