RETRATO DA SEMANA

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INSCRIÇÕES ATÉ O DIA 10 DE AGOSTO

domingo, 9 de julho de 2023

 

METENDO MINHA COLHER 

NESTA SALADA DE MONDONGO


Não iria opinar sobre este imblóglio que tornou-se os embates sobre alterações no Hino Rio-grandense mas alguns amigos querem saber o que penso a respeito. Então, respeitando colocações contrárias: 

Na minha análise muitos que atacam até com palavras chulas o deputado Luiz Marenco ou não entenderam as reais intenções do parlamentar ou entenderam mas estão desvirtuando os fatos. 

Ele propõe mudar a letra do hino? Não. Simplesmente tenciona levar através de um Projeto de Lei, a decisão de alteração (ou não) deste símbolo à decisão do povo gaúcho. 

Luiz Marenco sempre cantou o hino em seus espetáculos, inclusive gravando-o em seu disco solo. Tenho certeza de que se acontecesse tal referendo ele trabalharia pelo NÃO a qualquer mudança.

Cometeu alguns erros nesta ânsia de querer resguardar o hino? Sim.      

Embora o deputado acredite que, se fosse a votação, o resultado seria de 90% de votos contrários a alterações, na minha opinião o citado PL era e é desnecessário pois abriu a guarda para toda esta discussão, ou seja, deu asas pra cobra, deu pano pra manga. 

Alguns lapsos do proponente (Luiz Marenco) foram: 

O precipitado apoio a Proposta de Emenda a Constituição do deputado Lorenzoni (PL) que também visa dificultar mudanças nos símbolos Estaduais e, na hora da votação, talvez obedecendo determinações de seu partido, ou visando um protagonismo na ação, retirou tal apoio. Isto pegou mal.  

Outro equivoco foi deixar-se fotografar logo após a retirada do Projeto de Lei ao lado de parlamentares que, historicamente, desrespeitam o hino permanecendo sentados quando de sua execução. Isto deu munição para as garruchas dos adversários. Entendo que Marenco é uma pessoa popular, aberto indistintamente a todas as pessoas mas no mundo político a ingenuidade não tem vasa. 

Eu, assim como Luiz Marenco, entendo que o hino não tem intenção racista. Os próprios parlamentares que desejam a mudança também sabem disto. São pessoas inteligentes. Ocorre que se não houvesse tal reação, não estaríamos aqui, lhes dando holofotes. Até hoje não apresentaram um projeto de fundamento. Suas escadas são o hino rio-grandense. 

Certa feita participei de um debate ao vivo na TV Bandeirantes com uma das vereadoras que não levantam da cadeira quando o hino é entonado. Percebi que esta é uma causa que rende muitos votos. Defendem um silogismo que, se trouxermos para os dias atuais, até tem algum sentido: "povo que não tem virtude acaba por ser escravo. O negro era escravo. Em consequência o negro não tinha virtude".

Ocorre que o hino não foi escrito com esta intenção. Francisco Pinto da Fontoura, o Chiquinho da Vovó, provavelmente tinha por mãe ou uma índia ou uma negra. A história conta isso. O maestro Joaquim José de Mendanha, autor da música, era negro. Os Lanceiros Negros sustentavam no braço e na valentia a revolução. Será que fariam letra e música para atingir sua própria gente? 

Na verdade nosso hino seria quase que uma cópia de La Marseillaise em relação ao seu clamor a luta. Quem estudou um pouco de história sabe que a Revolução Farroupilha sofreu fortes influências da Revolução Francesa e de seus ideais iluministas de Liberdade, Igualdade e Fraternidade (olhem o nosso brasão). A La Marseillaise, hino da França escrito em plena Revolução Francesa (para mim um dos hinos mais lindos do mundo) é um brado de guerra, um chamamento aos oprimidos contra a monarquia francesa. Escrito em 1792 até hoje não foi mexido em uma vírgula. O hino rio-grandense já foi subjugado tiranamente em uma estrofe inteira descaracterizando-o em sua plenitude e querem continuar tal sanha. 

O Brasil da escravatura foi a maior vergonha de nosso País e o racismo é algo institucional até os dias de hoje. O negro é discriminado, subjugado, explorado, foi traído na Revolução Farroupilha por uma maioria que não era abolicionista, só não acho justo que o hino-rio-grandense pague esta conta. 


Em tempo: Fica vetado a reprodução deste texto em redes sociais como Facebook, WhatsApp, Instagram e outros aplicativos do gênero para evitar a guerra de bugios que temos visto por aí.