RETRATO DA SEMANA

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quarta-feira, 5 de julho de 2023

 

PDT DESFAZ ACORDO 

E PEC DO HINO É ADIADA NOVAMENTE


Paulo Garcia / Divulgação

Fonte: Assembleia Legislativa do RS

Pela segunda semana consecutiva, foi adiada na Assembleia Legislativa, nesta terça-feira (4) a votação da proposta que tem o objetivo de dificultar eventuais mudanças no Hino do Rio Grande do Sul e nos demais símbolos oficiais do Estado. A votação será retomada na próxima terça-feira (11), quando está prevista a última sessão antes do recesso parlamentar.

A discussão nesta terça-feira começou tensa, com parte das galerias ocupadas por manifestantes. De um lado, integrantes de movimentos em defesa da causa negra, pedindo a derrubada da Proposta de Emenda à Constituição (PEC). De outro, representantes de movimentos conservadores, apoiando a medida.

— O hino é racista, o hino é racista — gritavam das galerias integrantes de movimentos sociais.

A PEC que tenta dificultar mudanças no hino é de autoria de Rodrigo Lorenzoni (PL) e mais 19 deputados. Além dela, um segundo projeto de lei com o mesmo objetivo – de autoria do deputado Luiz Marenco (PDT) – também está pronto para ser votado em plenário.

Na última semana, as duas partes construíram um acordo para fundir os dois textos. Por meio de uma emenda, protocolada por integrantes do PDT, o projeto de Marenco seria enxertado na PEC de Lorenzoni.

A executiva nacional do PDT, contudo, não concordou com a estratégia. Pressionado por militantes pedetistas, o PDT nacional determinou que os deputados da legenda atuassem pela aprovação do projeto de Marenco – e não pela PEC de Lorenzoni. Com o acordo desfeito, ficou mais difícil tanto para Lorenzoni quanto para Marenco conseguirem os votos necessários para as propostas.

— A mudança foi motivada por um pedido do meu partido, o PDT nacional, um pedido do movimento negro, e um pedido do Movimento Tradicionalista Gaúcho. Eles não querem esta PEC (do Lorenzoni) — destacou Marenco.

A PEC de Lorenzoni precisa de 33 votos, em dois turnos, para ser aprovada. Sem os votos do PDT e com baixas em outros partidos, a proposta seria rejeitada em plenário.

— Nós tínhamos um acordo muito bem construído. Se todos os deputados acompanhassem o acordo, teríamos 39 votos. Acontece que na sessão de hoje, por alguma razão, alguns líderes do PDT e do PSDB mudaram o que havia sido encaminhado. Logo, não tem os votos — avaliou Lorenzoni.

Atualmente, não há projetos de lei que tentem mudar o Hino Rio-Grandense. Crítico ao hino, o deputado Matheus Gomes (PSOL) afirma que o momento não é de alterar a letra, mas de avançar no debate.

— A gente não tem propostas desta natureza. A gente está fazendo um debate. Estamos dando vazão a uma discussão que o movimento negro faz há 50 anos, sobre os versos que não se remetem de forma adequada ao povo negro gaúcho — disse Gomes.

Pela legislação atual, uma eventual tentativa de mudança dependeria da aprovação – com maioria simples – de um projeto de lei na Assembleia Legislativa. Seria preciso apoio de metade dos deputados, mais um.

A PEC de Lorenzoni, se aprovada, tornaria mais difícil uma alteração. Ao incluir a defesa dos símbolos no texto da Constituição Estadual, exigiria que somente com maioria absoluta (três quintos dos deputados) fosse possível alterar esses elementos.

Já o projeto de Marenco, caso seja aprovado, prevê que qualquer tentativa de mudar os símbolos oficiais precisaria, antes, passar por uma consulta à população, por meio de um referendo. Neste caso, a população seria chamada a opinar sobre a proposta, em formato semelhante a uma eleição, podendo rejeitar ou ratificar o projeto.


Nota do Blog: O que se percebeu nas redes sociais após a retirada do Projeto de Lei de Luiz Marenco e o não cumprimento de um acordo pré-estabelecido, foi uma avalanche de críticas ásperas, contundentes, ao artista ligado a cultura gaúcha deixando a imagem do parlamentar um tanto comprometida neste setor da sociedade.