SER POETA
Vocês querem me ver
constrangido é me chamarem de “poeta” ao qualificar minha pessoa. Não sou
poeta. Sou um fazedor de rimas.
Poeta, meus amigos, era
um Vargas Neto, um Apparício Silva Rillo, um Jayme Caetano Braun (que além de
pajador era um grande poeta campeiro), um Antônio Augusto Ferreira...
Hoje, entre nós, a gente conta nos dedos quem se pode chamar de poeta.
E o pior é que tem
gente aonde a humildade passou a lo largo que acrescenta o adjetivo Poeta ao
nome, tipo: Léo Ribeiro Poeta de Souza.
Um poeta tem que ser
diferenciado nos seus versos, tem que sair do lugar comum, do vocabulário padrão,
tem que mexer com o sentimento das pessoas fazendo-as viajar sem sair do lugar,
tem que ir do terrunho a sublimidade com a mesma facilidade e, principalmente,
não pode deixar-se levar pela emoção achando que é um bardo porque escreve como
quem atira milho para os pintos.
Falando em poeta, hoje,
dia 22 de fevereiro, no ano de 1959, morria um dos maiores poetas deste Rio
Grande, ou seja, Aureliano de Figueiredo Pinto.