PERSONAGENS DA REVOLUÇÃO DE 1923
CABO TOCO
A Revolução de 1923, cujo centenário é o Tema dos Festejos Farroupilhas de 1923, já foi matéria de pesquisa nosso blog através de sete postagens que retrataram dos seus antecedentes até suas consequências. Agora, estamos rememorando personagens importantes deste que foi o último conflito em solo gaúcho.
Primeira mulher a integrar as
fileiras da corporação da Brigada Militar, em 1923. Participou dos movimentos
revolucionários de 1923, 1924 e 1926. Cabo Toco é a patrona da primeira turma
de Policiais Militares Femininas do Estado do Rio Grande do Sul.
Olmira Leal de Oliveira nasceu em
18 de junho de 1902, na localidade de Camaquã, em Caçapava do Sul, filha de
Francisco José de Oliveira e Auta Coelho Leal de Oliveira. Aos 21 anos de idade
foi recrutada para integrar as fileiras da Brigada Militar, como enfermeira e
combatente no 1º Regimento de Cavalaria, hoje 1º Regimento da Polícia Montada ,
com sede em Santa Maria. Graduada a cabo e devido a sua baixa estatura, atendia
por “Cabo Toco.”
Cabo Toco era uma apaixonada por
queimar cartuchos, não se limitando apenas às atividades de apoio. Empunhando
seu fuzil, lutava lado a lado com a mesma valentia dos demais soldados. Depois
de passar por várias batalhas com destaque de bravura, deixou a corporação em
1932. Casou com Antonio Martins da Silva, em 1951. Ficou viúva em 1954, e
passou a viver de pequena pensão deixada pelo marido. Mulher forte, guerreira,
símbolo vivo da história do Rio Grande do Sul, sem descendentes, vivia em uma
casa paupérrima na periferia de Cachoeira do Sul. Andava pelas ruas com sua
velha carroça, cansada e sem rumo, carregando consigo a história que o povo não
conhecia.
Mesmo sendo considerada uma
heroína, Cabo Toco só ficou conhecida depois que, em 1987, Nilo Bairros de Brum
e Heleno Gimenez venceram a 5ª Vigília do Canto Gaúcho de Cachoeira do Sul com
uma canção contando a sua história, na voz de Fátima Gimenez. Para a composição
da letra, os autores tiveram que conquistar a sua confiança, para saber um
pouco da sua trajetória de vida junto aos movimentos revolucionários, pois ela
não gostava de falar do passado, e também tinha muita desconfiança com
estranhos. Cabo Toco esteve presente na entrega da premiação da música, e viveu
momentos de pura emoção ao ver sua vida contada em uma linda canção,
apresentada para um grande público, que na sua maioria nem sequer sabia da sua
existência.
Cabo Toco, quando faleceu,
recebia pensão vitalícia especial, correspondente ao cargo de 2º Sargento da
Brigada Militar concedida havia poucos anos, por parte do Governo do Estado.
Olmira Leal de Oliveira faleceu em 21 de outubro de 1989, em Cachoeira do Sul,
e está sepultada no Cemitério Municipal de Caçapava do Sul.
Na sua terra natal, foi
homenageada com a denominação de uma Rua localizada no Bairro Mercedes, quadra
compreendida entre as ruas Esperanto e Cel. Baltazar de Bem, através de Lei
Municipal nº 054, de 08 de dezembro de 1989. A Brigada Militar de Caçapava do
Sul também homenageou Cabo Toco em 21 de abril de 2007, colocando uma placa em
seu túmulo com uma frase que faz parte da letra da música: ”Entrei de frente na
história e, acredite quem quiser, em vinte e três fui soldado sem deixar de ser
mulher”.
Dia 30 de abril, a Guarda de
Infantaria Farroupilha homenageou Olmira Leal de Oliveira – “Cabo Toco” – in
memoriam, em frente ao “Reducto Farroupilha”, hoje Centro Municipal de Cultura
Arnaldo Luiz Cassol.