RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA
A tomada da Ponte da Azenha, do pintor Augusto Luiz de Freitas (Instituto de Educação General Flores da Cunha, Porto Alegre/RS)

quarta-feira, 1 de novembro de 2023

 

FINADOS 


É muito comum nos velórios pelo Rio Grande a fora, se o finado for algum artista, as pessoas despedirem-se cantando. Vi muito destas últimas homenagens e a mais recente foi a de Luis Carlos Borges. 
Já faz tempo mas me recordo do sepultamento do meu grande amigo Jari Silva, em São Francisco de Paula, onde dispensamos o caminhão de bombeiros que levaria o corpo e fomos paleteando o caixão, a pé, da casa mortuária até o cemitério municipal numa distância de mais ou menos 2 km. Ao chegar na porta da nossa casa definitiva o Porca Véia arrematou tocando "ôh de casa", dos Irmãos Bertussi.
Lembro também quando dezenas de gaiteiros entraram tocando na capela de São Jorge, na Mulada, num adeus musical ao maior de todos os gaiteiros do Rio Grande, Adelar Bertussi, e no velório do grande Paulinho Pires diversos poemas foram recitados pelos vates da Estância da Poesia Crioula.
Sobre o tema, meu amigo Jaime Ribeiro, músico e radialista lá de Uruguaiana, conta que quando o também radialista Milton Mendez de Souza faleceu foi feito um velório bem gaúcho, caixão de pura madeira com cordas no lugar das alças, um rosário de couro e houve uma grande tertúlia ao de redor do finado velado, no CTG Sinuelo do Pago, onde havia sido patrão.  
Como podemos ver, ao menos no interior do Rio Grande, temos algo parecido com o povo mexicano que considera a morte uma libertação das vaidades e todo féretro, bem como o dia de finados, é comemorado com muita música, dança e tequila.
Como deixou gravado Honeyde Bertussi:
"Quando eu morrer não quero grito nem choro,
também não quero que a tristeza vá comigo
peguem minha gaita que pra mim vale um tesouro
e vão tocando até meu derradeiro abrigo". 

Adelar Bertussi - A Gaita do Falecido