RETRATO DA SEMANA

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terça-feira, 5 de dezembro de 2023

 

EU NÃO SOU UM GAÚCHO FORTE  


Lendo a coluna do Carpinejar na ZH de hoje, me identifiquei. O mote do texto abordado pelo jornalista é o questionamento: Você é forte?  

"Não chamo minha esposa de forte. Nem minha mãe, nem minha irmã, nem minha filha, muito menos minhas melhores amigas. Dentro de mim é uma palavra proibida, porque parece um elogio, mas não é. 

Há uma natureza perversa no incentivo: você é obrigado a aguentar tudo sem reclamar. Representa um empurrão ao sofrimento silencioso. Quem é forte não chora. Quem é forte não pede ajuda. Quem é forte suporta o aumento interminável de demandas, encargos e tarefas. 

Quando você diz que alguém é forte, está avisando que nada o atinge. Está insinuando que não tem limites. A suposta fortaleza vem sendo um artifício social para explorar as pessoas bem-intencionadas. 

Sendo forte você não precisa de ninguém, dá conta sozinho do excesso insalubre. É o atalho para adoecer, para se estressar, para explodir......"

Lendo tão brilhante coluna eu lembro do saudoso Honeyde Bertussi e de uma música de sua marca que diz assim: - Eu sou um gaúcho forte / um serrano destemido / nunca fui assustado / não choro nem dou gemido / No lugar aonde eu moro / sou mesmo bem conhecido / não tenho medo de nada / e até sou bem divertido. 

Pois eu devo me olhar no espelho e reconhecer: - Eu não sou um gaúcho forte. Eu choro por qualquer motivo, sofro com a pressão moral, com o esfacelamento emocional, pergunto, ouço, agradeço.... 

Por muitas e muitas vezes não correspondo as expectativas e acabo expondo esta situação desconfortável. O forte engole em seco, eu não. O forte não divide tarefas, eu peço ajuda sempre que preciso. 

Enfim, me alio ao jornalista dizendo: há um grau de coerção e de humilhação no aparente elogio, pois você não tem liberdade para contestar os infinitos descontentamentos.