RETRATO DA SEMANA


quinta-feira, 28 de agosto de 2025

 


 COMEÇA AMANHÃ O 32º RONCO DO BUGIO

 Capa do livro que editei sobre as 15 primeiras edições do Festival

COMO SURGIU O FESTIVAL
Na década de 1980 proliferava no estado os festivais nativistas. Tendo a Califórnia da Canção Nativa de Uruguaiana por pioneira, ocorreu no Rio Grande, em determinado tempo, em torno de 80 festivais ao ano.

O serrano João Cincinato Terra sentiu a necessidade do município de São Francisco de Paula acompanhar aquele movimento musical que se acentuava nas cidades rio-grandenses. Trocando ideias com Edson Dutra, diretor do conjunto Os Serranos, os intentos foram amadurecendo. Tendo a convicção de que o ritmo bugio era originário dos campos de cima da serra, Edson havia tentado constituir em sua terra natal, Bom Jesus, um festival do gênero. Como esta localidade já realizava o ACORDE, um encontro de conjuntos musicais, seus intentos não foram postos em prática. Por que, então, não realizar então o festival em São Francisco de Paula, localidade serrana que muitos consideram como berço do bugio? Foi o que aconteceu.  
Recebendo o apoio do então prefeito Luiz Antônio Salvador e dos integrantes do grupo Os Mirins (Chico e Albino) e do primeiro gaiteiro a gravar um Bugio, Honeyde Bertussi, todos serranos, no ano de 1986, sob um lonão de circo e um frio de renguear cusco, num meio de semana para que os conjuntos de baile pudessem participar, aconteceu o 1º Ronco do Bugio que teve como vencedora a composição “Levanta Bugio” do cantor Leonardo, acompanhado pelo grupo Os Monarcas.

O Festival Ronco do Bugio, que agora, nos dias 29 e 30 de agosto acontece em sua 32ª edição, é um evento genuíno, sendo o único do Rio Grande do Sul onde só podem participar concorrentes que executem o mesmo gênero musical, ou seja, o bugio que, recentemente, foi homologado oficialmente como Patrimônio Cultural Imaterial do Rio Grande do Sul.

Se o nascedouro do "balanço de passo de ganso" é pauta vencida pois após estas celebrações o bugio passou a ser de todo o Estado, uma coisa é certa: São Francisco de Paula preocupou-se em preservar, através deste festival, não só o único gênero musical gaúcho, como também chamar a atenção de todos para a quase que extinção deste primata de nossas matas, onde, em nome do progresso, quase não se ouve mais roncar o bugio.