RETRATO DA SEMANA

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sábado, 16 de setembro de 2023

 

UMA SESSÃO QUE NUNCA EXISTIU


Sessão Maçônica revivendo a epopeia farroupilha 

Extraído do Livro Os Farrapos e a Maçonaria, de Léo Ribeiro.

Andeja por aí como prova cabal da participação da Maçonaria na Revolução Farroupilha o Balaústre 67 (ata) aonde os maiores líderes daquele movimento reuniram-se em uma Sessão  Maçônica para decidir sobre a invasão de Porto Alegre. Ocorre que este famoso Balaústre, difundido erroneamente até por pessoas esclarecidas, nunca existiu como tal. Como dizem hoje, é fake news, ou seja, notícia falsa.  

Esse Balaústre datado de 18 de setembro de 1835 não tem mais que 20 anos e foi escrito pelo saudoso Irmão Dante Bósio como ilustração criativa ao proferir uma palestra em uma Loja Maçônica na cidade de Camaquã.  
 
A peça de Arquitetura do maçom Dante Bósio fez tanto sucesso que, no dia seguinte, um jornal local resolveu publicar seu trabalho. Com o tempo o escrito viralizou como um documento comprobatório da participação maçônica na Revolução. A maçonaria, realmente, esteve presente mas não desta forma e neste momento. Imaginem se toda a cúpula de comandantes republicanos iriam reunir-se em um só local, nas barbas dos imperiais, dois dias antes do conflito. Somente para os leitores terem uma ideia naquela noite Antônio de Souza Netto estava na cidade de Rio Grande a mais de 400 km do local citado no Balaústre. E o pior é que nos dias de hoje diversos escritores, historiadores, maçons... acreditam nesta fábula.

Nossa função como pesquisadores da história Rio-grandense é desmistificar tais episódios. 



O Balaústre nº 67

Aos 18 dias do mês de setembro de 1835 E.’. V.’. e 5835 V.’. L.’., reunidos em sua sede, sito à Rua da Igreja, nº 67, em lugar Claríssimo, Forte e Terrível aos tiranos, situado abaixo da abóbada celeste do Zenith, aos 30º sul e 5º de latitude da América Brasileira, ao Vale de Porto Alegre, Província de São Pedro do Rio Grande, dependências do Gabinete de Leituras, onde, neste momento, funciona a Loj.’. Maç .’. Philantropia e Liberdade, com o fim de,especificamente, traçarem as metas finais para o início do movimento revolucionário, com que seus integrantes pretendem resgatar os brios, os direitos e a dignidade do povo Riograndense, se reuniram IIr.’. da LOJA.A sessão foi aberta pelo Ven.’. Mestre, Ir.’. Bento Gonçalves da Silva. Registre-se, a bem da verdade, ainda as presenças de nossos IIr.’. José Mariano de Mattos, nosso ex - Ven .’., Ir.’. José Gomes de Vasconcellos Jardim, Ir.’. Pedro Boticário, Ir.’. Vicente da Fontoura, Ir.’. Paulino da Fontoura, Ir.’. Antônio de Souza Neto e deste Ir.’. Domingos José de Almeida, que serviu como Secretário, lavrando o presente Balaústre. Logo de início, o Ven .’. Mestre, depois de tecer breves considerações sobre os motivos da presente reunião, de caráter extraordinário, informou que o nosso movimento revolucionário estava prestes a ser desencadeado. A data escolhida, é dia vinte de setembro do corrente, isto é, depois de amanhã. Nesta data, todos nós, em nome do nosso Rio Grande do Sul, nos levantaremos em luta contra o imperialismo que reina no País. Na ocasião, ficou acertada a tomada da Capital da Província pelas tropas dos IIr.’. Vasconcellos Jardim e Onofre Pires, que deverão se deslocar desde a localidade de Pedras Brancas, quando avisados. Tanto o Ir.’. Vasconcellos Jardim como o Ir.’. Onofre Pires, ao serem informados, responderam que estariam a postos, aguardando o momento para agirem. Também se fez ouvir o nobre Ir.’. Vicente da Fontoura, o qual sugeriu que tomássemos o máximo cuidado, pois que, certamente,Braga, o Presidente da Província, seria avisado do nosso movimento. O Tronco de Beneficência fez a sua circulação e rendeu a medalha cunhada de 421$000, contados pelo Ir.’. Tes.’. Pedro Boticário. Por proposição do Ir.’. José Mariano Mattos, o Tronco de Beneficência foi destinado à compra de uma Carta da Alforria de um escravo de meia idade,no valor de 350$000, proposta aceita por unanimidade. Foi depois realizada uma poderosa Cadeia de União, pela justiça e grandeza da causa, pois em nome do povo Riograndense, lutaríamos pela Liberdade, Igualdade e Humanidade, pedindo a força e proteção do G.’. A.’. D.’. U.’. para todos os IIr.’. e aos seus companheiros, que iriam participar das contendas. Já eram altas horas da madrugada quando os trabalhos foram encerrados, afirmando o Ven.’. Mestre que todos deveriam confiar nas LL .’. do G.’. A.’. D.’. U.’. e depois, como ninguém mais quisesse fazer uso da palavra, foram encerrados nossos trabalhos, do que eu, Ir.’. Domingos José de Almeida, como Secretário, tracei o presente Balaústre, a fim de que nossa História, através dos tempos, possa registrar que um grupo de maçons, homens “livres e de bons costumes”, empenhou-se com o risco da sua própria vida, para restabelecer o reconhecimento dos direitos desta abençoada terra, berço de grandes homens, localizada no extremo sul de nossa querida Pátria. Oriente de Porto Alegre, aos 18 dias do mês de setembro de 1835 da E.’. V.’., 18º dia do sexto mês, Tirsi, da V.’. L.’. do ano de 5835.

Ir .’. Domingos José de Almeida -  Secretário