CEMITÉRIO DO COMBATE
Este ano de 2023 comemora-se o Centenário da Revolução de 1923, sendo, inclusive, tema das Comemorações Farroupilhas em todo o Estado.
Fui um dos avaliadores dos projetos culturais obrigatórios a todos os galpões do Acampamento Farroupilha e a temática girou muito em torno de Borges de Medeiros, Assis Brasil, Ramiro Barcelos, Cabo Toco e Adão Latorre. Contudo, há diversos personagens menos citados que foram muito importantes neste episódio como o General Firmino de Paula, sepultado neste cemitério.
Meu primo de sangue, Luciano Ribeiro Pires, que tem por objetivo visitar todos os municípios gaúchos (já está quase lá) esteve em Erebango e nos enviou essa pertinente matéria sobre o assunto:
Na Revolução de 1923, de
um lado estavam os partidários de Antônio Augusto Borges de Medeiros, os
chamados Borgistas ou Ximangos, que usavam lenço branco. De outro lado, os
seguidores de Joaquim Francisco de Assis Brasil, os Assisistas ou Maragatos,
que usavam lenço vermelho em seu pescoço.
Antecedendo a este
movimento, Borges de Medeiros, então no poder desde 1913, resolve se candidatar mais uma vez como
Presidente do Estado do Rio Grande do Sul. A oposição agora mais articulada,
através de Assis Brasil, também se candidata. A campanha eleitoral foi marcada
por muita violência e a eleição foi vencida por Borges de Medeiros. Consequentemente,
deu-se início a Revolução de 1923, que durou de janeiro até dezembro do mesmo
ano.
Na verdade, o movimento
era uma continuação de questões mal resolvidas da Revolução Federalista, assim
como sentimentos aflorados de vingança. Tal movimento se deu entre 1893 e 1895.
ocorrida entre "pica-paus" liderados por Júlio de Castilhos e
maragatos representados por Gaspar Martins, Saldanha da Gama e outros líderes.
O lado da situação vence a chamada "revolução das degolas".
Neste contexto entra o
histórico combate na localidade de Erebango.
O município de Erebango
tem 29 anos e possui um espaço de fundamental importância para a história: o
Cemitério do Combate. O local foi palco de um confronto revolucionário entre
Chimangos e Maragatos no ano de 1923.
O cemitério localizado há
cerca de 10 quilômetros da área central, próximo da divisa com o município de
Quatro Irmãos, foi tombado como patrimônio histórico municipal através da Lei
nº 656 de 25 de agosto de 1998.
A área conta com 1443
metros quadrados. Ao todo são 38 túmulos e ao centro há um monumento em
homenagem aos combatentes legalistas comandados pelo general Firmino de Paula e
ao republicano coronel Victor Dumoncel Filho, em que consta a data de 13 de
setembro de 1923.
O combate de Quatro
Irmãos foi considerado o mais importante confronto entre as forças legalistas
comandadas pelo coronel Victor Dumoncel, que defendiam o Partido Republicano,
contra as forças revolucionárias. Durou cerca de 10 horas e teve como
consequência mais de 150 mortos muitos deles acabaram por ficar em uma vala
comum.
Pode-se afirmar que foi o
último conflito entre o povo gaúcho, que atingiu e se espalhou por diversas
regiões do Rio Grande do Sul. O fim da revolução foi marcada pelo Pacto de
Pedras Altas, castelo de Assis Brasil, no sul do estado. Tal fato deu-se o início
de paz, permitindo o fim do mandado de Borges de Medeiros em 1928. Em seguida,
deu-se a ascensão ao poder de Getúlio Vargas, de lenço branco. Inicia-se uma
nova fase da História do Rio Grande do Sul e dois anos mais tarde inicia-se um
novo capítulo da História do Brasil.