RETRATO DA SEMANA

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Pinheiro Machado, ao centro, sentado, e seu estado maior - Revolução Federalista -

sábado, 20 de março de 2010

CRÔNICA - CARTEIRAÇO

Carteiraço, na linguagem popular, se refere ao uso da influência, do poder de alguém que utiliza seu cargo, sua posição, para fazer valer sua vontade sobre algum subordinado.

Em todas as camadas da sociedade, nas empresas públicas ou particulares é comum o uso do carteiraço. O que eu nunca tinha visto, é o carteiraço dentro da Igreja Católica.

Em Porto Alegre, participando de uma Missa Crioula em comemoração aos cinqüenta anos da Estância da Poesia, o Padre Paulo Aripe, natural de Uruguaiana e que veio a falecer no Alegrete, em 2008, que ministrava o culto, disse assim:
- Agora vamos rezar, de minha autoria, a Prece do Gaúcho.

Fiquei matutando, pois a Prece do Gaúcho é por demais conhecida no meio tradicionalista (Em nome do pai, do filho e do Espírito Santo, e com licença Patrão Celestial. Vou chegando enquanto cevo o amargo de minhas confidências porque, ao romper da madrugada e ao descambar do sol, preciso camperear por outras invernadas...) e sempre soube que seu autor era o Bispo Don Felipe de Nadal.

Ao final da citada missa fui perguntar ao Padre Paulo Aripe sobre o assunto.
- O senhor disse que a Prece do Gaúcho é de sua autoria? Como assim?

- Fui eu que escrevi, respondeu-me. - Na época o Bispo Don Felipe de Nadal, pediu-me que fizesse uma poesia para integrar a igreja católica com o tradicionalismo que estava muito em evidência. Criei a Prece do Gaúcho.

- O Bispo gostou muito e disse-me que iria colocar o nome dele como autor pois eu era pouco conhecido e a oração/poema teria mais efeito perante todos se fosse assinada por um Bispo.

Este foi um “Consagrado" Carteiraço. Penso que as entidades deveriam rever a autoria da Prece do Gaúcho e dar os méritos para quem realmente merece: o Padre Paulo Aripe, o conhecido Potrilho!