CONVITE: Em 2025 vamos reviver os velhos tempos?

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terça-feira, 2 de novembro de 2021

UM DIA DE REVERÊNCIAS

 

 
 
Hoje é um dia de reverências, de pedir pela alma de nossa gente, de nossos amigos que já partiram para um plano superior. Tenho uma balda comigo. Quando sinto vontade de prosear com meu pai e minha mãe e a parceirada que já se foi, o faço no meu silêncio. Não espero o dia 02 de novembro. Contudo, o Dia dos Fiéis Defuntos ou Dia de Finados, (conhecido ainda como Dia dos Mortos no México), é celebrado pela Igreja Católica sempre no dia 2 de novembro. 

Desde o século II, alguns cristãos rezavam pelos falecidos, visitando os túmulos dos mártires para orar pelos que morreram. No século V, a Igreja dedicava um dia do ano para reverenciar todos os mortos, pelos quais ninguém rezava e dos quais ninguém lembrava.
 
Também o abade de Cluny, Santo Odilon, em 998 pedia aos monges que orassem pelos mortos. Nos séculos XI os Papas Silvestre II (1009), João XVII (1009) e Leão IX (1015) obrigavam a comunidade a dedicar um dia aos mortos. No século XIII esse dia anual passa a ser 2 de novembro, porque 1 de novembro é a Festa de Todos os Santos. A doutrina católica evoca algumas passagens bíblicas para fundamentar sua posição (cf. Tobias 12,12; Jó 1,18-20; Mt 12,32 e II Macabeus 12,43-46), e se apoia em uma prática de quase dois mil anos.

CEMITÉRIO DE CAMPANHA  



Legenda: Num cemitério de campanha na divisa com SC



Poema: Cemitério de Campanha 
- Jayme Caetano Braun - 
 
 
Cemitério de campanha,
rebanho negro de cruzes,
onde à noite estranhas luzes
fogoneiam tristemente;
Até o próprio gado sente
no teu mistério profundo
que és um pedaço de mundo
noutro mundo diferente.

Pouso certo dos humanos,
fim de calvário terreno,
onde o grande e o pequeno
se irmanam num mundo só
e onde os suspiros de dó
de nada significam
porque em ti os viventes ficam
diluídos no mesmo pó.

Até o ar que tu respiras
morno, tristonho e pesado,
tem um cheiro de passado
que foi e não volta mais.
A tua voz, são os ais
do vento choramingando
eternamente rezando
gauchescos funerais.

Coroas, tocos de vela
de pavios enegrecidos
que em Terços mal concorridos
foram-se queimando a meio.
Cruzes de aspecto feio
de alguém que viveu penando
e depois de andar rolando
retorna ao chão de onde veio.

Mas que importa a diferença
entre urna cruz falquejada
e a tumba marmorizada
de quem viveu na opulência?
Que importa a cruz da indigência
a quem já não vive mais
se somos todos iguais
depois que finda a existência?

Que importa a coroa fina
e a vela de esparmacete
se entre os varais do teu brete
nada mais tem importância?
Um patrão, um peão de estância,
um doutor, uma donzela?
Tudo, tudo se nivela
pela insignificância.

Por isso quando me apeio
num cemitério campeiro
eu sempre rezo primeiro
junto a cruz sem inscrição,
pois na cruz feita a facão
que terra a dentro se some
vejo os gaúchos sem nome
que domaram este Chão.

E compreendo, cemitério,
que és a última parada
na indevassável estrada
que ao além mundo conduz
e aqueces na mesma luz
aqueles que não tiveram
e aqueles que não quiseram
no seu jazigo uma Cruz.

E visito, de um por um,
no silêncio, triste e calmo,
desde a cruz de meio palmo
ao mais rico mausoléu.
Depois, botando o chapéu
me afasto, pensando a esmo:
será que alguém fará o mesmo
quando eu for tropear no Céu?